MANDY - ME CONCEDE A MÃO DE SUA FILHA? XI - PARTE 5

V – ME CONCEDE A MÃO DE SUA FILHA?

À noite, quando chegou em casa, Marco encontrou a mãe na cozinha, lavando a louça.

- Oi, filhote! - ela disse sorrindo, ao vê-lo entrar.

- Oi, ele respondeu, beijando seu rosto, não parecendo muito animado.

- Alguma novidade?

Ele balançou a cabeça, negando. Apanhou o pano de prato e encostou-se na pia, começando a enxugar a louça que ela lavava.

- O médico disse que, ontem à noite, a Amanda mexeu os dedos da mão esquerda...

Laila olhou para ele surpresa, sorriu.

- Verdade? E isso não é novidade?

- Ele acha que isso foi um reflexo involuntário do músculo, que ela não sentiu nada. Ele diz que pode ser um progresso... mas muito remoto.

- Marco, eu acho que a gente tem que se apegar a tudo de novo que acontecer, no caso dela, agora. Dar um passo e cair é uma corrida pra quem nem pode andar, filho.

Ele sorriu.

- É... talvez... Mas eu ouvi uma velhinha dizendo que... pacientes em estado grave sempre passam por uma recuperação espantosa... antes de morrerem.

- Marco!

- Foi o que ela que falou, mãe!

- Pra você? Por que se falou...

- Não. Eu estava perto e ouvi.

- Mas você não deve dar ouvido a tudo que dizem, ainda mais num hospital, meu bem.

- Você e o papai sempre me disseram que os velhos sempre têm razão. O que mudou agora? Só porque, fatalmente, coincide com o caso da Amanda e eu? Eu estive lá com ela a tarde inteira; está tão inerte quanto antes. O que você quer que eu pense?

- Que você não pode desanimar agora, depois de ter colocado uma aliança no dedo da mão esquerda dela. Você é marido dela, meu amor.

Marco olhou para a aliança em sua mão e jogou o pano de prato na mesa.

- Marido...

E saiu da cozinha, nervoso.

- Marco...

- Vou tomar um banho. Estou com cheiro de hospital!

Na sexta-feira seguinte, o quadro de Amanda estava na mesma. Marco tinha ido ficar com ela toda a tarde, depois da aula e, naquele dia, resolveu passar pelo clube, para pedalar um pouco e tentar tirar ideias confusas e negativas da cabeça.

A tarde fria de maio estava castigando, mesmo quem estivesse bem agasalhado. O vento batia em seu rosto feito faca, mas Marco não sentia.

De repente, viu André e Caio, sentados num banco por ali e ele parou a certa distância. Os dois rapazes também o viram e levantaram-se para se aproximar.

- Oi, Marco, disse André.

Ele não respondeu; subiu novamente na bicicleta e ia se afastar, mas André o fez parar.

- A gente queria falar com você. Não queremos fazer nada de mal, só conversar.

- O que vocês tinham que fazer de mal, já fizeram, Marco disse. - Nada que vocês façam me atinge mais. E a gente também não tem mais nada que conversar.

- Nós queríamos pedir desculpas, falou Caio.

Marco olhou para ele e começou a rir.

- Pedir desculpas? Pra mim? Peçam desculpas pra Amanda, quando ela acordar... se ela acordar! E mesmo que ela acorde, não acredito que vocês dois vão conseguir tirar isso das suas consciências. Espero que os dois tenham filhos iguaizinhos a vocês, se chegarem a achar idiotas que queiram dividir suas vidas com vocês!

- A gente se arrependeu, cara! - disse André. – Isso não vale? Não conta? Estava tudo errado, desde o início. O Otávio era um doido e a gente... entrou na dele feito patos... por despeito, por inveja de você. Ninguém esperava que ele fosse chegar tão longe. Nós pensamos que ele quisesse só dar um susto em você.

- E ele deu. O maior susto que ele poderia me dar mesmo era machucar a Amanda. Foi inteligente da parte dele.

A voz de Marco saiu com amargura.

- Mas nós não queríamos que ela se machucasse. Ele só dizia que era doido por ela e a gente pensou...

- A palavra certa: doido! Ele devia estar num hospício e vocês na cadeia! Não foram presos, porque nessa droga desse país, menor ainda se safa das burradas que faz!

- A gente foi expulso do Paralelo...

- Jura?! Que injustiça! - Marco falou, sarcástico. – Era o mínimo que o Rotemberg podia fazer, já que a lei não pode fazer nada.

- A gente vai ter que terminar colégio em outra escola, longe do bairro...

- Isso não é nada. Vocês ainda vão poder terminar o colégio... A Amanda pode não ter essa chance! - Marco gritou, chorando.

Os dois ficaram em silêncio. Caio chorava também. André chegou mais perto de Marco e, sinceramente arrependido, falou:

- Eu sei... A gente realmente sente muito, Marco. Estamos arrependidos. Tudo o que você falou é verdade e a gente aceita, mas estamos arrependidos, muito mesmo e... torcendo pra ela ficar boa logo. É sério, cara.

Marco enxugou o rosto e ficou olhando para os dois. Viu sinceridade em seus olhos.

ME CONCEDE A MÃO DE SUA FILHA?

PARTE V

OBRIGADA E BOA TARDE!

SONHAR AINDA É POSSÍVEL

PODEMOS SONHAR QUE O NOSSO PAÍS SERÁ BEM

MELHOR DEPOIS DE DOMINGO...

Velucy
Enviado por Velucy em 05/10/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6468513
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