RP - EXÍLIO - PARTE 3

EXÍLIO

PARTE 3

Diana se levanta e olha para o irmão com uma pequena ruga de estranhamento na testa.

- A Mônica? Mas ela não está com o nenê do Wagner na barriga?

- Não é do Wagner, Diana.

Ela pensa por um momento e sua respiração vai ficando difícil.

- É... seu?

Ele não consegue confirmar, mas ela deduz a resposta. Ao ver o ar de decepção no rosto da irmã, Cláudio começa a chorar mais ainda. Revoltada, Diana solta a mão dele e grita:

- Você mentiu pra mim! Você também me enganou! Você é mentiroso como o Wagner! Eu odeio você!

Ela sai correndo e dá de encontro com o pai com quem se abraça. Cláudio se abaixa, apoiando a cabeça nos braços.

- Vá lá para dentro, filha, diz Leonardo. – Eu preciso conversar com seu irmão.

Cláudio se ergue lentamente e olha para o pai. Diana corre na direção da casa. Leonardo se aproxima lentamente do filho.

- Não foi necessária nem a vingança do velho Russel pra acabar comigo... Muito pelo contrário. Perder a fazenda pra quem quer que fosse... não ia me deixar mais decepcionado do que eu estou agora... Eu perdi você também...

- Você fala isso por causa do seu filho... ou por causa do médico de Casa Branca?

- Pra mim são a mesma pessoa.

- Não, não são. Você criou seu filho até os dezoito anos... depois ele se tornou um poço de qualidades.. e de mentiras... e você se acostumou com elas.

- Mentiras? Eu pensei que você fosse assim por sua própria vontade.

- E era... Era porque você era o centro de todas as minhas vontades. Eu nunca fazia nada sem antes pensar em você. Eu adorava ver você satisfeito com o que eu fazia. E eu nem mesmo sabia por quê. Comecei a entender isso agora. Eu te admirava somente pelo fato de você ter tido a coragem de me confessar coisas... que normalmente um pai nunca diria a um filho de quatorze anos. Você se abriu comigo de uma forma tão verdadeira... tão bonita... Me contou seus erros e... eu passei a confiar em você... Mas eu percebi que você se acostumou também... e daí em diante... do meu casamento em diante... eu já não sabia mais... cometer erros. Isso era uma coisa inconcebível, no meu modo de pensar. Eu tinha certeza de que isso... iria te decepcionar muito. Antes, eu fazia questão de fazer as coisas certas... depois... eu não me permitia mais errar... E a minha melhor amiga... se transformou no meu maior erro, meu primeiro grande erro. O que pra você, Jorge, Bárbara parecia ser o início da felicidade, pra mim era o fim.

- Tânia... Você não ama Tânia...

- Amei... mas não do jeito que vocês queriam que eu amasse.

- Então por que não disse?

- Eu queria te ver feliz... e você ficou muito feliz quando eu me casei com ela... mas a vida foi me levando pra outro lado... Eu nunca fui apaixonado pela Tânia... E não planejei... mas me apaixonei... de verdade... pela Mônica...

- Uma menina de dezessete anos... Uma criança...

- Meu primeiro grande acerto... O que pra vocês agora parece ser um crime... pra mim é a coisa mais bonita que me aconteceu em oito anos.

Leonardo sai da porta onde havia ficado esse tempo todo e vai para perto do fardo de feno onde Diana estava e se senta nele, parecendo extremamente cansado.

- Eu sei que decepcionei todo mundo, mas não posso voltar no tempo, pai. Eu vou ter um filho... com a única mulher que eu amei... a minha vida inteira. E já fui até ameaçado de morte por isso pelo pai dela, mas se eu não conseguir tê-la do meu lado... aí sim, você perdeu um filho porque... eu não quero continuar vivo sem ela. No momento, ela e meu filho são as únicas coisas que eu tenho e que me mantém vivo... Mas eu preciso que você... me perdoe, pai... por favor.

Leonardo olha para o filho por algum tempo, se levanta e se aproxima dele.

- Eu não posso acusá-lo por ter feito o que fez... mas não posso... não consigo aceitar.

- Eu não te peço que aceite, mas também não quero que você me acuse. O que a Diana disse já doeu bastante e está ardendo dentro de mim até agora. Eu vou... sair da sua vida. Só vim... dar uma satisfação e me despedir. Você merece isso e eu te agradeço por tudo que fez por mim. Lamento que não tenha valido a pena.

- Tudo que eu fiz por você valeu a pena, Cláudio...

Cláudio fecha os olhos e baixa a cabeça.

- Por isso dói tanto ouvir tudo isso da sua boca. Eu o amo demais, filho.

- Então... você me perdoa?

Leonardo respira fundo.

- Agora eu entendo... porque o seu irmão me disse que ia me cobrar as coisas que eu falei na primeira conversa que a gente teve depois que ele voltou da Inglaterra...

- Que coisas?

- Se eu perdoaria algum de vocês... se fizessem o mesmo que eu fiz quando jovem. Agora eu entendo o que ele queria dizer. Ele já sabia de tudo isso, não é?

Cláudio confirma, balançando a cabeça.

- Ele esteve do meu lado todo tempo.

Leonardo percorre o rosto do filho com os olhos e toca seu rosto.

- Espero que você não repita o que eu fiz e... ame e respeite essa garota mais do que eu amei e respeitei sua mãe...

Cláudio coloca a mão sobre a do pai.

- Eu a amo... Amo muito.

Leonardo coloca as duas mãos sobre os ombros do filho e o puxa para mais perto de si, abraçando-o. Cláudio o abraça apertado como se aquele fosse o último abraço que lhe daria em muito tempo.

RETORNO AO PARAÍSO – EXÍLIO

PARTE 3

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 15/04/2018
Reeditado em 05/11/2020
Código do texto: T6308947
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