RP - EXPEDIÇÃO BANDEIRANTES - PARTE 11

EXPEDIÇÃO BANDEIRANTES

PARTE 11

Leonardo se senta numa cadeira ao lado e olha para o céu.

- Suas terras são muito bem cuidadas, elogia Gart. - É difícil imaginar uma fazenda de gado leiteiro tão limpa e tão... acolhedora.

- Eu sempre cuidei bem de tudo aqui, mas depois que as minhas filhas nasceram, fiz questão de que ela fosse um lugar em que elas pudessem brincar e correr por aí sem ficar pisando em sujeira de vaca. Tudo é cercado, justamente por isso. Vaca é no pasto e no cercado delas. Aqui, só gente. Cada coisa no seu lugar.

- Mas deve dar muito trabalho cuidar disso tudo.

- Dá um pouco, mas eu tenho um pessoal muito bom no que faz e que trabalha com amor. É muito compensador trabalhar o dia inteiro debaixo do sol quente e, à tardinha, voltar pra casa e ver o pôr do sol que queimou a gente, avermelhando o céu inteiro. Ver esse céu depois ficar cheinho de pingos de luz em cima da cabeça da gente... Dá até vontade de dormir aqui fora, no terreiro. Eu fazia muito isso quando era mais novo. Agora o corpo não deixa mais.

- Eu compreendo. Nunca tinha visto um céu como esse... cheio de pingos de luz, como o senhor diz. Pra ser mais claro, nunca tinha nem reparado do céu. Nunca vi um por esse prisma.

- Lá na sua terra não tem céu? - Leonardo pergunta com um sorriso sutil.

Gart ri.

- Dizem que tem em todo lugar... mas eu nunca vi o da Inglaterra como estou vendo este. Mas o senhor já esteve lá, não esteve?

Leonardo demora um pouco para responder e olha para o céu.

- É... já estive sim. Há muitos anos... muitos mesmo... E, me desculpe dizer... mas não trouxe boas recordações de lá.

- O que o decepcionou? O lugar ou as pessoas?

Leonardo olha para ele subitamente e responde:

- Os dois.

- E quem o decepcionou mais? O lugar ou as pessoas?

- Algumas pessoas... O lugar não tem culpa das pessoas que habitam nele. Isso também não quer dizer que não tenha gostado de todas as pessoas. Não gostei das que conheci da época. Mas o senhor veio tirar metade dessa minha cisma contra os ingleses.

- Não me chame de senhor. Eu sou... ou fui... seu cunhado, mesmo sem ter vivido isso. O senhor foi casado com a minha irmã...

Leonardo pensa naquele fato e procura não prolongar o assunto.

- Pois é... Mas você não parece ser de lá, a não ser pelo sotaque. E como fala muito bem nosso idioma, ele é o de menos. E eu ainda não lhe agradeci por ter salvado meu filho da prisão...

- Agradeceu sim, na delegacia.

- Não foi suficiente. É muito raro ver uma pessoa que não tem nada a ver com um problema, se arriscar do modo como você se arriscou, pra salvar um desconhecido.

- O doutor Cláudio não é um completo desconhecido. Pelo pouco tempo que eu estive com ele, percebi que ele é um homem de caráter e é inocente da maioria das coisas de que o acusam.

- Ainda assim, obrigado. Só Deus lhe paga.

- Eu não faria o que fiz, se não achasse que ele merecia.

- Como ou com quem você aprendeu a falar tão bem nossa língua?

- Parte com Linda, parte... lendo muito, pesquisando, estudando. Ouvindo música brasileira. Como guarda-costas de Mr. Russel, eu tinha que estar sempre bem informado. Ele fazia questão disso.

- Quando eu o conheci, ele ainda não tinha guardas de segurança, apesar de já ser muito rico.

- Ele enriqueceu duas vezes mais, depois que o senhor o conheceu. E, claro, envelheceu também... Ficou sozinho... e precisou de guarda costas pra ajudá-lo a proteger tudo aquilo.

- E, naquela época, eu já achava que ele tinha uma fortuna fantástica.

- Fortuna que agora é do Wagner.

O rosto de Leonardo se entristece.

- Inclusive essa fazenda... ele mesmo diz.

- É justo, não? Deveria ser da mãe dele.

- É... É justo sim. Mais do que justo.

- E... o senhor tem alguma objeção a esse respeito?

- Objeção nenhuma. Ele é meu filho... e eu não posso fazer nada sobre isso ainda. Só tenho receio do que isso possa fazer dentro da cabeça dele...

Depois de um instante de silêncio, Leonardo sugere, com um sorriso:

- Vamos jantar?

Os dois se levantam e entram na casa. Nesse momento, Wagner vem descendo as escadas, muito zangado.

RETORNO AO PARAÍSO – EXPEDIÇÃO BANDEIRANTES

PARTE 11

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 26/04/2018
Reeditado em 26/04/2018
Código do texto: T6319287
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