MANDY (AMANDA, ESCRITO NAS ESTRELAS) II-PARTE 13

XIII – MANDY

(AMANDA, ESCRITO NAS ESTRELAS)

Marco voltou à imobiliária flutuando em nuvens. Colocou o carro do pai na garagem com cuidado e entrou no escritório, sem bater.

- Veículo devidamente devolvido! - falou ele, colocando as chaves sobre o papel que Antônio lia.

Antônio olhou para ele e, pelo sorriso do filho, notou que tudo tinha dado certo.

- Deu certo sim, se é isso que você está tentando adivinhar.

- Mesmo? - perguntou ele, sorrindo.

- Estamos... muito bem.

- Meu carro voltou inteiro, então?

- Por quê? Você acha que se não tivesse dado certo, ele não voltaria?

- Sei lá... Dependendo do tamanho da sua frustração...

- Ele voltou inteiríssimo.

- Impressionou bem, então?

- Mas eu não levei o carro pra impressionar. Levei pra chegar mais rápido. Nem estava nele quando conversei com ela.

- E o namorado dela?

- Ex-namorado, pai. Eu não estaria tão feliz, se ele ainda fosse namorado dela! Eles terminaram. Obrigado pela ajuda.

- Eu não fiz nada.

- Fez sim. Você me deu apoio, quando eu já estava quase desistindo. Valeu.

- Disponha.

A porta se abriu e Bete entrou por ela. Marco ficou admirado em vê-la.

- Boa tarde, seo Antônio.

- Boa tarde, Bete. Como vai?

- Bem... Marco, eu podia... falar com você?

Marco olhou para o pai que ergueu as sobrancelhas e acenou para ele, despedindo-se.

- Claro... Tchau, pai. A gente se vê mais tarde. Obrigado, de novo.

- A gente se vê.

Os dois saíram. Já na porta da imobiliária, Marco parou e olhou para ela, esperando.

- O que você quer? A gente já conversou, Bete.

- Eu estou com saudades. Me perdoa. Juro que não desconfio mais de você, nunca mais. Volta pra mim!

- Bete, isso está parecendo música do “Roupa Nova”. Para com isso. Não me importo mais se você desconfia ou não de mim. Acabou! Eu já te falei!

- Mas a gente se amava!

- A gente se gostava! E eu ainda gosto de você. Você é como é, tem seu jeito de ser e eu não estou com raiva de você, só que não dá mais.

- Por quê? A gente já brigou várias vezes e nunca ficamos mais de quinze dias longe um do outro. Você sempre me perdoava.

- Mas eu não tenho o que perdoar agora! Eu simplesmente não quero mais atrapalhar sua vida!

- Atrapalhar? Mas eu te amo!

- Eu cansei de tentar mostrar pra você que sou capaz de ficar com você e ter outras garotas por perto sem te trair. Isso cansa! Quando se tem que provar essas coisas pra pessoa que a gente ama... é porque a gente não ama mais... ou não é amado.

Os olhos dela se encheram de água.

- Você quer me dizer que... não gosta mais de mim?

- Gosto, já disse que gosto, e quero continuar sendo seu amigo, mas não amo mais você, se é que um dia eu soube o que é o amor. Nosso namoro era namoro de criança. Agora, eu quero amar de verdade pra estar junto de uma garota. Foi legal tudo entre a gente, mas passou...

Bete engoliu as lágrimas, respirou fundo, enxugado o rosto e disse:

- Você tem outra garota, não é?

Marco ficou olhando para ela por um momento e achou melhor contar logo a verdade para acabar com aquela novela.

- Não tinha, quando você me largou...

- Você confirma! Quem é ela?

- Não interessa quem é, Bete. Isso não tem nada a ver com o que eu decidi. Não quero mais namorar você... por mim mesmo. Tenta aceitar isso numa boa, por favor.

- Eu vou descobrir quem é ela... É do colégio?

- Não faz drama, Bete! Você é uma garota bonita, vai arranjar outro namorado logo, logo. Tem uma porção de caras no colégio de olho em você. O Márcio do Terceiro C é um deles. Eu sei que ele é doido por você desde a oitava série.

- Eu não gosto daquele boboca! - ela exclamou, chorando.

- Boboca, nada. Ele é um crânio em Matemática.

- Você também é!

- Adora andar de bicicleta...

- Você também!

- Ele faz o maior sucesso na pista de dança. Você adora dançar!

- Com você, Marco!

Ele pensou e encontrou outra qualidade do rapaz.

- Ele me disse que adora gatinhas morenas...

- Você não?

Marco pensou em Amanda e respondeu, sorrindo:

- Bem... se ele é tão parecido assim comigo, mais um motivo pra você namorar com ele!

- Marco! - exclamou ela, desesperada.

- Eu não estou mais na sua! Acabou!

- Depois de tudo que aconteceu entre a gente, você não pode me deixar assim...

Ele olhou para trás e certificou-se de que o pai não estava por perto. Falou em voz baixa.

- Bete... não esquece que quem me largou primeiro foi você. E eu... estou gostando de outra!

Ela ficou olhando para ele, paralisada pela revelação, depois começou a chorar alto e Marco teve que levá-la de volta para dentro da imobiliária, assustando Hilda.

- Para com isso, por favor, Bete!

- Eu te odeio! Eu te odeio! Como você pôde fazer isso comigo?!

Bete começou a bater nele e Marco teve que segurá-la pelos punhos, defendendo-se como podia. Antônio apareceu, atraído pelos gritos da moça e, ao vê-lo, ela parou. Ainda chorando, olhou para Marco com raiva e lhe deu uma bofetada no rosto, afastando-se em seguida, correndo. Ele colocou a mão no rosto e olhou para o pai, assustado. Era o primeiro tapa que recebia na vida.

- O que foi que você fez pra ela, Marco?

- Nada, pai. Só... terminei o namoro que ela já tinha terminado!

Antônio balançou a cabeça.

- Que gênio, não? - observou Antônio, também assustado. – Você está bem?

- Acho que sim... Já passou por isso, pai? - ele perguntou, esfregando o rosto.

- Já, mas... foi meio diferente.

- Diferente como?

- Não teve o tapa cinematográfico que você levou. Filhão, você está me superando.

MANDY

PARTE XIII

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