RP - NASCE UM ANJO... - PARTE 1

RETORNO AO PARAÍSO

NASCE UM ANJO...

PARTE I

SEGUNDA – 23/01/78

Cláudio vai até o hospital Santa Mônica e no consultório é examinado e Henrique percebe que ele está com a temperatura alterada.

- Você está sentindo alguma coisa? Dor na cabeça, algum desconforto?

- A cabeça incomodou um pouco à noite. Senti um peso estranho a noite toda. Quase não consegui dormir.

- Você falou pra Mônica?

- Não, eu já viria aqui. Não quis aborrecê-la com isso.

- Não faz isso. A Mônica é mais forte do que você pensa. Ela é enfermeira, esqueceu? Divide com ela tudo de diferente que você sentir.

- Henrique, já é demais eu estar tendo que vir até aqui a esse hospital. Não queira me dizer como conviver a Mônica. Eu a conheço melhor do que você imagina. Ela é minha mulher, convive e trabalha comigo há quase três anos.

- Eu estou só querendo ajudar...

- Eu agradeço, mas que a nossa conversa seja estritamente profissional.

- Tudo bem. Então... eu vou... aumentar a dosagem do seu remédio e prescrever um outro anti-térmico. Você tem certeza mesmo que não quer iniciar a quimioterapia?

- Não, não insista mais nisso, por favor.

- Se você se internasse, ficaria bem mais fácil pra gente cuidar de você. Valeria a pena tentar.

- Não acredito muito nisso. Não aqui.

- Você devia aproveitar essa trégua que o doutor Jairo está te dando e levar o tratamento até o fim. Eu tenho certeza que a gente faria muitos progressos.

- Enquanto eu não ficar diante dele e souber o que realmente ele está pensando disso tudo, eu não vou fazer nenhum tipo de tratamento internado aqui.

A porta se abre e Jairo entra por ela. Cláudio se levanta. Jairo se aproxima da mesa e fica ao lado de Henrique.

- Você pode nos dar um minuto, doutor Henrique?

- Claro, doutor. Fique à vontade.

Henrique sai do consultório. Jairo se senta na cadeira dele. Cláudio permanece em pé.

- Pode sentar. Eu quero conversar em paz.

Cláudio se senta.

- O Henrique me contou da sua decisão de não se internar aqui. Essa decisão é por minha causa ou porque você já colocou na sua cabeça que não tem chance nenhuma de melhorar?

- As duas coisas. De médico pra médico... eu sei que não tenho chance, mas o fato desse hospital ser seu ajuda bastante.

- Você nunca vai poder dizer que eu não fui condescendente com você. Você me magoou muito, Cláudio. Você me traiu e sabe disso.

- Não foi traição. Eu não o lesei em nada.

- Você roubou a minha filha. Quer mais lesão que isso?

- Ela não é só sua. Nenhum filho é só do pai ou da mãe. Tanto que o senhor permitiu que ela trabalhasse junto com o senhor num hospital pra servir aos outros, pra ajudar as pessoas. “Tu te tornas responsável por tudo aquilo que cativas. Antoine Saint Exupéry”. Mônica é... de cada pessoa que ela ajudou e que aprendeu a amá-la... como eu amo. Não foi só a mim que ela cativou.

- Você é casado e ela é menor. Não podia nem encostar nela. Não tente levar o problema para outro lado, Cláudio. Além de tudo... você traiu minha sobrinha.

Cláudio abaixa a cabeça e fecha os olhos.

- Nessa parte o senhor está coberto de razão. Eu... tentei, mas não consegui conversar e convencer a Tânia de que não queria ficar mais casado com ela, antes de me envolver com a Mônica. Isso não tem perdão mesmo, mas ela mesma já fez isso. A Tânia já me perdoou. Ela percebeu que seria perda de tempo e energia ficar guardando um ódio que não me atingia mais. Já estava feito. Já está feito. Não dá mais pra voltar atrás. Vem vindo uma criança aí que não pode nascer no meio desse ódio todo. Ela não merece. Não pode pagar pelos meus erros.

Jairo se levanta e anda até a janela, com as mãos no bolso do jaleco.

- É nisso que eu tenho pensado muito. Eu fiz muita bobagem quando era jovem também. Eu e meu pai não nos dávamos bem e eu batia sempre de frente com ele. Me apaixonei e me casei com a mãe da Mônica sem que ele permitisse, fui expulso de casa... Você conhece a história toda... Mônica era a única coisa nessa confusão que fazia sentido pra mim, desde o momento em que eu olhei nos olhos dela quando ela nasceu. Era um bebê... tão frágil... tão lindo... Quando a mãe dela saiu de casa e deixou ela comigo e anos depois morreu de câncer... eu vi que... ela tinha nascido pra ser só minha. Minha filha... passou a ser a coisa mais importante da minha vida. Quando ela me disse no ano passado que estava grávida... minha vida desmoronou. Eu senti vontade de matar o canalha que tinha se atrevido a encostar na minha menina. Quando eu fiquei sabendo que tinha sido você... meu melhor amigo...

Jairo se volta a olha Cláudio nos olhos.

RETORNO AO PARAÍSO – NASCE UM ANJO...

PARTE 1

OBRIGADA POR SONHAR COMIGO!

BOA TARDE!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 12/07/2018
Reeditado em 09/03/2019
Código do texto: T6388249
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