RP - SÃO PAULO - PARTE 5

SÃO PAULO

PARTE V

Wagner se afasta em seguida. Quando ele já está longe, Cláudio pergunta:

- Que foto era essa?

- Da filha do Salomão... O Wagner vai procurar por ela aqui.

- Filha? Eu nunca soube que o Salomão tinha uma filha.

- Mas ele tem. Ela vive aqui em São Paulo.

- Ele pediu pro Wagner procurar?

- Não foi bem isso... Eu achei a foto na cabana dele, ele me contou quem era e... de alguma forma o Wagner sabe que ela está aqui.

- Interessante. Eu não sabia disso. Mas do Wagner eu espero tudo.

Mônica olha para a igreja matriz e pede:

- Vamos entrar aí? Eu quero agradecer por a gente estar junto.

- Ótima ideia. Eu também estava lá dentro pedindo por isso.

Eles sorriem e se beijam.

Ambos entram na catedral. Mônica chega a se arrepiar inteira com o clima de paz que há dentro dela. Sente como se um grande vazio penetrasse dentro de si e seus olhos se enchem de água. Ela aperta a mão de Cláudio.

Os dois se ajoelham num dos primeiros bancos e agradecem por estar ali juntos finalmente. Ficam lá dentro por quinze minutos que parecem horas e quando saem do lado de fora, a luz do sol chega a incomodar seus olhos.

- Podemos voltar mais vezes aqui? - ela pergunta.

- Quando você quiser. Eu passei quase a tarde inteira ontem aí dentro, pedindo a Deus que trouxesse você pra mim... e você está aqui.

Eles se beijam e descem a escadaria. Entram no carro e vão para o hotel.

Na recepção, ele a registra como sua namorada. Já tinha avisado ao recepcionista que ela viria, então não há maiores problemas.

Já no quarto, ele coloca a mochila e a maleta sobre a cama de casal e ela olha tudo em volta do quarto.

- É gostoso aqui...

- Foi o melhor que eu pude achar às pressas. Eu quero refazer o seu curativo. Se passar muito mais tempo, pode infeccionar.

- Eu queria tomar um banho. Você me espera?

- Claro, é até melhor. Precisa de ajuda?

- Não...

- Lá no banheiro já tem uma toalha limpa e um roupão meu. Fique à vontade.

Ela se aproxima dele e o beija demoradamente.

- Eu ainda não acredito que estou aqui com você.

Cláudio apenas sorri e acaricia seu rosto.

- Eu não demoro...

- Eu... vou ajeitando a cama pra você dormir depois do banho e depois que eu refizer o curativo. Você parece cansada.

- Eu estou sim. A gente acordou muito cedo hoje.

Ela vai para o banheiro e Cláudio fica olhando para ela. Depois respira fundo e começa a preparar a cama.

Retira a colcha e coloca sobre ela dois travesseiros e o cobertor de casal de lã fornecido pelo hotel. Depois pega sua valise com o que será necessário para refazer o curativo e deixa tudo sobre a cama, no jeito mais fácil para ser usado depois.

Ajeita as roupas que Mônica trouxe na mochila, no armário, e coloca a mochila também dentro dele. Abre a maleta e sorri ao ver seu conteúdo. São as roupas do bebê. Começa a manusear cada peça que ela comprou para a filha. As blusinhas, sapatinhos, cueiros e macacõezinhos, tudo muito delicado. Encosta uma das roupinhas no rosto e sorri, beijando-a, emocionado, sentindo o cheirinho gostoso de novo. Em seguida, coloca tudo no mesmo lugar e fecha a maleta, colocando também dentro do armário.

Minutos depois, Mônica sai do banheiro, vestida no roupão e com os cabelos molhados. Fica olhando para Cláudio, sentado na cama esperando por ela, e ele pede:

- Senta aqui do meu lado. Vamos ver como está esse ombro.

Mônica se senta na cama de costas para ele e afasta o roupão, deixando o ombro esquerdo à mostra. Cláudio examina o ferimento e se surpreende.

- É incrível... Está quase cicatrizado. E... você está com um cheiro de... ervas... Não parece remédio de hospital.

- O Salomão fez uma pasta com várias ervas que pegou lá no quintal dele, depois de lavar todas diretinho, esterilizou meu ombro com água boricada e colocou a pasta sobre o ferimento. Antes do banho, eu tirei tudo. Estavam todas secas.

- Acho que agora nem precisa enfaixar como antes. Só um curativo simples já é o bastante. Ele fez um excelente trabalho. Está doendo?

- Não tanto como ontem. Mas eu trouxe os remédios que o Miguel passou pra dor e os antibióticos.

- Vou fazer um curativo seguro, mas que você vai poder até ficar com o braço livre.

- Vai ser ótimo. Estou sentindo falta de movimentar o braço mesmo.

- Faço isso num instante. Fica quietinha.

Ela obedece e fica imóvel. Suspira levemente, sentindo-se segura como há muito tempo não sentia.

Cláudio faz tudo com cuidado e apenas coloca uma gaze firme por esparadrapos nas costas dela.

- Descobriram que fez isso? - ele pergunta, enquanto trabalha.

- O revólver que atirou em mim foi o mesmo que atirou na Tânia... As balas eram iguais... e a arma era do tio Jorge.

Cláudio para, imaginando o que aquilo significa.

- A que meu pai deu pra ele...

- Ela mesma. Essa arma sempre ficou guardada num lugar que só ele sabia no quarto dele e da tia Bárbara. Tânia deve ter procurado e descoberto. Ela esperou o momento certo... que eu voltasse para casa à noite. Esperou a rua ficar vazia e, escondida pelas árvores que existem no canteiro central da Luís Gama, atirou em mim.

Ele respira fundo.

- Eu sabia... Ela disse isso com quase todas as letras quando eu fui à casa do Jorge, depois que saí do hospital. Eles saíram pra visitar você na Santa Casa e eu fiquei com ela. Discutimos de novo e ela falou bem claro que... queria que você tivesse morrido com o tiro. Aí... eu me revoltei e... bati nela...

Mônica olha para ele. Cláudio não consegue olhar em seus olhos. Continua fazendo o curativo.

RETORNO AO PARAÍSO – SÃO PAULO

PARTE 5

OBRIGADA!

TENHA UM ÓTIMO FINAL DE FERIADO!

DEUS ABENÇOE A TODAS AS PESSOAS QUE SOFREM

COM ESSA NOVA TRAGÉDIA URBANA EM SÃO PAULO!

Velucy
Enviado por Velucy em 01/05/2018
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