RP - GILBERTO - PARTE 24

GILBERTO

PARTE XXIV

Cláudio coloca o carro em movimento e não responde.

- Você disse ao seu pai sobre a conversa que teve com dona Lucila?

Ele confirma apenas balançando a cabeça.

- E o que ele disse?

- Que, por ele, eu não falaria mais com ela...

- Por quê?

- Vários motivos.

- Por ela ter deixado você... e o que mais? Esse motivo eu acho que já está resolvido na sua cabeça, estou enganada?

- Não. O motivo dele é bem mais forte que isso.

- E você pode me contar? Se não puder, eu vou entender.

- Ele tentou me devolver pra ela... quando criança ainda.

- Tentou?

- Tentou. Ele... tinha medo que a mãe do Wagner fizesse alguma coisa de ruim comigo, por não gostar de mim... e achou por bem me devolver pra Lucila, já que meu avô não estava mais aqui pra impedir.

- E o que aconteceu?

- Ele procurou por ela... e encontrou... mas ela já não tinha uma vida... muito digna aqui em São Paulo. Ela trabalhava... como prostituta... pra ganhar a vida.

- Eu não acredito! - Mônica diz, muito surpresa.

- Também foi bem difícil pra mim, acreditar. Mesmo assim, meu pai pode ter me escondido coisas, mas não mentiria sobre uma coisa tão séria como essa. Por isso ele a fez prometer não me ver mais.

- Ela é uma mulher tão doce, tão... correta, tão religiosa...

- Eu não formei nenhuma ideia a respeito dela ainda, mas apesar de não ter visto nada de muito concreto na personalidade dela, além de ser uma mulher cheia de culpas, não consigo enxergar esse tipo de comportamento na dona Lucila. Eu ainda nem consigo enxergar nela minha mãe.

Mônica percebe o que significa para ele saber de um segredo tão duro a respeito da própria mãe. Coloca a mão no rosto dele com carinho.

- Eu gostaria tanto de saber o que fazer pra te ajudar a passar por isso sem sofrer. Acho que não estou fazendo bem a minha parte, não é?

Ele olha para ela.

- Nunca mais repita isso. Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Você não tem culpa do que está acontecendo comigo e não pode fazer nada pra impedir. Nem eu posso. Não pense mais nisso.

Cláudio pega sua mão e a beija. Depois de uma pausa, ela diz:

- Às vezes, eu acho que... um dia... você vai se aborrecer de mim e vai se arrepender de ter deixado tudo por...

Ele para o carro e se volta para ela.

- Eu já disse pra parar. Se eu me arrepender de ter feito o que eu fiz... eu acho que a minha vida não serviu mais pra nada. Não repita mais isso, Mônica, por favor. Eu já me arrependi de muita coisa na minha vida, mas você é a única coisa que eu tenho certeza que quero. Nunca ponha isso em dúvida.

- Não é de você que eu duvido.

- Você me ama?

- Claro que sim.

- Então morreu o assunto. Nós vamos começar a fazer nossa vida agora. Vamos começar daqui desse lugar. Começar do zero, se for preciso, mas só nós, sem dúvidas. Você e eu arriscamos uma porção de coisas, perdemos uma porção de coisas, magoamos muita gente que amamos e é por isso que a gente tem que fazer valer a pena. Temos que mostrar pra todo mundo que não foi só uma ilusão. Temos que fazer isso durar. Me ajuda, amor.

Ela sorri e concorda. Eles se beijam e ele coloca o carro em movimento outra vez.

Já na rua de casa, Cláudio avista um carro conhecido, mas resolve ter certeza de que é ele mesmo, olhando a placa. É realmente o carro de Miguel que está parado a uns cinco metros adiante da casa.

RETORNO AO PARAÍSO – GILBERTO

PARTE 24

OBRIGADA PELA COMPANHIA!

BOM DIA!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 31/05/2018
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