MANDY - PROVA DE CORAGEM V - PARTE 9

IX – PROVA DE CORAGEM

Marco caiu das nuvens. Seus olhos quase se encheram de água. Sentia o olhar satisfeito de Otávio sobre ele. Deu as costas e saiu. Não esperou convocação nenhuma. Foi para a rua e, pegando a bicicleta, começou a pedalar sem rumo. As lágrimas escorrendo nos olhos. Já nem sentia a mão doer de tanta raiva que sentia. Quando deu por si, estava na frente do bar do tio que se assustou ao vê-lo.

- Marco! Você não devia estar no colégio, garoto?

- Pro inferno o colégio! - ele falou, sentando-se em uma mesa.

Benê o viu segurando o braço e saiu do balcão para verificar. Quando viu a mão e o pulso do sobrinho, inchados e sangrando, assustou-se:

- Que foi isso, Marco?

- Não foi nada, não.

- Nada? O curativo no seu braço está sangrado e o pulso está inchado! Vamos já cuidar disso. Vem.

Enquanto isso, na sala da diretoria, José continuava ouvindo a estória inventada de Otávio que floreava cada vez mais a sua mentira. José ouviu tudo em silêncio e, por fim, falou:

- Você mora aqui com uma tia, não é, Otávio?

- É sim, senhor.

- Ela é idosa e sua mãe mora em Minas, ainda, não é isso?

- Sim, senhor.

- Não vou chamar sua tia aqui. Você já tem dezenove anos e não quero aborrecê-la. Vou tratar eu mesmo da sua transferência pra unidade de Interlagos, a partir de amanhã.

Otávio arregalou os olhos.

- Mas, seo José!

- Pode ir, você também.

- A culpa foi dele! Eu só quis defender a Amanda! Hoje, ele me provocou!

- Você teria coragem de contar tudo isso na frente da minha filha?

Otávio engoliu em seco.

- Claro...

José foi até a porta e a abriu. Amanda entrou. Otávio ficou branco.

- Pode começar. Conte tudo outra vez o que você me contou até agora. Quero que ela confirme.

Ele não conseguiu falar nada.

- O que foi que houve, pai? - ela perguntou.

- Esse... garotão e a gangue dele se atracaram com o Marco e a respectiva gangue na sala de aula.

Amanda ficou abismada.

- O Marco não tem gangue, papai!

- Não, ele é um santo! - falou Otávio. – É um covarde!

- Perto de você, ele pode até ser mesmo, disse Amanda. – Mas sua valentia não me atrai em nada. Ele, pelo menos, não está brigando em vão.

Ele olhou para ela com raiva e foi para a porta.

- Eu não faço mais parte dessa espelunca. Se me dão licença...

Saiu.

- Onde está o Marco, papai?

- Eu não sei. Ele saiu zangado daqui quando eu falei que queria falar com o pai dele...

Ela ia sair a procura de Marco, mas José segurou-a pelo braço e quis saber.

- Filha, você esteve com ele ontem, no clube?

- Estive, por quê?

- Eles brigaram, lá?

- Brigaram...

- E por que você não me contou?

- Porque eu achei que você ia ficar com prevenção contra o Marco e ele não teve culpa de nada. O Otávio apareceu com más intenções, querendo confusão, eu investi contra ele, ele me empurrou e o Marco bateu nele, pra me defender...

- E... o que vocês fizeram, antes disso?

- Nada de mais. O de sempre. Corremos juntos... comemos cachorro quente... namoramos... Por quê?

- Bem, porque... o Otávio disse que o Marco estava...

- Tentado me seduzir... Amanda adivinhou.

José confirmou, balançando a cabeça.

- Ele é um sujo mesmo! Como uma pessoa pode mudar tanto? Ele era um doce de pessoa em Minas... Eu não reconheço esse Otávio, pai. Ele está morrendo de despeito, porque ele tentou fazer isso comigo e eu não deixei. Agora quer descontar no Marco.

- Como é que é? Ele tentou?

- Lá em Minas. Foi só uma vez, eu briguei com ele, quis desmanchar o namoro se ele insistisse e ele prometeu não tentar mais. Nunca mais aconteceu. Mas ele ficava jogando isso na minha cara cada vez que a gente brigava.

- E por que você nunca me contou isso, Amanda?

- Pra quê? Ele é homem e eu achei que tinha sido uma reação normal de namorado. A vovó sempre falava dessas coisas comigo, pedia pra eu ter cuidado, mas não ficar muito zangada, porque homem é tudo igual, ela dizia. Seria uma coisa que ficaria só entre nós, se ele não tivesse feito isso...

- E quem garante que o Marco nunca vai tentar nada? Ele também é homem...

- O Marco me ama... Me respeita... E, se um dia acontecer... vai ser porque eu quis também...

Ela deu as costas para sair. José perguntou:

- Aonde você vai?

- Procurar o Marco. Você suspendeu ele, não foi?

- Não, só pedi pra ele trazer o pai aqui, amanhã cedo. Ele saiu nervoso, dizendo que pai não viria...

- E não vem mesmo. O pai dele estava ameaçando tirar ele do colégio, se ele se metesse em outra confusão com o Otávio. Você fez uma grande bobagem, pai.

Depois que a filha saiu, Rotemberg apanhou o telefone para ligar para alguém e desistiu. Chamou a secretária que apareceu na porta.

- Sim, senhor?

- Me traz a pasta do aluno Marco Antônio Ramalho do Terceiro A no arquivo. Eu preciso do endereço e o telefone da casa dele.

PROVA DE CORAGEM

PARTE IX

BOM DIA!

PAZ, BÊNÇÃOS E LUZ PARA TODOS

Velucy
Enviado por Velucy em 12/09/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6446759
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