RP - MUDANÇA - 1978 - PARTE 16

MUDANÇA – 1978

PARTE XVI

Wagner senta-se na cama e nega. Linda sente vontade de chorar.

- A gente fez amor no chão do seu quarto... e você... jurou que me amava. Que não tinha nada com ela, nem com a Selma... nem com mulher nenhuma, Wagner! Que espécie de... amor é esse?

- Não sei como eu consigo... fazer tanta besteira, mas eu te amo... de verdade. Acredita em mim.

- Eu não consigo também! Não tenho capacidade de ser tão... moderna a ponto de dividir você com outras. Você não pode me pedir isso.

- Eu nunca te pediria uma coisa tão absurda como essa, Linda.

- Então o que você quer de mim?

Ele se levanta e vai até a porta e, segurando a maçaneta, suspira e diz:

- Se você quiser ir... pode ir... Pede pro Robério te levar até Vira Copos. Não dá pra eu te levar, porque... eu não quero que você vá, mas como eu sou um idiota... faz o que você quiser.

Wagner abre a porta. Ela arruma as roupas de novo, pega as malas e sai do quarto.

- Mas eu amo você... ele diz, quase chorando com a voz embargada. – Volta quando quiser... me perdoa...

Linda não ouve. Wagner subitamente se lembra de que ele e Linda são os padrinhos de casamento de Beto e corre atrás dela. Linda já está ao pé da escada, pronta para se despedir de Magda e de Beto que ainda está ali.

- Ei, espera! Você não pode ir, Linda! - Wagner grita, descendo as escadas de dois em dois degraus.

- Que foi agora? - ela pergunta, com os olhos molhados.

- O casamento do Beto... Esqueceu? A gente é padrinho.

Linda cai em si e larga as malas no chão.

- Esqueci... - ela diz, enxugando o rosto.

- Eu não falei nada porque pensei que o negócio não fosse tão sério... - Beto fala, parado ao lado de Magda.

- Me desculpe, Beto, ela diz.

- Não precisa pedir desculpas... Você vai ficar?

Ela respira fundo e olha para Magda.

- Vou, claro que vou. Me desculpe.

- Eu entendo. Quando a culpa do engano é dele, eu desculpo tudo. De vez em quando ele me deixa tonto também.

Wagner olha para o amigo, erguendo as sobrancelhas.

- Ei! Eu estou aqui ainda. Que amigo, hein?

- Eu salvei tua barra, garoto. Se não fosse por mim, ela iria embora agora, diz Beto.

- Mas eu vou de qualquer jeito. Não vou nem desfazer as malas. Vou pedir pro Gart vir me buscar com o jatinho de Mr. Russel.

- O jatinho é meu, diz Wagner. - Ele só manda, se eu deixar.

Linda se volta para ele furiosa.

- Sabe o que você é? Um machão latino insuportável! Eu te odeio!

Ela sobe de novo correndo. Wagner vai dizer alguma coisa em resposta, mas não encontra as palavras de tão nervoso que está. Beto e Magda riem dele. Wagner vai se sentar no sofá e coloca as mãos na cabeça.

- Machão latino? De onde ela tirou isso?

- Das suas atitudes, diz Magda. – Você foi muito grosseiro.

- Você queria que eu a visse ir embora sem me defender?

- Mas você não tinha como se defender, filho, você está errado. Acontece que nesses casos, a mulher percebe o deslize do homem rapidamente. Ela sente cheiro de traição no ar. A Linda é uma moça inteligente e ao mesmo tempo delicada. Você não podia ter agido assim.

Wagner olha para Beto.

- Sua madrasta tem razão, cara. A Linda não é doida como a Janete, não tem a cabeça na lua como a Laura e nem é feminista como a Dina.

- A Sandra não entra na comparação? - Wagner pergunta.

- A Sandra é a Sandra. E é praticamente minha mulher. Não tem comparação. Eu vou me casar com ela por isso.

- Muito bem, Beto! - diz Magda, sorrindo e aplaudindo o rapaz.

Beto consulta o relógio de pulso e diz:

- Por falar em Sandra... eu vou indo. Tchau, cara. Sobe e tenta pedir desculpas pra Linda se conseguir. Uma loira platinada daquelas não se joga fora assim sem mais nem menos. Tchau, dona Magda. Obrigado pelo café. Vejo vocês no cartório no sábado.

- Se Deus quiser, filho. Eu vou acompanhar você até lá fora.

Magda vai acompanhá-lo até a varanda.

RETORNO AO PARAÍSO – MUDANÇA - 1978

PARTE 16

OBRIGADA POR SONHAR COMIGO!

BOA TARDE!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!