RP - EXPEDIÇÃO BANDEIRANTES - PARTE 16

EXPEDIÇÃO BANDEIRANTES

PARTE 16

Salomão se senta no banquinho perto da porta e enxuga o rosto.

- Seu avô, o velho Wagner, antes de morrer, estava quase falido. Só não estava mais porque a fazenda tinha sido dada a sua mãe, que era neta de um estrangeiro rico que mandou homens de confiança dele fazer perguntas a todo colono e morador de Casa Branca para saber sobre... a vida do seu pai com sua mãe. Alguém aqui ficou sabendo que minha filha tinha tido um filho de Leonardo e contou pra um deles. Quando eu soube que você tinha ido... ficar com seu bisavô no mesmo lugar de onde sua mãe era... eu imaginei que ele quisesse lhe contar tudo de errado que seu pai fez.

- Mas meu bisavô me disse que... a mãe do Cláudio tinha ido com os pais pra São Paulo e que antes morava na cidade, lá em Casa Branca, e não aqui na fazenda.

- Ela não foi com os pais dela, foi com meu filho mais velho e a mulher dele pra São Paulo. Ele não morava aqui. Vivia na cidade. Só veio buscá-la e levá-la embora antes que todo mundo descobrisse sobre o menino. Quem informou não sabia direito a história também. Seu avô Wagner Valle a obrigou a entregar o menino a ele... e o levou pra casa grande pro seu pai cuidar. Lucila não quis mais ficar aqui, depois disso. Não queria ver o filho sendo criado por outra mulher, mesmo que fosse ao lado do pai. Minha mulher tinha morrido pouco tempo antes e eu não podia cuidar dele e dela, só com o dinheiro que ganhava como jardineiro do velho Wagner. Foi a única solução. Só assim, o menino teria uma vida melhor, educação, uma casa... Seu pai cuidou muito bem dele... apesar...

- Apesar...?

- A moça que casou com Leonardo não gostava do menino e ele deve ter sofrido um pouco por isso. Esse foi um dos maiores erros do velho Wagner. Se não fossem as burradas que ele fez, talvez hoje Leonardo estivesse casado com a minha filha. Leonardo não era um mau rapaz. Era só dependente demais do pai. Ele amou minha filha, mas teve que se casar com a estrangeira pra tirar o pai das dívidas.

A cabeça de Wagner dá mil voltas ao ouvir aquilo.

- Dívidas... do meu avô?

- Não foi isso que o velho inglês lhe disse?

- Não... Mais ou menos... Ele disse que eram dívidas feitas pelo meu pai lá em Londres e na França.

- Eram também. Mas toda dívida feita por seu pai não era maior que as dívidas feitas por Wagner aqui no Brasil. Ele se arriscava muito nos negócios e eles nem sempre davam certo. Estava a ponto de perder tudo quando mandou o filho pra lá. Quando Leonardo percebeu que o pai ia perder tudo, teve a ideia de se envolver com a neta do velho e provocá-lo. Felizmente tudo deu certo. Pra não deixar a neta desamparada, depois que se casou fugida de lá com seu pai, ele comprou as dívidas, recebeu a fazenda como troca e... imagino que agora tudo seja seu, não é?

Wagner se levanta e dá alguns passos pela cabana, entre abismado e surpreso, e começa a rir, por saber que seu pai não era nada daquilo que seu bisavô pensava, enganado também.

- Você não sabe como me deixou feliz agora, Salomão. Só de pensar que meu pai não fez nada daquilo por pura malandragem... me deixa muito satisfeito e aliviado. Muito obrigado.

Ele se aproxima do velho e beija suas mãos.

- Só Deus paga a alegria que você está me dando. Ou melhor... eu vou pagar. Eu vou achar sua filha em São Paulo e vou trazê-la de volta pra você. Pode contar com isso. Pra começar... eu sei que ela está viva.

Salomão esconde o rosto nas mãos e começa a chorar sentido.

- Calma... Você sabe... com quantos anos ela está agora?

O velho se refaz e responde:

- Não sei bem. Talvez, quarenta e três, quarenta e dois... Ela era novinha quando ele nasceu.

- Como a Mônica?

- É, mais ou menos...

- Eu vou encontrá-la pra você.

- Nós vamos, diz Mônica, abraçando o velho mais uma vez.

- Eu quero saber... quando a menina nascer.

- Você vai saber, ela diz, sorrindo. – Eu queria que você... abençoasse nós duas e todo mundo que vai com a gente nessa viagem.

- Nós vamos procurar seu neto, diz Wagner.

Salomão olha para os dois e toca a barriga de Mônica fazendo o sinal da cruz sobre ela. Depois faz o mesmo na testa dela e na de Wagner.

- Vão com Deus. Que ele os abençoe...

- Amém. Tchau, Salomão.

Os dois saem da cabana e Wagner tem uma surpresa ao ver, além de Leo e Guto também Laura e Dina.

- Uau! Que milagre vocês fizeram pra conseguir essa façanha de arrancar suas mulheres de casa? Porque só pode ser milagre mesmo. Vocês não são tão irresistíveis assim.

As duas levantam as mãos direitas e mostram as alianças brilhando nos dedos.

- Só podia ser milagre de Nossa Senhora das Dores mesmo.

- A moda pegou, diz Dina. – Com o namorado, a gente não podia ir, mas com o noivo, a coisa muda de figura.

Wagner começa a rir da cara lavada dos dois recém-noivos e, cruzando os braços, diz:

- Muito bem. Estou vendo que só eu vou sobrar nessa festa. Meus melhores amigos vão se tornar homens sérios. Até você, Leo?

- E eu até vou comprar a primeira peça do enxoval em São Paulo, diz Laura.

- O quê, Laurinha?

- Um rolo de macarrão.

Todos riem.

- E a Janete? - Wagner pergunta.

- A gente viu ela na praça da matriz. Ela vai ficar esperando pela gente lá.

- Ok. Vamos indo. São Paulo... aqui vamos nós!

Eles apanham Janete no centro da cidade e o Peugeot fica lotado. Gart na direção, Linda a seu lado no banco do passageiro e no banco de trás Janete, Diana e Mônica. Os noivos vão cada um nas respectivas motos. Dina com Guto na garupa. Wagner vai em sua moto.

A comitiva segue na direção da saída da cidade.

RETORNO AO PARAÍSO – EXPEDIÇÃO BANDEIRANTES

PARTE 16

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 28/04/2018
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