RP - UM NATAL ATÍPICO-PARTE 11

UM NATAL ATÍPICO

PARTE XI

Cláudio percebe que Leonardo está cada vez mais nervoso e sente no ar que há mais alguma coisa a se saber ainda.

- Me diga você.

- Se ela não disse... eu não vou dizer.

- Isso é ridículo, pai. Eu não suporto mais tanto segredo. Afinal de contas que jogo idiota é esse que vocês querem fazer comigo? Ela me pareceu mais uma mulher assustada por causa de uma promessa que fez a você e ao meu avô. Ela fugiu de mim desde que ouviu meu nome pela primeira vez e que soube que eu era de Casa Branca. Ela mesma reconheceu que não tinha o direito de me ver de novo depois do que fez.

- E não tem mesmo.

- Por quê!? Eu acho que isso quem tem que decidir agora sou eu, como já decidi. Não há lei no mundo que impeça uma mãe de ver seu filho, por mais grave que tenha sido seu erro. A menos que isso envolva violência física. Se essa lei existe, ela foi feita pelo homem, mas não foi ele que deu a ela o direito de gerar filhos. Portanto essa lei é falha, como muitas coisas que o homem acha que tem direito de fazer, mas não tem. Ela já me viu e agora? O que acontece agora, pai? Você vai abrir um processo contra ela por danos morais? Quer maior dano moral do que o que você fez contra ela? Ela tinha dezesseis anos quando eu nasci!

- Sua Mônica tem dezessete. Gerou seu filho com dezesseis também.

Cláudio respira fundo e fala, contendo-se:

- Não me compare com você. Eu estou com a Mônica e vou criar minha filha com ela. Não é nem um terço do que você fez. Você me criou, mas e ela?

- Eu a fiz prometer isso, depois de você ter nascido... Três anos depois...

- Que outra promessa, meu Deus? Termina logo com isso, por favor.

- Foi uma promessa muito diferente da que ela fez ao seu avô. Ele só a fez prometer que não nos importunaria mais, pedindo você de volta. Ele a obrigou a entregar você, no que eu fui contra, mas... na época eu não mandava nem em mim mesmo. Tinha quase vinte e três anos e era tratado como um moleque de dez. Meu pai não dava valor a nada do que eu falava ou fazia. Mas numa coisa ele estava certo, ela não conseguiria criar você sozinha. Lucila não trabalhava. Era muito... jovem e não conseguiria um emprego tendo uma criança de colo pra cuidar. E ela mesma tinha consciência disso, por isso não foi difícil pro meu pai conseguir o que queria. As coisas mudaram muito depois que ele morreu. Mesmo ainda casado com Christy, eu procurei por ela depois de algum tempo, mas nem o pai sabia do seu paradeiro.

- Salomão...

- É... diz Leonardo, com um suspiro dolorido. - Dois meses depois de você ter completado dois anos, ele recebeu uma carta do filho que dizia que ela tinha saído da casa dele e que não sabia onde ela estava.

- E por que você não a procurou?

- Espera... Eu procurei!

Leonardo passa as mãos no rosto.

- Christy não gostava de você... Você se lembra disso...

- Não conseguiria esquecer mesmo que quisesse.

- Eu não tinha domínio de nada mais. Principalmente depois que você veio pra cá. Meu pai usou você como punição pra nós dois, por tê-lo enganado e Christy me odiava também por isso e não me atendia em quase nada do que eu queria. Eu tinha medo que ela perdesse a cabeça e... machucasse você ou coisa pior. Por isso, pra preservar você, eu decidi procurar sua mãe pra... devolver você pra ela. Era preferível isso a ver... você sofrer nas mãos de uma mulher que tinha um ódio mortal por você. Ela só não te batia, tinha medo de mim... mas te hostilizava...

As lágrimas rolam pelo rosto de Cláudio, mas ele ouve tudo impassível.

- Você achou a Lucila?

- Achei... mas gostaria de nunca ter achado...

- Por quê? Onde ela estava?

Leonardo não responde imediatamente. Nem ao menos consegue olhar para o filho.

- Ela tinha arrumado um... emprego, mas não era como empregada doméstica. Não era tão digno assim... infelizmente.

Cláudio adivinha a respeito do que o pai fala.

- Eu posso... pensar no pior?

Leonardo confirma baixando os olhos. Cláudio se levanta e cruza as mãos atrás da cabeça saindo de perto dele e se aproximando da janela do quarto. O coração parece que vai explodir de dor. Leonardo continua:

- Foi por isso que eu a fiz prometer pela segunda vez que nem mesmo tentaria rever você. Caso contrário, diria a você quem ela era e a vida nojenta que levava. Naquele instante, eu decidi que pra mim e pra você ela estaria morta, se um dia eu resolvesse te contar a verdade.

- Eu não acredito... diz Cláudio. – Não é possível que aquela mulher que eu conheci em São Paulo... tenha sido...

- O irmão dela morreu quando descobriu. Ele ficou todos esses anos sem saber disso. Nem Salomão sabe.

- Mas ela não é nada disso agora! Poderia ter continuado depois da morte do irmão, mas não o fez. É óbvio que ela se arrependeu... Ela se reergueu, não foi?

- Uma mulher desse tipo nunca se reergue, filho.

- Mas ela se reergueu! - Cláudio grita, voltando-se para o pai. – Caso contrário não estaria morando na casa da Karen agora. Ela não aceitaria em sua casa uma mulher que vivesse uma vida assim.

Cláudio senta-se novamente ao lado do pai e esconde o rosto em seus joelhos, chorando muito. Leonardo acaricia os cabelos do filho, penalizado.

RETORNO AO PARAÍSO – UM NATAL ATÍPICO

PARTE 11

OBRIGADA PELA COMPANHIA!

BONS PENSAMENTOS NOS ACOMPANHEM!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 19/05/2018
Reeditado em 19/05/2018
Código do texto: T6340500
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.