RP - EXÍLIO - PARTE 18

EXÍLIO

PARTE 18

- Está chamando minha filha de burra? - Bárbara perguntou.

- Não, não é isso, tia, diz Mônica. - É que... ela sempre teve outros interesses. Sempre foi muito... egocêntrica e... mimada por você e o tio Jorge... Não combinava com ele.

- Do que você entende disso?

- Nada, não entendo nada. Você perguntou, eu estou só respondendo. É só o meu ponto de vista... e era o dele também. A gente conversava muito nos dois anos em que trabalhamos juntos. Ele aos poucos começou a se abrir comigo e... reclamava das atitudes até certo ponto egoístas dela em relação a ele e às outras mulheres que se aproximavam dele. O ciúme exagerado sem motivo. Tânia não podia querer um marido mais fiel que ele. Foi por isso que eles brigaram, na noite em que... ele me disse que me amava e que... ficamos juntos.

- Posso te fazer uma pergunta... bem indiscreta?

- Claro, tia...

- Você era virgem?

Mônica não responde de imediato.

- Se não quiser responder, não precisa...

- Era... Eu era sim.

- E como...

- Eu o amava... e confiava nele como em mim mesma. Como amo e confio agora. Eu nem cheguei a pensar muito nisso na hora, mas falei pra ele. Ele foi... extremamente delicado comigo e chegou a me perguntar se eu estava certa do que estava fazendo. Se era aquilo mesmo que eu queria. E eu estava. Eu o amo demais e esperava por isso. Não me arrependo de nada. Eu queria isso há muito tempo... Mas eu não era a única que percebia que ele não gostava mais da mulher.

- Não?

- Não. O Wagner sabe desde antes do casamento. O Miguel também sabe há muito tempo.

Bárbara se senta numa cadeira, desolada.

- Então ele nunca a amou.

- Ele não sabia que não a amava, quando se casou com ela. Era muito jovem. Pelo pouco que eu sei e pelo que ele me contou, eles foram muito amigos, mas foi só isso. Eles só se gostavam muito e isso fez todo mundo pensar que havia amor entre os dois. Foi isso que aconteceu. Acho que Tânia deve tê-lo amado de verdade. Se não amasse, do jeito que ela é, não teria se casado.

- Nós todos provocamos um desastre.

- Não seria um desastre, se ela entendesse que o casamento se desgastou com o tempo. Tânia se acostumou tanto em ter o marido perfeito do seu lado que não admitia perdê-lo porque achava que nenhuma outra mulher tinha direito a ele. E quando começou a prendê-lo, acabou por perdê-lo de vez.

- E você saiu ganhando com tudo isso.

- Eu só o respeitava como homem e como médico, tia. Coisa que ela não fazia. Eu não forcei nada.

- Mas também não o ajudou a pensar nas consequências... antes de fazer essa loucura.

- Eu estava apaixonada. E não acho que foi loucura. Me desculpe, tia, mas se isso não tivesse acontecido agora, iria acontecer mais tarde. Se Tânia não o matasse antes... como tentou fazer comigo.

Bárbara se levanta. O tom calmo com que Mônica falou feriu seus sentimentos.

- Minha filha não tentou matar ninguém, Mônica.

- Me desculpe novamente. Eu não devia ter dito isso.

- Você pode provar que foi ela? Se puder, fale. Aí, eu te darei razão.

- Não, tia. Eu não posso provar, mas tem muita coisa errada em tudo que está acontecendo desde ontem. E, infelizmente, eu não posso fazer nada pra solucionar, mas a verdade vai vir à tona. O Cláudio não fez nada do que estão dizendo.

- Por favor, não acuse minha filha, Mônica. Pelo bem da nossa família... e do seu filho que, querendo ou não, já pertence a ela.

- Agora eu quero lhe fazer uma pergunta.

- Faça.

- A senhora acredita sem hesitação que o Cláudio seria capaz de fazer tudo que a Tânia diz a respeito dele?

- Eu não sei... Está tudo muito estranho. Ela não quis dizer por que eles brigaram, só afirma que tudo que disse é verdade, que ele a espancou e atirou nela em seguida... O corpo dela está cheio de marcas muito feias. Não há dúvida de que ela foi muito agredida e eu e Jorge deixamos os dois sozinhos em casa antes de vir ver você aqui no hospital.

- E só isso já é uma prova?

- Não estou dizendo que é, mas é um ponto contra ele. Ele mesmo me confessou dias atrás que não amava mais minha filha. Como você acha que Tânia conseguiria arranjar aquelas marcas? Batendo em si mesma?

- É uma possibilidade...

- Você não sabe o que está dizendo, menina.

- Ela não está bem, tia. Está descontrolada, confusa, perdida... Pode ter ficado com muita raiva depois de discutir com ele e, no desespero, pode ter provocado ferimentos em si mesma. Cláudio consegue com muita facilidade ficar tranquilo nas situações mais difíceis e isso, pra quem está querendo discutir, chega a ser irritante.

- Só um louco faria isso, Mônica, e minha filha não está louca!

- Eu não disse que está, mas ela não está bem e precisa de ajuda profissional. Ela não aceita a ideia de perder Cláudio e isso a deixou muito abalada. Tânia precisa de um tratamento médico especial. E já faz algum tempo. Ele também percebeu isso, só não disse a vocês porque tinha medo de vocês não acreditarem nele...

- Quer saber... loucos estão vocês dois. Eu não quero ouvir mais nada.

Bárbara sai do quarto, nervosa.

RETORNO AO PARAÍSO – EXÍLIO

PARTE 18

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 20/04/2018
Reeditado em 05/11/2020
Código do texto: T6313744
Classificação de conteúdo: seguro
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