MANDY (AMANDA, ESCRITO NAS ESTRELAS) II - PARTE 9

IX – MANDY

(AMANDA, ESCRITO NAS ESTRELAS)

Amanda atravessou a rua logo adiante e virou a esquina à direita. Ele fez o mesmo e a viu atravessar novamente e subir uma escada que dava para uma loja de roupas. Marco achou melhor não entrar e ficou esperando por ela do lado de fora da loja, junto da escada. Foram quarenta minutos de espera e ele já tinha decidido ir embora, quando a viu sair da loja e descer a escada.

Amanda desta vez o percebeu e o viu aproximar-se da escada e apoiar-se no corrimão. Parou, olhou para ele com quase um sorriso nos lábios e continuou a descer, passando por ele sem lhe falar, mas a mão que deslizou pelo corrimão e não o tocou de propósito não dizia necessariamente: “fique longe”.

Ele sorriu e teve coragem de perguntar:

- Não foi pra escola, hoje?

Amanda parou e voltou-se.

- Falou comigo? - perguntou.

- Falei. Não tem mais ninguém aqui, além de nós. Não te vi no colégio hoje?

- Tive ensaio de dança na escola de jazz.

Ele levantou as sobrancelhas.

- Legal...

Ela sorriu novamente e afastou-se. Marco apoiou os braços no corrimão da escada e escondeu o rosto neles, num misto de decepção, por não ter tido coragem de dizer mais nada, e de alegria, por ter falado com ela mais uma vez. A garota já o enxergava como um ser vivente na terra!

Subiu as escadas da loja, entrou e aproximou-se de uma das moças do balcão.

- Boa tarde!

- Boa tarde! - a moça respondeu, sorrindo. – Posso ajudar?

- Pode... Aquela... Aquela garota que acabou de sair daqui... Uma loirinha de cabelos...

- A Amanda?

- Ela mesma! Ela vem sempre aqui?

- Quem quer saber? - a moça perguntou, ainda com um sorriso educado, mas precavida.

- É que... eu sou dono de uma agência de publicidade e estou justamente fazendo um comercial de roupas jovens e aquela garota se encaixa exatamente no perfil que eu procuro... Você só vai ajudá-la, se me ajudar também.

A moça não quis ser mal educada e manteve a gentileza que faz uma boa balconista, mas estava achando aquilo meio estranho. Marco não tinha definitivamente cara de dono de agência nenhuma.

- Você não é muito jovem pra ser dono de qualquer coisa que não seja sua bicicleta ou seu vídeo game?

Marco sorriu, vendo-se pego, e confessou:

- Você me pegou, meu pai é o dono da agência. Eu sou só... um maluco apaixonado por aquela gata. Não estou com nenhuma má intenção, só quero saber se ela vem sempre aqui.

O rosto de galã de novela adolescente e seus olhos verdes conquistaram a moça e ela se rendeu a isso.

- Podia me dizer pelo menos quem é você, pra eu não passar informações sobre Amanda pra qualquer um? Ela é uma ótima freguesa da loja.

- Meu nome é Marco Antônio Ramalho, estudo no mesmo colégio que ela e moro em Santo Amaro, aqui pertinho, na João Dias. Tenho um metro e... oitenta e alguma coisa, mais ou menos, dezessete anos, minha mãe...

- Tá certo, tá certo, não precisa dizer mais nada. Ela veio buscar um modelo de calça que nós não temos no momento, mas vai voltar amanhã, depois da aula.

Marco respirou fundo, realizado.

- Obrigado!

Ele deu um beijo na garota e saiu rapidamente da loja.

Voltou para casa sem nem ver como tinha feito o caminho de volta, não prestou atenção em farol, nem em rua movimentada, nem em coisa nenhuma, mas chegou em casa inteiro.

No dia seguinte, mal conseguiu prestar atenção à aula. Esqueceu-se até de perguntar a Teo, o motivo real de sua falta no dia anterior e Teo também não tocou no assunto. Otávio olhava para ele com cara de poucos amigos, mas Marco não estava disposto a se envolver com o gênio difícil do colega de classe e não se abalou.

No intervalo entre a primeira e a segunda aula, Otávio, lembrando-se da noite na lanchonete, onde tinha se sentido ofendido por ter sido chamado de criança por ele, não conseguia engolir Marco nem de boca fechada e nem parado feito estátua de sal. Aproximou-se e sentou sobre a carteira vazia diante da dele e perguntou:

- Quem você pensa que é pra me chamar de criança, panaca?

Marco, levantou os olhos, fez que não tinha entendido e perguntou, apontando para o próprio peito:

- Está falando comigo?

- Não tem outro panaca na sala. Eu perguntei quem você pensa que é pra me chamar de criança.

- Eu te chamei de criança?

- No bar do “titio”, anteontem, disse Otávio, acentuando a palavra titio.

- Como é que você sabe que ele é meu tio?

- Não desconversa. Toma cuidado, ouviu, rapazinho? Você está começando a pisar em campo minado. Muito cuidado! - falou, apontando o dedo indicador bem perto do rosto de Marco.

Marco continuou olhando para ele, impassível. Otávio apanhou a caneta de Marco sobre a carteira e fez um risco em seu caderno com tanta força que rasgou várias folhas de alto a baixo. Depois voltou para sua carteira. Marco olhou para o caderno e respirou fundo, fechando os olhos. Teo, que sentava do seu lado, disse baixinho:

- Campo minado, hein? ...Bum!

Marco olhou para ele e não disse nada.

MANDY

PARTE IX

BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 02/09/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6436944
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.