Capítulo 4

Éramos jovens de mais ou menos 20 anos, eu e Benoni, quando nos conhecemos em Teresina, Piauí. Benoni nasceu em Valença, uma cidade distante da capital, a mais de 200 km.

A família dele, de muitos irmãos, deve ter se mudado para Teresina, ainda adolescente. Digo isso, por suposição, porque me lembro tê-lo conhecido na Praça Pedro Segundo, a principal da cidade, naquela época. Falo em meados dos anos 60. Eu nem era ainda jornalista, carreira que comecei aos 20 anos.

Benoni era alto para os padrões nordestinos e daqueles tempos. Tinha 1,70, cor de jambo, cabelos lisos e ligeiramente gago. Trabalhava numa loja de confecções e moda masculina. Era o que se chamava de balconista, o que exige da Pessoa dom para venda, muito papo e comunicação. Por isso, era extrovertido.

Conversamos, guardo na memória, sobre a criação de um grêmio literário, que nunca passou de uma ideia. A partir daí, nos tornarmos amigos e a amizade foi se estreitando com os anos. E passou o tempo tão rapidamente, que ele já era bancário, e escriturário do Banco da Amazônia, passando no concurso em primeiro lugar. Jornalista iniciante, eu me tornava mais íntimo do amigo. Até fomos colegas de turma, no Liceu Piauiense à noite.

Foi ai que começou nossa militância política pela organização clandestina Ação Popular-AP. seu talento de líder era visível.interessava-se pelas pessoas como poucos. Tanto que envolveu logo em um episódio em defesa de moradores do bairro São Cristóvão, custando-lhe um processo pela Delegacia de Ordem Política e Social-DOPS.

O Brasil vivia mergulhado numa ditadura militar e fascista desde 1964. os militares derrubaram o governo de João Gourlat, um presidente de um governo popular. Era a tragédia de nossa geração e do povo, que perderá as liberdades democráticas e o estado de direito. A História está aí para mostrar 21 anos de ditadura, que Deus nos livre de outra.

samuel filho
Enviado por samuel filho em 20/07/2018
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