MANDY - ME CONCEDE A MÃO DE SUA FILHA? XI - PARTE 2

II – ME CONCEDE A MÃO DE SUA FILHA?

- Eu quero me casar com a Amanda, disse Marco, decidido.

Surpreso, José levantou-se e ficou olhando para ele, sem fala. Deu alguns passos pela sala e perguntou:

- Casar?

- É.

- Com a Amanda inconsciente?

- É... Eu sei que existe um caso em que, se um dos pretendentes está... correndo perigo de vida... morrendo... pode-se fazer o casamento numa cerimônia simples e rápida.

- In extremis...

- Isso. Eu quero me casar com ela... assim.

- Marco, você tem dezessete anos. Não acha que é um passo muito definitivo pra se tomar nessa idade? Você é muito jovem!

- O senhor tem razão, mas eu quero...

- Você vai ter que pedir autorização aos seus pais. Eles já sabem dessa sua decisão?

- Não, mas... achei que o senhor teria que consentir primeiro pra eu poder pedir pra eles.

Rotemberg passou a mão pela nuca, sem saber o que dizer.

- Eu não sei...

- Eu amo a Amanda, professor, e ela a mim. A gente não ficou junto até agora por acaso e sei que, dentro de nós dois, nós queremos ficar juntos pro resto da vida. Eu pelo menos queria e quero. Eu não sei se ela vai ficar boa ou não, mas não quero que ela... morra, sem eu ter feito nada pra gente ficar junto. Eu quero estar ligado a ela de alguma forma, se isso acontecer.

- E se ela acordar, depois disso? Você não tem nem maturidade nem condições pra sustentar um casamento. Ainda está terminando o colégio!

- Se ela não morrer... ela decide o que fazer. Se continua casada comigo ou... se anula tudo. Eu não quero e não posso forçar nada. Só quero garantir que ela não vai morrer sem mim.

Os olhos dele encheram-se de água. Rotemberg ficou olhando para ele e balançou a cabeça, concordando. Marco sorriu entre as lágrimas, aliviado.

- Obrigado... Muito obrigado...

Antônio relutou ao ouvir a decisão do filho, quando chegou em casa do trabalho, à noite.

- Você tem dezessete anos, Marco Antônio!

- Pai, a Amanda está morrendo com dezesseis, por que eu não posso me casar com dezessete? Até uns dias atrás, ela estava cheia de vida, com um futuro lindo pela frente, viva! Agora ela está numa cama, respirado por máquinas!

- Por sua causa! - Antônio gritou.

- Antônio! - Laila gritou também.

- Eu não vou nem te responder... meu pai, Marco disse, em voz baixa. – Não é você que está dizendo isso pra mim.

Antônio foi até a janela e procurou acalmar-se. Depois se voltou e falou:

- Será que, se você estivesse no lugar dela, ela teria a mesma idéia?

- Não me importa. Eu tive a ideia e preciso que você concorde. Se você não concordar e ela morrer... eu nunca mais falo com você...

- Ah, é ameaça? Meu filho agora está me ameaçando. Aprendeu com o Otávio?

- É parecido. Ele queria me matar. Eu morro pra você...

- Marco, você ficou doido! Vocês namoram há pouco mais de dois meses... Só um doido se casa com uma garota a quem conhece tão pouco!

- Concordo, mas depois de tudo que já aconteceu com a gente e quando essa garota está morrendo...

Marco não conseguiu continuar falando. Sentou-se no sofá e escondeu o rosto nas mãos, chorando. Laila foi sentar-se ao lado dele, colocando o braço em suas costas, chorando também.

- Já pensou no que vai acontecer, se ela não morrer? - Antônio perguntou, emocionado também, mas tentando ser firme.

- Eu vou ser o cara mais feliz do mundo!

- Sem condições de sustentar uma mulher!

- Droga, pai! Ela não vai ser minha mulher, só por causa de uma cerimônia religiosa! A sociedade exige um pouco mais do que isso... Eu não quero me casar com ela pela convenção, nem pra ter uma argola de ouro no dedo ou por sexo! Eu só quero um ato religioso que me una a ela num campo bem superior a tudo isso... já que a sociedade exige. É evidente que, se ela estivesse bem, eu nunca iria pedir isso agora. Que espécie de idiota você acha que eu sou? Eu não posso e nem quero casar tão cedo por mil motivos, ainda mais com ela! Não teria condições de dar pra ela o que ela tem com o pai. O que eu quero agora é... prender ela a mim... porque eu estou sentindo... que ela vai me escapar... se eu não fizer alguma coisa...

Marco abraçou-se a mãe, soluçando muito. Laila olhou para Antônio e pediu, com voz tranquila, chorando também:

- Por favor, meu bem...

Antônio foi até a cozinha sem pressa, fez dois copos com água e açúcar e trouxe para os dois. Sentou-se na poltrona e falou, mais calmo:

- Eu posso até permitir essa... loucura... com uma condição.

Marco olhou para ele, depois de beber a água e ouviu, atento.

- Se ela sobreviver... e eu também torço pra que isso aconteça... você vai continuar solteiro, morando comigo e sua mãe, vai terminar o colégio e quando terminar o colégio, vai começar a trabalhar comigo na imobiliária ou arrumar outro emprego qualquer e aí sim, vai poder fazer o que você quiser da sua vida.

Marco sorriu, enxugando o rosto, e Laila também, apertando sua mão.

ME CONCEDE A MÃO DE SUA FILHA?

PARTE II

OBRIGADA E BOM DIA!

SONHAR AINDA É DE GRAÇA!

Velucy
Enviado por Velucy em 04/10/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6467401
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