RP - IVAN, O TERRÍVEL - PARTE 25

IVAN, O TERRÍVEL

PARTE XXV

No quarto, Mônica ouve o recado de Cláudio com os olhos cheios de água. Wagner segura suas mãos.

- Vai dar tudo certo, cunhadinha. Fica tranquila.

- Meu pai vai me levar pra Londres na terça feira... E ele ainda quer que eu me case com o Miguel, mesmo assim...

- Até lá, você já não vai estar mais aqui. Eu te garanto. Você acha que pode andar sem prejudicar o ferimento?

- Eu não me importo com isso. Qualquer coisa é melhor do que ficar aqui parada sem fazer nada.

- Então fique boazinha e não desobedeça a seu pai. Concorde com tudo que ele disser e espere, certo?

- Está bem... ela diz, abraçando-se a ele.

- Boa menina.

- Como ele está, Wagner? Você já o viu?

- Você não conhece o pai da sua filha? Mas, ele está bem, dentro do possível. Está mais preocupado com vocês do que com ele mesmo. Eu tenho que ir. Ele está me esperando lá embaixo...

- Wagner...

- Oi.

- Eu acho que sei quem atirou em mim.

- Sabe? Quem?

- Tânia...

- O Cláudio me disse, mas esse nome está escrito na minha cabeça desde que eu recebi o telefonema dizendo que você tinha sido baleada. Mas a gente dá um jeito nisso também. Se a gente não der, Deus faz isso. Ainda acho que Ele vai fazer isso primeiro que a gente. É o trabalho dEle, não é? E Ele está com vocês.

Ele toca sua barriga.

- Eu creio que Ele gosta de ficar onde tem criança e tem uma dentro de você. Acredita. Tchau.

- Obrigada por tudo.

Ele sorri e lhe beija a testa, saindo do quarto.

No carro, Cláudio conta ao irmão como se passou sua conversa com Jorge, Jairo e Bárbara.

- Foi como se eu tivesse me apunhalando a mim mesmo... São meus amigos de tanto tempo. Quando eles chegaram à cidade, eu tinha nove anos e eles já fizeram amizade com meu pai. Anos depois, quando doutor Jairo tinha dezoito anos, ele se apaixonou e se casou com uma moça três anos mais velha que ele...

- Ele se casou novinho também como você?

- Pois é... Ela se chamava Lorena, e o abandonou por outro, deixando a Mônica ainda de colo e morreu de câncer, seis anos depois, quando ele se formou médico. Eu o admirava muito. Quando eu fiquei mais velho e ouvia o Jorge contar a história dele pro papai, eu achava incrível que um homem tão novo como ele era, pudesse trabalhar, estudar e criar uma filha, sozinho, sem a ajuda de ninguém. Ele tinha um amor tão grande pela filha que me deixava impressionado. O Jorge foi o único que aceitou o casamento dele com a mãe da Mônica. O pai deles era comerciante em São Vicente e expulsou o doutor Jairo de casa, quando ele se casou com a Lorena, mas ele suportou tudo até o fim. Trabalhou pra pagar os estudos, criou a filha, sozinho, e, em sociedade com o irmão, construiu o Santa Mônica, aqui em Casa Branca, porque tinha intenção de se mudar pra cá pra ficar perto do irmão. O Jorge fez a faculdade de Jornalismo porque, segundo ele mesmo, não conseguia nem ver sangue, mas nunca abandonou o irmão e fez de tudo pra ele realizar seu sonho.

- Que história, cara...

- Eu não posso achar que ele está errado, Wagner. Ele... falou até que é capaz de me matar, se eu não sair da cidade em doze horas.

Wagner balança a cabeça, abominando aquela situação.

- Um médico falando em matar alguém...

- Naquele momento ele era só pai. Mas se ele é zeloso com a filha dele... eu não vou abrir mão da minha filha. Eu já amo esse bebê mesmo antes de conhecê-la e ele não vai me impedir de ver minha filha.

- Ele vai acabar aceitando, quando vocês estiverem juntos.

- É direito dele não aceitar...

- Por que você não fica logo lá em casa?

- Porque... eu não sei como meu pai vai aceitar isso. Aliás... eu ouvi a Tânia ligar pra fazenda, antes de sair de lá hoje... Ela conseguiu falar com meu pai?

- Não, ela ligou lá pra casa mesmo querendo falar com ele, mas eu não deixei. Eu imaginei que as intenções dela não eram muito dignas e não chamei o pai.

- Obrigado, de novo... Quer dizer então que meu pai... não sabe de nada ainda.

- Não, quer que eu fale com ele?

- Wagner, você já ajudou e ajuda muito, mas... sou eu que tenho que fazer isso.

- Só quero saber a que horas você vai sair amanhã.

- Depois que sair da fazenda.

- Certo...

Cláudio coloca a mão sobre o ombro do irmão.

- Mas você não vai comigo.

- Isso veremos, Wagner diz, decidido, ainda olhando para a estrada.

- A Mônica vai precisar do seu apoio aqui.

- Eu sei e eu vou estar do lado dela. Só que eu quero saber exatamente o lugar onde você vai ficar. Só isso.

- Eu posso te ligar avisando...

- Não serve.

- Você está se envolvendo demais de novo...

- O problema é meu, ele diz sério, sem olhar para o irmão.

Cláudio encosta-se ao banco e não diz mais nada. O carro para na frente do Hotel Cobalto e Wagner diz:

- Eu venho te buscar amanhã cedo com as tuas roupas.

- Eu tinha feito uma mala e deixei no closet no quarto de hóspedes lá na casa da Luís Gama...

- Roupa sua é o que não falta lá na fazenda. Teu carro está com a Tânia, não é?

- Não, está no estacionamento da Santa Casa.

- Eu trago ele depois. Só que, ainda acho que você não deve sair de Casa Branca.

- E eu não acho que deva ficar.

- Você não acredita que o doutor Jairo seja capaz de... te matar, acredita?

- Se eu ficar, vai soar como afronta e eu não quero afrontá-lo. Eu o respeito muito ainda e não quero que ele sinta mais ódio de mim do que já está sentindo. Não quero fazer uma guerra nem com ele nem com ninguém. Eu só quero a Mônica e a minha filha do meu lado, só isso.

Wagner tamborila os dedos no volante e respira fundo.

- Falô!

- Tchau, maninho, diz Cláudio colocando a mão sobre seu ombro e o atraindo para si.

Os dois se abraçam. Wagner recomenda:

- Sem encucar, tá? Vê se dorme. Tchau.

Cláudio desce do carro e Wagner espera que ele entre no hotel e depois põe o carro em movimento. Chega à fazenda, pouco antes da meia noite. Todos estão dormindo e ele também vai para seu quarto. Troca-se, deita-se, mas não consegue dormir. Sua cabeça está a mil imaginando o que vai fazer no dia seguinte!

RETORNO AO PARAÍSO – IVAN, O TERRÍVEL

PARTE 25

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 13/04/2018
Código do texto: T6307134
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