RP - MARIA CECÍLIA - PARTE 22

MARIA CECÍLIA

PARTE XXII

Cláudio mal acredita no que ouve. Mônica encosta a testa na testa dele e começa a chorar.

- Nós estamos livres, meu amor!

- Isso é verdade? - ele pergunta.

- É verdade...

- Mas... por que eu acho que ainda tenho um preço a pagar?

Cláudio olha para Henrique.

- Eu sei que vocês já me examinaram e devem ter chegado a alguma conclusão sobre o meu caso. Henrique?

O médico se aproxima mais dele e pede a Mônica.

- Eu podia conversar com ele a sós, Mônica?

Sem reclamar por aquele pedido, ela enxuga o rosto e concorda. Beija Cláudio mais uma vez.

- Eu vou estar aí fora.

Mônica sai do quarto. Cláudio estranha, mas imagina que ela já saiba o que Henrique vai dizer.

- Fique sabendo que você não vai dizer nada que eu já não saiba. Eu estou aqui desde a manhã e sei que vocês já me examinaram, mas...

- Eu sei... Não estou aqui pra te ensinar nada. Só quero que você me ouça e não me interrompa antes que eu termine.

- Pode falar.

- Você tem um tipo muito agressivo de câncer. Ele está bem no centro da sua cabeça e tem mais ou menos dois centímetros de diâmetro.

- Disso eu já sabia...

- A equipe que te examinou, eu, o doutor Saulo, doutora Clarice e o doutor Geraldo, entramos no consenso que é... inoperável porque ele está muito no centro da sua cabeça e você teria... basicamente dez por cento de chance de sair vivo da mesa.

- Foi mais ou menos o que o médico disse pra mim na Santa Casa de São Paulo.

- Mas aqui, você vai ter os melhores especialistas acompanhando você o tempo todo de tratamento. Vai poder fazer a quimioterapia mais eficaz, com todo suporte necessário o suficiente pra tentar dirimir com o tumor em menos de seis meses. Fora o fato de que vai estar perto da sua família, da Mônica e vai poder até assistir o nascimento da sua filha.

- Tentar dirimir... Eu sei que não é possível, Henrique...

- Você não pode pensar assim. Você não tem fé?

- Tenho... Muita, mas sei também que não ando merecendo muita piedade divina ultimamente. A única coisa que eu peço a Deus... é poder viver o suficiente pra poder ver o rosto da minha filha.

- Você já disse pra Mônica que pensa assim?

- Não... Ela me mataria antes.

- Ela tem muita esperança que você saia dessa. E, se eu fosse você, aproveitava essa trégua que o pai dela te deu e lutava pela sua vida...

- Eu vou fazer isso, mas não aqui.

- Você não precisa ficar internado aqui todo tempo, cara. Você pode fazer o tratamento na fazenda do seu pai mesmo. Seria até mais eficaz. Ter o amor da família em volta de você, pode te fazer muito bem.

- Pode ser...

A porta se abre e Miguel entra, aproxima-se dele e aperta sua mão.

- Eu estou ficando meio enjoado de ver você sempre deitado numa cama de hospital, colega.

- Oi, Miguel. Traidor... ele diz com um leve sorriso.

- Se você não queria que eu te traísse, não devia ter apagado no meu carro. Eu tenho... dois recados pra você, dois não, três.

- Três recados? De quem?

- O primeiro é do Wagner. Ele acabou de embarcar pra Londres, mas pediu pra te deixar um beijo e disse que está de volta em dois dias. Pediu pra você ter fé que tudo vai dar certo. Que ele não quer te ver pra baixo quando voltar.

Cláudio sente a garganta arder e os olhos começarem a lacrimejar.

- Que mais?

- A Diana e a Elis, suas irmãzinhas fofas, mandaram isso.

Miguel retira um papel dobrado em quatro do bolso e entrega para ele.

Cláudio desdobra o papel e vê, escrito com uma letrinha muito infantil, as seguintes palavras: “A gente não pode ir até aí ver você, mas estamos morrendo de saudade e de preocupação. Você é o melhor irmão do mundo. A gente te ama muito e quer que você volte pra casa logo. Ah, P. S. a mamãe manda um beijo grande. Ela não consegue nem falar de tanto que chora, mas não para de rezar por você. Volta pra casa logo, Cla. Diana Cristina Valle e Elis Regina Valle.”.

Cláudio beija o papel, chorando.

- Obrigado, Miguel...

- Ainda tem mais, Miguel diz, muito emocionado também. – Teus pais estão aí fora querendo muito te ver.

- Meus pais? - ele pergunta, enxugando as lágrimas.

Miguel vai até a porta e abre. Lucila e Leonardo entram, seguidos por Mônica. Lucila se aproxima do filho e o abraça forte, também chorando.

- Meu filho...

Cláudio não consegue falar nada. A emoção é forte demais. Ainda abraçado com a mãe, estende a mão para segurar a mão do pai. Leonardo aperta a mão dele com força, mas não diz nada.

RETORNO AO PARAÍSO – MARIA CECÍLIA

PARTE 22

OBRIGADA POR SONHAR COMIGO!

BOM DIA!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 02/07/2018
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