MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS) - PARTE 49B

MI – UMA GAROTA MUITO ESPECIAL

PARTE XLIXB

André se volta ao ouvir seu nome e, ao ver quem chamou, fecha o semblante. Não parece muito feliz em ver o pai. Wagner se aproxima, sorrindo.

- Oi, filho.

André ajeita a mochila no ombro e olha em volta.

- O que você quer?

- Eu... vim te ver. Não foi o que você pediu pra sua bisa?

- Faz mais de um mês. Pensei que você não viesse mais. Pensei que tivesse me abandonado de novo.

- Eu não te abandonei, filho, eu... só não sabia que você existia...

- Faz de conta que você ainda não sabe. Acho bom você ir embora. Estou cansado de apanhar por sua causa. Minha mãe sabe que você existe e isso já basta pra ela me odiar. Dá o fora!

O menino dá as costas e segue pela calçada ao lado do muro da escola. Wagner se apressa e vai ficar diante dele.

- Ei, calma! Espera! Eu preciso conversar com você.

- Dá o fora, cara! Eu não quero conversar com você. Você não tinha nada que vir aqui me encher o saco. Minha mãe vai acabar me matando por sua causa, como sempre quis fazer. Pra começar acho que ela nem queria que eu nascesse. Como ela sempre diz, você só atrasou a vida dela e a minha até agora. Some daqui!

André passa por ele e ia começar a correr, mas Wagner o segura pela mochila e pelo braço.

- Não, espera!

- Me solta! Você vai ter que quebrar meu braço dessa vez pra me segurar. Eu não roubei ninguém. Estou de uniforme e acabei de sair da escola. Dessa vez eu grito e a polícia vai prender você por sequestro. Está cheio de polícia em volta da escola. Me larga!

Wagner vê que ele tem razão. Há uma viatura da polícia metropolitana estacionada logo adiante, felizmente os policiais estão de costas para eles, mas ele percebe que é só o menino gritar e os dois oficiais não teriam dificuldade de escutá-lo e socorrê-lo prontamente. Solta André.

Quando André vê que está livre da mão de Wagner, olha para ele e pergunta:

- O que você quer?

- Conversar... Eu não pude vir antes. Só quero conversar com calma com você.

- Pra quê? Estou cheio de conversa que não resolve nada. Você e minha mãe conversaram naquele dia e não deu em nada. Eu voltei pra cá e continuo sendo o menino sem pai de sempre, criado pela irmã da minha bisa e pela minha mãe que me odeia... por sua causa.

Wagner sente a garganta arder.

- Quer que eu te leve em casa?

- Não, eu vou a pé. Sempre fiz isso. Eu moro logo depois da igreja. Quinze minutos daqui.

André começa a andar pela calçada devagar e chegando na esquina, para e volta a olhar para ele. Wagner continua parado no mesmo lugar.

- Vem... Não consegue andar? Em quinze minutos dá pra você dizer o que está fazendo aqui tão longe da sua fazenda.

- Não, minha moto está estacionada ali.

Wagner aponta para a Yamaha azul e André olha para ela, ficando boquiaberto.

- Nossa! – ele murmura. – É... Não é legal mesmo deixar ali. Tem ladrão em todo lugar hoje em dia. Ela tem seguro?

Wagner sorri com a ironia do menino e nem responde.

- Quer dar uma volta?

- Não posso. Tenho que ir pra casa.

- Nela vai ser rápido. Chegando na sua casa, eu explico pra sua tia Rosana e sua mãe.

- Você quer apanhar também?

Wagner também não responde. Apenas se afasta e vai para perto da motocicleta, subindo nela. Espera, olhando para o garoto.

André respira fundo e ajeita a mochila no ombro, dizendo:

- Tchau...

Segue pela calçada, vira a esquina e atravessa o largo da igreja, pensando na vontade que sentia de subir naquela moto linda daquele cara que se dizia seu pai.

Quando está diante da igreja, ele ouve o barulho do motor da Yamaha atrás dele. André para e se volta. Sorri. Wagner o seguiu.

- Sobe aqui.

- Você vai me sequestrar?

- Não, você só pensa nisso? Estou muito longe da minha cidade. Não posso ser preso aqui senão meu pai me deserda e é capaz de nem pagar minha fiança e meu enterro, depois de me matar. Já passei da idade. Vou ser enterrado como indigente aqui em Ribeirão mesmo.

André ri.

- Você é engraçado... é um chato, mas é engraçado.

- Sobe. É só um passeio, depois te deixo em casa.

- Você sabe onde eu moro?

- Sua bisa me deu o endereço da sua escola e da sua casa. Vem, é só uma volta pelo quarteirão.

André se anima e sobe na motocicleta e ela sai acelerada. Wagner se realiza.

MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS...)

PARTE 49B

OBRIGADA! BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 18/08/2018
Código do texto: T6422456
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