RP - EXÍLIO - PARTE 1

RETORNO AO PARAÍSO

EXÍLIO

PARTE 1

Na manhã seguinte, já de pé, às cinco horas, Wagner faz uma mala de roupas básicas para Cláudio e vai ao hotel apanhá-lo e o leva para Quatro Estrelas. Apenas Leonardo, Magda e Matilde estão acordados, além dos empregados que vão cuidar do gado. Quando desce do carro, Cláudio vai direto à casa de Lopes, antes de entrar na casa grande. Lopes o recebe com amizade.

- Tão cedo por aqui, doutor? Bom dia!

- Bom dia, Lopes. Vim ver se está tudo bem com seu garoto.

- Eu vou levar os dois pro hospital, como falei ontem pro senhor. Entre, por favor. A Carolina está no quarto preparando o menino.

Cláudio vai até o quarto do casal, onde Carolina veste o filho sobre a cama. Ela sorri quando ele entra.

- Bom dia, doutor.

- Bom dia, Carolina.

Ele senta na cama ao lado do menininho e pede:

- Eu posso segurá-lo?

- Claro, por favor...

Cláudio pega o menino nos braços com cuidado.

- Ontem, não deu pra ter muita certeza, mas ele se parece muito com você, Carolina.

- Nós queríamos que o senhor o batizasse, doutor.

Cláudio, emocionado, fica sério. Lopes entra no quarto.

- Seria uma grande honra pra nós dois, ele concorda.

Depois de algum tempo olhando para o rostinho do bebê em seu colo, Cláudio lamenta:

- Eu acho... que isso não vai ser possível... apesar de eu querer muito. A honra seria minha, mas... eu estou saindo de Casa Branca hoje.

- Saindo? - Lopes pergunta preocupado.

- O senhor vai viajar? - pergunta Carolina.

- Vou e... não sei se volto... Eu sinto muito. Eu adoraria ser o padrinho dele, mas... a minha vida vai ficar meio sem rotina daqui em diante. Eu não posso aceitar o convite, mas muito obrigado pelo carinho.

- Isso... tem alguma coisa a ver com aquilo que o senhor me falou ontem? - Lopes pergunta.

- É, Lopes. É isso mesmo.

- Eu custei a aceitar. Não queria acreditar no que achei que tinha entendido, mas o senhor deve ter tido bons motivos pra ter feito o que fez.

- Não sei se há justificativa, mas... depois de ter visto o filho de vocês nascer nas minhas mãos... eu acho que tudo ficou tão válido que... eu não conseguiria me arrepender do que eu fiz.

Ele olha para o bebê que olha para ele também, meio confuso, segurando seu dedo e apertando-o com força.

- Isso paga qualquer pena. Eu quero essa felicidade pra mim também... e ela está dentro da Mônica.

Cláudio beija as mãozinhas do bebê e o devolve à mãe, saindo do quarto. Lopes o segue.

- Pra onde o senhor vai?

- Não sei ainda, Lopes.

- Precisa de alguma coisa?

- Não, de nada, obrigado. Aliás... preciso sim. Você podia... selar o Diamante pra mim? Eu quero montar nele uma última vez antes de ir embora.

- Claro, doutor. Vou fazer isso já.

Lopes sai da casa e vai para a cocheira, voltando minutos depois com o cavalo branco já encilhado. Cláudio segura as rédeas e fala com o animal.

- Oi, garoto, estava com saudades de mim?

- Ele deve estar sim.

- Eu preciso de um outro favor seu, Lopes. Eu vou falar com o meu pai agora. Vou contar a ele antes de ir embora. Ele vai precisar muito de um amigo. Fique do lado dele, quando ele precisar. Como você sempre fez.

- Sem dúvida, doutor. Não precisava nem pedir.

- Vai, leva o seu filho e a sua mulher pro hospital. Talvez ele volte hoje mesmo. É um garoto forte e saudável, mas não custa nada dar uma olhadinha mais segura... nos dois. A Carolina vai ter mais assistência lá.

- Doutor, eu... queria que o senhor me desse uma outra permissão...

Carolina se aproxima deles e Lopes segura a mão dela.

- Que permissão?

- Eu e Carolina queríamos colocar seu nome no nosso filho...

- Permissão?

- É... Já que o senhor não vai poder ser padrinho dele... ela fala, emocionada. – Queríamos que ele se chamasse Cláudio José Lopes.

- Mas eu não tenho que dar permissão nenhuma. Se vocês fizerem isso... só vão me deixar muito honrado e feliz.

- Obrigado, doutor, e... boa sorte.

- Sou eu que tenho que agradecer, Lopes. Obrigado por tudo.

Eles apertam-se as mãos e Cláudio monta em Diamante, que segue na direção do pasto a galope, como se soubesse a intenção dele.

RETORNO AO PARAÍSO – EXÍLIO

PARTE 1

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 14/04/2018
Reeditado em 05/11/2020
Código do texto: T6308057
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