MANDY - PEDRA NO SAPATO IV - PARTE 3

III – PEDRA NO SAPATO

Antônio foi até o quarto de Marco e abriu a porta, sem bater. O rapaz estava na cama, recostado num travesseiro, segurando a mão machucada, pensativo e sério.

- Tudo bem aí? Posso entrar, filho?

Marco não respondeu nem que sim nem que não. Antônio entrou mesmo assim e sentou-se ao pé da cama.

- Dói?

- Um pouco...

- Eu sinto muito, filho.

- A culpa não foi sua. Eu estava aqui pensando... Se você tivesse dito sobre o bilhete, eu não teria feito nada pra me defender do mesmo jeito. Não teria acreditado que fosse acontecer algo assim. Você não teve mesmo culpa. E a gente também não pode ter certeza de que foi o Otávio.

- Alguém a mando dele...?

- E provar como?

- Mesmo assim, eu vou até o colégio, amanhã.

- Vai me fazer passar ridículo, pai, Marco ergueu o corpo, afastando-se do travesseiro. - Não vai adiantar nada. Mesmo que tenha sido ele, o colégio não é o melhor lugar pra se tomar satisfação de uma coisa dessas. Por favor, não vai lá, não! Deixa passar em branco dessa vez. Eu estou bem.

- Não está com medo de enfrentá-lo, está?

- Você acha isso? - Marco perguntou, magoado, recostando-se de novo.

Antônio arrependeu-se do que havia perguntado.

- Não, claro que não. Desculpe.

- Eu vou ter que encarar esse cara, ainda, pai, mas eu quero ter juntado muita raiva pra descarregar tudo de uma vez nele, de um jeito que ele nunca mais vai se meter comigo. Por enquanto, eu só sinto muita pena dele. Acho que, lá do jeito dele, ele gosta mesmo da Amanda, e não deve ser fácil ver a garota que já foi da gente passar pra outro, assim, do nada... Só quero que ele entenda que perdeu. Seria tão mais fácil... pra todo mundo... ele disse olhando para a mão.

- É... disse Antônio, com um suspiro. – Você não vai tirar essa roupa?

Marco olhou para si mesmo e só então percebeu que estava ainda com a camisa toda suja de sangue.

- Puxa vida! Eu adoro essa camisa. Estava com ela, quando eu conheci a Amanda.

Antônio sorriu.

- Sua mãe está arrumando alguma coisa pra gente comer. Tome um banho, troque-se e venha, ok?

- Tá legal.

Marco almoçou e voltou para o quarto. Tentou estudar, mas não conseguia se concentrar em nada. Pensou em ligar para Amanda, mas não queria dizer a ela o que tinha acontecido para não assustá-la. Deitou-se na cama e adormeceu. Quando acordou, sentia calafrios pelo corpo inteiro. Colocou uma malha mais quente e foi para a sala. Laila estava fechando as cortinas.

- Mãe, são quase seis horas...

- E daí? - ela perguntou, voltando-se para ele e sorrindo.

- Você não vai se arrumar pra...

Só então ele se lembrou de que o pai tinha pedido segredo.

- Pode falar. Ele já me contou. Nós íamos sair pra jantar.

- Iam? Por que não vão?

- Filho, depois do que houve, não dá pra deixar você sozinho aqui. Não temos clima...

- Ah, por minha causa, não! Eu estou bem, mãe, juro!

Ela aproximou-se dele, observando seu rosto mais vermelho que de costume e disse:

- Não é o que essa carinha me diz. Outro dia, nós vamos. Não vai faltar oportunidade. Vem assistir televisão comigo. Tenho arroz de forno quase pronto na cozinha. Mais uns quinze minutos e já jantamos, está bem?

- Mãe...!

Ela o puxou pela mão, ligou a televisão e depois o fez deitar-se em seu colo no sofá.

- Não é justo, mãe. Eu estou bem. E também não sou nenhum bebê.

- Eu sei.

Laila acariciou seu rosto e o sentiu quente. A testa também estava.

- Está bem nada. O senhor está com febre...

- Febre?

Antônio apareceu na sala, saindo do banho.

- Meu bem, ele está com febre.

Antônio tocou o rosto do filho com as costas da mão e concordou:

- Está mesmo. Vou pegar o termômetro e um antitérmico pra ele. E você, mocinho, já pra cama.

- Mas, pai!

- Cama, moço. E amanhã não tem escola.

- Quê!? O cara vai pensar que eu estou fugindo dele!

- O cara vai saber que você ficou muito mal depois da brincadeirinha dele. Cama, já!

PEDRA NO SAPATO

PARTE III

BOM DIA A TODOS!

DEUS NOS ABENÇOE SEMPRE!

Velucy
Enviado por Velucy em 08/09/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6442608
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