RP - GILBERTO - PARTE 29

GILBERTO

PARTE XXIX

Quando Cláudio acorda está em um quarto de um hospital, mas não sente mais dor. Karen está ao lado dele e o olha com ternura.

- Karen...?

- Oi, meu querido. Está melhor?

Ele olha em volta.

- Onde é que eu estou? Cadê... cadê a Mônica?

- Uma pergunta de cada vez. Você está na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. E a Mônica também, só que em outra ala.

- Santa Casa...? Mas... como a gente veio parar aqui, Karen?

Cláudio tenta se levantar, mas ela coloca a mão sobre seu peito.

- Não, não tente se levantar. Fique calmo. O Valter também está aqui e quer conversar com você. Tenha um pouquinho de paciência.

- O Valter...?

Cláudio coloca as mãos na cabeça.

- O que está acontecendo, Karen?

- Você desmaiou no Posto de Saúde em que nós levamos a Mônica, lá perto de casa, e eu achei melhor trazer você pra cá, porque o Valter trabalha aqui e poderia acompanhar seu caso mais de perto. E, como eu sabia que você ia querer saber da Mônica, transferimos ela também.

- Meu caso? Mas... que caso?

- Você desmaiou, filho. Isso não é normal. Você tem tido dores de cabeça muito fortes...

Cláudio se ergue e se senta na cama. Valter entra no quarto no mesmo instante. Aproxima-se de Karen e lhe dá um beijo na testa.

- O que estou fazendo aqui, Valter? E a Mônica?

- Karen, pode ir tomar um café lá no refeitório. Eu domo essa fera. Obrigado.

Ela beija o rosto de Cláudio e sai do quarto.

- Pode descer da maca, se quiser. A gente só gosta de colocar pessoas em cima dela, mas subir numa é bem estressante mesmo. Você está sentindo dor?

- Não...

- Você já está bem mesmo?

- Claro que estou.

- Mas não estava há duas horas. Eu vou resumir o que aconteceu, mas não fica me interrompendo, combinado?

- Se eu estou bem porque estou aqui? E a Mônica e minha filha?

- A Mônica está bem. Ela já vem te ver. A Karen pensou rápido, quando trouxe você pra cá. Ela já conhece a maioria do pessoal da UBS de Pinheiros e disse pra eles que você era médico, meu amigo e a transferência foi rápida pra cá. Teu CRM está servindo pra alguma coisa, viu? Isso é bom.

- E...?

Valter respira fundo e continua:

- Você desmaiou e há de convir comigo que não é natural um médico desmaiar num hospital... Você ficou mais ou menos duas horas apagado. A Karen me contou das suas dores de cabeça, medicamos você e eu aproveitei pra fazer uma ressonância em você, mas como hoje é o penúltimo dia do ano, a gente só vai saber do resultado na terça-feira.

- Você fez o quê?

- Uma ressonância magnética. Coisinha simples...

- Sem minha autorização?

- A Karen autorizou e a Mônica. Sua mãe postiça e sua mulher respectivamente.

- A Mônica é menor, não podia autorizar nada.

- Mas a Karen não é e para de colocar empecilho em tudo, cara! Caramba! Elas estavam preocupadas com você, que diabos! Você não está bem! Baixa a guarda um pouco. Se permita ser cuidado por um segundo. Você já cuidou demais de todo mundo.

Cláudio desce da cama e esfrega o rosto.

- Desculpa... Eu estou bancando o idiota mesmo. É que...

- Eu sei, é difícil ficar do outro lado mesmo, mas você tem que cuidar de você.

Mônica entra no quarto e se aproxima dele, abraçando-o.

- Como você está? - ela pergunta. – Fiquei tão preocupada.

- Como você está?

- Eu estou bem. A gente está bem.

- Pronto, o casalzinho já está reunido, mas eu só queria que vocês passassem essa noite aqui.

- Passar... a noite? - Cláudio pergunta.

- A pressão dessa moça está bem irregular. E eu nem preciso dizer que pressão alta na gravidez é problema sério. Amanhã cedo, estarão de alta e poderão ir curtir o reveillon em casa, mas na terça eu quero você, doutor Cláudio, aqui pra conversar comigo sobre essa cabeça. Ouviu?

- Eu não tenho nada.

- Vamos ter certeza disso então. Também espero que não tenha, mas é sempre bom ter provas disso, concorda? Desmaiar por causa de dor de cabeça não é e nunca foi normal. Vocês pernoitam aqui, abusando da hospitalidade da nossa Santa Casa e amanhã...

- Isso é mesmo necessário?

- Se você não quer ficar por você, fique ao menos pela sua filha. Pressão alta pode provocar aborto. A Mônica me contou o que provocou isso. Quer arriscar?

Cláudio olha para ela e a abraça.

- Não, claro que não. Obrigado, Valter.

- Se quiserem, podem ficar no mesmo quarto, mas por enquanto nada de champanhe hoje só guaraná e água, pombinhos, os dois.

Cláudio consegue sorrir.

- Mas... você não devia estar com a sua família agora?

- Você não conhece vida de médico? Ah, claro, você conhece sim, mas eu ainda tenho um dia e duas horas pra ficar com eles.

- Eu acho melhor que ela fique na ala da maternidade mesmo. Será mais seguro.

Cláudio a beija e Mônica concorda.

- Tenta dormir um pouco, ela diz.

- Vou tentar.

- Boa noite, amor.

RETORNO AO PARAÍSO – GILBERTO

PARTE 29

OBRIGADA PELA COMPANHIA!

BOA TARDE!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 01/06/2018
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