RP - EXPEDIÇÃO BANDEIRANTES - PARTE 5

EXPEDIÇÃO BANDEIRANTES

PARTE 5

Mônica e Salomão almoçam juntos um arroz com feijão, mandioca cozida com picadinho de carne de frango. Quando terminam esse almoço simples, ela o ajuda a lavar a louça.

- Você nem quis saber por que o Wagner me trouxe pra cá. Por quê?

Salomão pega os pratos e talheres já lavados e coloca tudo numa tina no canto da cabana para secarem.

- Porque eu já sei, ele diz calmamente.

- Sabe?

Ele se volta para ela e olha para sua barriga.

- Pra quando é a criança?

Mônica coloca a mão sobre a barriga e responde:

- Maio do ano que vem.

- Já tem nome pra ela?

Mônica se arrepia inteira. Como ele poderia, sem nunca tê-la visto, saber que ela está esperando uma menina.

- Como... Não... ainda não...

- Vou apanhar um pouco d’água. Pode se deitar um pouco na cama, se quiser.

Salomão sai e ela, ainda sob o impacto daquela emoção, vai deitar-se. Ajeita o travesseiro sob a cabeça e sente algo diferente debaixo dele. Levanta o travesseiro e vê debaixo dele um livro muito velho. “O velho e o mar” de Ernest Hemmingway. Pega o livro e abre em uma página qualquer. Encontra uma fotografia já amarelada de uma menina. Olha o verso da fotografia e vê escrito em letra cursiva muito bonita o ano 1947. Está ainda olhando para a foto, quando Salomão entra na cabana. Ao vê-la com o livro e a foto na mão, uma ruga profunda aparece em sua testa. Ele coloca o jarro de água sobre a mesa e se aproxima dela, tirando o livro e a foto de suas mãos, colocando tudo no mesmo lugar de antes.

- Desculpe. Eu não quis ser intrusa. Eu queria me deitar e senti o livro debaixo do travesseiro...

- Não tem nada.

- A garota é alguma coisa sua?

- Não... Eu achei o retrato boiando num rio há muito tempo atrás... Eu não tenho parentes.

- Eu já li esse livro... Você leu?

- Muitas vezes... É o único que eu tenho.

- Por quê?

- Foi o único que eu ganhei.

- Ganhou? De quem?

- Do filho mais velho do Leonardo...

- Do Cláudio?

- É... Ele tinha... dezessete anos quando me deu. Casou alguns meses depois e foi embora da fazenda. Era o único que me visitava.

Mônica sorri.

- Quer um pouco d’água? - Salomão pergunta.

- Quero sim.

Ele a serve com uma caneca de água e sugere:

- Procure descansar, dormir um pouco. Eu preciso sair um instante.

- Vou fazer isso.

- Fique à vontade. Eu não demoro. E... não tenha medo. Você está segura aqui.

- Obrigada, Salomão.

O velho sai e ela se deita novamente, fechando os olhos e procurando relaxar.

Wagner chega à fazenda muito agitado, por ter acabado de tirar Mônica de sua zona de conforto. Ele realmente fez tudo que tinha planejado no sábado anterior, mas quando isso se torna realidade, a sensação é de frio na barriga. Agora ele não tem como voltar atrás sem estar verdadeiramente implicado. Tirou de casa a filha do homem que mais teme desde criança: doutor Jairo Telles. E a sensação é ainda pior do que se a tivesse engravidado.

Antes de sair de casa para se encontrar com Mônica, ele ligou para Beto e convocou a turma toda para uma reunião na fazenda, diante da capela. Ao chegar lá, desce da moto e vai se unir a todos que estão sentados nos degraus da capela. Senta-se do lado de Linda, o que deixa Janete nada satisfeita.

- Qual é o grilo desta vez? - Beto pergunta.

- Nenhum, eu só queria agradecer a todo mundo por terem me ajudado a resolver o caso do atentado contra a vida da Mônica. Obrigado mesmo.

- Só isso? - Leo pergunta. – Você chamou a gente aqui só pra agradecer?

- Você disse no telefone que a Mônica ligou pra você aflita e vem dizer pra gente que não tem nenhum grilo? Quer só agradecer a gente por isso? Qual é? Não entendi. Podia fazer isso por telefone mesmo.

- Ela não me disse que não tinha nenhum grilo. Eu é que estou dizendo isso.

- Então tem, diz Guto. – Quando você faz essa cara e diz que está tudo bem...

- Desembucha, Wagner, fala Leo.

Wagner faz um pouco de suspense, olhando para cada um dos amigos e diz:

- Eu estou com vontade de... acampar esta semana.

Ninguém entende nada.

- Acampar? - Leo pergunta.

- É.

- Não bateu, cara. Fiquei na mesmíssima, diz Beto. – Quer fazer o favor de ligar os fios? Que é que tem a ver uma coisa com a outra?

- Acontece que eu quero acampar... na estrada... em plena Bandeirantes.

Uns olham para os outros, abismados.

RETORNO AO PARAÍSO – EXPEDIÇÃO BANDEIRANTES

PARTE 5

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 24/04/2018
Código do texto: T6317451
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