RP - SÃO PAULO - PARTE 1

RETORNO AO PARAÍSO

SÃO PAULO

PARTE I

O Peugeot preto de Wagner estaciona numa praça, logo que a comitiva chega à Barra Funda. As três motos vão estacionando atrás dele. Wagner desce da moto e encosta-se no carro, observando o local onde fervilham pessoas ocupadas com seus afazeres diários.

- E agora? Pra onde vamos? - Leo pergunta.

- Você nunca esteve em São Paulo?

- Não. Meu negócio é o no norte do Estado. Rio Pardo, Ribeirão Preto... no máximo Mococa e de vez em quando Minas.

- Também nunca estive aqui não, diz Guto, sentando-se no meio fio, se abanando com a luva que Dina lhe deu pra segurar. – Meu negócio é Casa Branca mesmo. Que calor desgraçado!

- Casa Branca também é quente. Que frescura. A gente está no verão.

Mônica, Diana e Linda saíram também do carro e esperam. Cada uma com uma garrafinha de água na mão. Dina e Laura descem das motos e se juntam a elas.

- Se muito não me engano... eu acho que estamos na Barra Funda.

- Acha?

- Eu vi uma placa lá atrás...

- Eu acho... que estamos perdidos, isso sim, diz Guto, rindo em seguida.

- Quer calar a boca, Guto? - ralha Wagner. – Eu sei o que eu estou fazendo. Se não vai ajudar, não atrapalha.

- Onde seu irmão está exatamente? - Leo pergunta.

Wagner coloca o braço para dentro do carro e tira o transmissor de dentro do console.

- Aqui.

Ninguém, além de Linda, entende nada. Wagner estica a antena e chama pelo irmão:

- Cláudio, está na escuta? É o Wagner.

Depois de meio minuto, Cláudio responde:

- Caramba, que demora hein? Estou esperando por isso desde ontem. Por que você não ligou antes?

Mônica sorri ao ouvir a voz de Cláudio e se aproxima de Wagner.

- Sem bronca, maninho. Tentei ligar ontem, mas você não estava no carro, certo?

- A que horas?

- Dez e pouco...

- Eu já estava no hotel.

- Dormindo?

- Não, pensando em você. Claro que estava dormindo. Eu dirigi o dia inteiro, não aguentava mais olhar pro volante e pensar que eu estava dirigindo do lado direito, enquanto a humanidade toda dirigia pela esquerda.

Wagner ri. Todos estão olhando para ele boquiabertos.

- Que foi? Não tem graça, palhaço, Cláudio diz nervoso.

- Não estou rindo de você. É que tem meia dúzia de... deixa pra lá.

Wagner coloca o dedo indicador sobre a boca, pedindo silêncio para que o irmão não perceba nada.

- Onde você está? Em São Paulo? - Wagner pergunta.

- É, desde ontem.

- Que lugar?

- Na Consolação, conhece?

- Sei, acho que sim.

- Você não está em Casa Branca, está?

- Por quê?

- Estou te ouvindo tão claro que parece que você está na esquina. Na última ligação, não estava tão limpo assim.

- E onde você acha que eu estou?

- Não começa com enigma. Eu não estou nem um pouco a fim de adivinhar nada. Não estou com ânimo pra isso.

- Deixa que eu te curo desse baixo astral, ele diz, olhando para Mônica e passando o braço em volta do ombro dela. – Eu estou em São Paulo também.

- Sério? Onde?

- Na Barra Funda, eu acho...

- Não é tão longe daqui. Está sozinho?

- Estou... - ele mente, ainda pedindo que todos façam silêncio. – Só vim pra ver como você estava.

- Sabe vir sozinho pra cá?

- Não sei se quero arriscar...

- Então... faz o seguinte... Sabe onde é a Praça da Sé?

- Aquela grande, da igreja?

- Isso, no centro da cidade. O marco zero daqui.

- Sei. Já vi pela televisão...

- Me encontre lá, na frente da igreja. Não tem como errar.

- Ok. Onde você passou a noite? No carro?

- Grande piada. Já falei que dormi num hotel. Seu carro pode ser muito espaçoso, mas não cabia meu cansaço.

- Imagino...

- Wagner... e a Mônica?

Ele olha para ela, sorri e brinca:

- Quem?

- Não vem com brincadeira boba, cara. Que mania... Ela já saiu do hospital?

- Já, ontem.

- E ela está bem?

Mônica começa chorar em silêncio, com as mãos unidas diante da boca, escondendo o rosto no ombro de Wagner.

- Acho que sim. Não tenho muita certeza. Correu um boato que ela iria viajar pra Europa hoje.

Ela pede balançando a cabeça que ele não faça aquilo.

- O quê? - Cláudio pergunta.

- Eu não soube de mais nada. Não sei se eles foram ou não. Eu saí de lá hoje cedinho.

Cláudio fica em silêncio.

RETORNO AO PARAÍSO – SÃO PAULO

PARTE 1

OBRIGADA E TENHA UM ÓTIMO DIA!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 30/04/2018
Código do texto: T6322826
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