Trama diabólica (Parte 4)

"Trama diabólica"

(*) novelinha de Carla Rejane Silva

No capítulo anterior, Sofia foi convidada por Pedro para dar uma volta no jardim. Sofia recusou, preferiu se dedicar aos filhos que haviam acabado de acordar. Enquanto seguia para o quarto, ficou imaginando como dom Rafael ainda consentia em manter em casa seu primo. Não gostava dele, mas ele insistia em assedia-la quando dom Rafael não estava por perto.

CAPÍTULO QUATRO.

Foi ver seus filhos que já estavam acordados. Convidou-os após o café para fazerem algo juntos. Leon recusou. Disse que iria passar o dia na fazenda de um amigo de escola, haviam combinados uma semana antes.

- Esqueceu que a senhora falou com a mãe de Ruan e deu sua permissão?

- Verdade meu filho. Havia me esquecido. Me desculpe. Tudo bem, vá e se divirta com seu amigo.

- Obrigado mamãe!

Virou-se para Helena e disse:

- Bem minha filha, hoje essa manhã maravilhosa será de nós duas.

agora vão tomar o café.

Logo depois do desjejum, Sofia acompanhou o filho até o carro onde o motorista aguardava.

- Bom dia senhora! Bom dia, Leon.

- Bom dia José! - respondeu sofia. Em seguida ficou observando seu filho a se acomodar no banco do carona. Acenou em despedida. Ficou por ali um pouco até seu filho partir. Em seguida entrou. Helena a aguardava. Juntas foram para o jardim. Ali conversaram e riram muito. Foi uma manhã tranquila. Não viu dom Rafael, nem seus parentes.

De repente, ouviu Maria a chamar por ela.

- Dona Sofia telefone para a senhora...

-Quem é? - Perguntou – Falou o nome?

- Não disse senhora! Peço para ligar mais tarde?

- Não! Já estou indo.

Chamou Helena e, abraçadas, entraram na casa grande.

- Alô aqui é Sofia Melbourne. Com quem falo?

- Senhora Sofia aqui é o Carlos Mendoza. Não nos conhecemos, mas precisamos conversar. Em particular.

- Olha senhor. Seja qual for o assunto é melhor tratar diretamente com meu marido dom Rafael - disse Sofia desconfiada.

- Esse assunto que tenho que falar é com a senhora. Necessito que venha me encontrar o mais rápido possível. Sua família corre grande perigo. Soube do acidente de cavalo que sofreu...

- Não entendo senhor Carlos. Porque disse que minha família corre perigo? - Poderia me adiantar ou ao menos, explicar melhor, por favor?

- Senhora Sofia, me escuta. É muito grave o que tenho para lhe falar, mas, por telefone é complicado. Repare. Poderia me encontrar as duas horas no restaurante da pousada Sol Nascente? Por favor...

- Sim, estarei lá!

- Aconselho a não dizer nada a seu marido. O que vou lhe revelar envolve a família dele!

Sem mais explicações, Carlos desligou.

Desconfiada e preocupada, Sofia decidiu que iria pelo bem de sua família.

Caminhou até a cozinha e disse à Maria que não iria almoçar em casa, pois iria até a cidade e almoçará por lá.

- Senhora, que digo a dom Rafael? Ele certamente irá perguntar pela senhora.

- Diga que fui buscar medicação na farmácia.

- Posso pedir a José que a leve?

- Sim! Obrigada.

- Sendo assim, o que digo ao patrão e ao médico?

- Diga que volto logo! Invente uma desculpa qualquer. Não se preocupe Maria. Apenas cuide de tudo e de Helena. Deixa que depois, ao chegar, me entenderei com dom Rafael.

- Tudo bem, senhora. Eu cuido das coisas por aqui.

- Sei que posso confiar em você, Maria, e quando voltar precisarei conversar com você.

