RP - LUCILA - PARTE 8

LUCILA

PARTE VIII

O carro de Wagner entra na Rua Luís Gama e em segundos está diante da casa de Cláudio. Wagner fica olhando para ela e diz num desabafo:

- A casa mais bonita da rua... abandonada... Isso não é justo.

- Eu queria comprá-la.

- Sério? E por que não compra?

- Ela com certeza pertence à Tânia também e ela precisa autorizar a venda. E, no momento, a coitadinha não está conseguindo nem decidir a roupa que veste. Ela ainda está muito mal. Os dois se casaram em comunhão de bens e tudo que é dele, se houver um divórcio, vai ser dividido em dois.

- O Cláudio sabe disso?

- Acredito que sim.

- Até o carro?

- Acho que, se não me engano, o carro foi presente do seu pai. Acho que ele não, mas essa casa com certeza.

Wagner desce do carro, Magda também e ela se aproxima do portão da casa de Jorge, tocando a campainha. Gina aparece na janela e sorri ao vê-los. Sai no jardim e vem atendê-los.

- Boa tarde, dona Magda.

- Boa tarde, Gina. A Bárbara está?

- Não. Ela está na igreja. Saiu nesse minutinho. Ela vai assistir a missa do galo.

- Ah... claro, ela faz isso todo ano. Eu me esqueci disso, Magda diz, olhando para Wagner.

- Gina... ele diz. – Você tem a chave da casa do Cláudio, não tem?

Lembrando do que já havia passado por causa dele dias atrás, ela responde temerosa.

- Você sabe que a dona Tânia tem ficado aqui na casa do pai. Por que você quer saber?

Magda se adianta:

- Nós precisamos entrar lá pra pegar as roupas do Cláudio. Por favor, Gina.

A moça olha para Wagner, ressabiada, e depois novamente para Magda.

- Eu posso abrir pra senhora, dona Magda, mas... vou ter que entrar junto com vocês.

- Maravilha! - diz Wagner. – É só isso que a gente quer... por favor. Prometo não roubar nada.

- Você sabe que não é isso, Wagner...

- Ele não falou por mal, filha, diz Magda. - Vá pegar a chave. Nós esperamos aqui fora.

Gina entra na casa e Magda ralha com ele.

- Que grosseria, Wagner! A moça está cumprindo a obrigação dela.

- Que é que ela acha que a gente ia fazer na casa do meu irmão? Tirar os móveis?

Magda balança a cabeça em ar de reprovação e vai para diante da casa do lado. Gina aparece logo de volta e abre o portão e a porta da casa. Wagner entra rapidamente e sobe correndo as escadas indo para o quarto do casal.

- Wagner, espere, filho! - pede Magda, preocupada.

- Deixa, dona Magda, diz Gina. – Ele já está zangado comigo. Só espero que ele não faça nada que possa me comprometer. Eu só abri a casa por sua causa. Eu confio na senhora.

- Pode confiar. Só queremos mesmo as roupas do Cláudio.

- A senhora sabe onde ele está?

- Mais ou menos. Sei que está em São Paulo, só não sei o lugar.

- Tenho saudades de quando ele estava aqui com a dona Tânia. Ela não é mais a mesma, coitadinha.

- Eu sei... Também lamento.

Tânia aparece na porta da casa e olha para Magda que congela, assustada.

- Tânia...

A moça não responde, apenas olha para o topo da escada, passa por ela e começa a subir devagar. Magda sente o coração apertado e se preocupa com Wagner. Une as mãos em prece e pede:

- Deus proteja meu filho... e ela, Senhor.

Wagner está já terminando de colocar as roupas de Cláudio numa mala que encontrou em cima do guarda-roupa, quando percebe a presença de Tânia na porta do quarto. Ele fica olhando para ela e espera que ela diga alguma coisa.

- Veio terminar o que você começou? - ela pergunta friamente.

- Só vim pegar as roupas do meu irmão. Afinal de contas são dele ainda. São muito legais, mas não fazem seu estilo.

- Onde ele está? - ela pergunta, com amargura na voz.

Wagner chega a sentir pena dela, mas mente.

- Não sei, Tânia.

- Mentiroso! - ela diz, com uma lágrima escorrendo pelo rosto.

- Você não precisa acreditar em mim. Mesmo que eu te dissesse, o que você ia fazer?

Ela não responde. Wagner começa a procurar dentro do closet uma valise, onde há documentos importantes do casal e da casa e encontra o talão de cheques que Cláudio havia dito para ele que estaria ali. Coloca dentro da mala também e a fecha. Quando ele vai sair do quarto, Tânia, não se move do lugar. Está bem no meio do caminho.

- Dá licença?

Ela não se move.

- Você tem noção do que está levando nessa mala?

Ele não responde, porque sabe a que ela está se referindo.

- Diz pra ele... que eu vou ficar bem, mas que ainda vou dedicar cada minuto da minha vida a acabar com a dele bem devagar. Ele nunca vai ser feliz com ela.

Wagner sente um arrepio percorrer seu corpo inteiro. Tânia se coloca de lado devagar e o deixa passar, mas ele quase não consegue. As pernas não respondem ao que o cérebro quer fazer. Depois de um segundo, ele sai do quarto e desce as escadas correndo e ao passar pela sala, diz:

- Obrigado, Gina. Vamos, mãe.

Magda olha para o alto da escada e espera que Tânia desça, mas ela não aparece. Volta-se para Gina, agradece e sai da casa.

Já no carro, Magda pergunta:

- O que foi que ela disse pra você? Eu fiquei com tanto medo quando a vi subir.

- Não vale a pena nem repetir. De uma coisa eu tenho mais certeza agora: o Cláudio não pode mais voltar pra Casa Branca.

Ele toma o rumo da fazenda, antes passando pela frente da Santa Casa e se assegurando de que o Mercedes de Cláudio ainda está lá. E ele está.

- Amanhã eu venho buscar você, gracinha.

RETORNO AO PARAÍSO – LUCILA

PARTE 8

OBRIGADA E TENHA UMA ÓTIMA TARDE!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 12/05/2018
Código do texto: T6334561
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