- Sim senhora. Sinto que tem algo acontecendo. Estou velha, mas ainda conservo meu instinto. Vou ser sincera senhora. Não gosto nadinha da dona Camélia e do irmão. O pai nem se fala. É a vergonha da família Andaluzia: mulherengo, jogador inveterado, vive sempre com dívidas até que o pai de dom Manuel e dom Álvaro partilhou a herança entre os dois. Dom Álvaro foi embora, se casou e teve os filhos. A esposa morreu há muitos anos, todavia, ninguém a conheceu. Depois de anos que apareceram no seu casamento a doze anos atrás e sumiram de novo até a semana passada. Não veio nem para o velório de dona Carmelita, mãe de dom Rafael e nem para os funerais de dom Manuel, seu próprio irmão. Desculpe senhora. Vá tranquila. Ficarei de olho nessas cobras peçonhentas. Dom Álvaro quase não sai do quarto, e o senhor Pedro deve estar em algum jogo de cartas ,bebidas e mulheres.

- Sim deve estar! Vou tomar meu banho, Maria. Pede, por favor, para José ficar de prontidão. Não vou me demorar.

Seguiu para seu quarto, deixando Maria seriamente pensativa.

No caminho para a cidade, Sofia admirava a beleza exótica por onde passava. E nem isso, a deixou entretida, imersa em seus pensamentos. Nem percebeu quando José estacionou na frente da pousada Sol Nascente.

- Senhora, chegamos. – chamou José, tirando-a dos seus devaneios.

-Obrigado José. Poderia voltar daqui a mais ou menos uma hora, por favor?

- Sim senhora! Irei visitar minha mãe, que mora aqui perto.

Despediu e saiu, Sofia caminhou até o saguão.

- Boa tarde?

Sem esperar resposta perguntou ao recepcionista onde era o restaurante. Informou que alguém a aguardava.

- Boa tarde! Qual seu nome senhora?

- Sofia Melbourne Andaluzia.

O recepcionista examinou a lista e chamou alguém para acompanha-la.

- Castro, acompanhe a senhora Andaluzia até o restaurante, e lá chegando, leve- a à parte reservada. Mesa 3.

Sofia agradeceu e acompanhou o rapaz. Sentou e ficou observando o local. Era rústico, de uma grande beleza, com um pequeno jardim e uma fonte deixando o local aconchegante. O garçom trouxe o cardápio.

- Boa tarde, senhora. Deseja algo para beber?

- Boa tarde! Uma água tônica com gelo e limão, por favor?

- Algo mais senhora?

- Não! Obrigada.

O garçom se retirou. Sofia ficou divagando, imaginando quem seria o estranho, e o que de importante tinha ele para lhe dizer. E pior, dizer a ela e não ao seu marido. Seus pensamentos foram interrompidos pela chegada de um homem que Sofia percebeu, de imediato, ser o estranho do telefone.

- Boa tarde senhora Andaluzia. Deixe- me apresentar. Sou Carlos Soza de Mendoza. Represento a família Mendoza.

Sofia encarou o homem por alguns segundos. Era um senhor alto, de fino porte, pele queimada. Com certeza ficava muito tempo exposto ao sol. Evidentemente se tratava de um fazendeiro. Devia ter a idade de dom Rafael, ou um pouco mais.

O cidadão usava uma aliança no dedo anular da mão esquerda. Com certeza casado. Esse particular deu-lhe um certo alívio.

- Boa tarde senhor Mendoza. Sente-se por favor. Confesso estar um pouco intrigada. O que é tão importante, que não pode ser dito ao telefone? Ou no que eu poderia ajudá-lo? Ou melhor, porque não procurou meu marido? Ao invés disso quis se encontrar comigo? Sinceramente não entendo...

- Calma senhora. Vou explicar tudo e a senhora vai entender.

- Me chame de Sofia, por favor.

- Contanto que me chame de Carlos!

Sofia assentiu. Algo, em seu íntimo, dizia que poderia confiar naquele homem.

Depois de tantos problemas sem motivos para sorrir, Sofia deu um sorriso comprido, mostrando a alvura dos dentes brancos e perfeitos, em contraste com a beleza da pele alva, os cabelos ruivos, e belos olhos azuis. No todo, a jovem parecia um pintura digna dos melhores artistas.

No seu íntimo, Carlos pode perceber, apesar do sorriso, que havia uma tristeza naqueles lindos olhos e ela nem imaginava - pensou ele com seus botões, ela nem imaginava quão difícil seria a conversa que teria e que no final dela, se tornaria perturbadora para ambos.

Continua no próximo capítulo.

Carlasonhadora
Enviado por Carlasonhadora em 13/06/2018
Reeditado em 15/05/2020
Código do texto: T6363234
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