MANDY - ME CONCEDE A MÃO DE SUA FILHA? XI - PARTE 6

VI – ME CONCEDE A MÃO DE SUA FILHA?

Marco enxugou o rosto e ficou olhando para os dois. Viu sinceridade em seus olhos.

- Tudo bem. Embora eu ainda ache que não é pra mim que vocês devem pedir desculpas... Um dia, eu li... que a gente tem que primeiro... tirar o entulho do terreno... pra poder construir alguma coisa. Eu queria muito poder construir minha vida com a Amanda... não sei se vou poder fazer isso, mas... eu não quero guardar entulho nenhum...

Ele subiu na bicicleta.

- Tchau. Tenham uma boa vida.

Marco saiu dali com vontade realmente de tirar todo entulho de sua vida. Sentiu vontade de falar com Otávio, que era a última pessoa dessa história com quem ele ainda não tinha falado e do qual não sabia nada desde o acidente.

Imaginando que já não tinha mesmo nada a perder, foi até a casa dele.

Ao chegar frente ao local, parou a bicicleta diante da casa e ficou ali diante dela sem saber o que faria. O rapaz que morava ali tinha por pouco acabado com sua felicidade, e ele ainda não sabia se ela já não tinha acabado, pois Amanda estava viva, mas desacordada e não se sabia se voltaria à vida e quando.

Dentro da casa, a tia de Otávio passava pela sala e, ao olhar para a rua, através da cortina, viu Marco parado do outro lado e como já o havia conhecido quando ele foi perguntar sobre Otávio, no dia do acidente, ela foi avisar Otávio, que estava deitado em seu quarto. Ela chegou à porta do quarto que estava aberta e chamou:

- Vem ver uma coisa, Tavinho.

Ele estava com o braço sobre os olhos. Tirou o braço, olhou para ela e perguntou:

- Que foi?

- Vem até a sala. O rapaz do acidente está aí fora.

- Que rapaz do acidente, tia?

- Vem ver! Eu acho bom você chamar a polícia. Você não disse que a Amanda está em coma? Ele deve ter vindo fazer alguma coisa pra se vingar!

Otávio levantou-se depressa e foi ver o que ela estava dizendo. Olhou pela janela e viu Marco ainda parado, no mesmo local.

- O que será que esse cara quer aqui?

- Se vingar de você, o que você acha que ele quer!? Chama a polícia, Tavinho!

Eu não quero confusão na minha casa!

- Calma, tia! Eu vou até lá fora conversar com ele...

- Não! Você ficou maluco? Ele pode estar armado! E você esqueceu o que o juiz disse?

Otávio foi para a porta e com a mão na maçaneta, falou:

- Quem sabe ele não termina o que eu quis fazer e não consegui...

- Otávio!

- Minha vida sem a Amanda não vale mais nada, tia...

Ele abriu a porta e saiu devagar no pequeno jardim, olhando para Marco. O rapaz não se moveu e também olhava para ele. Otávio abriu o portão e saiu, parando na calçada diante da casa.

- O que você quer? - perguntou.

- Falar com você... Marco respondeu.

- Eu não posso chegar a menos de vinte metros de você nem da Amanda, o juiz determinou. Se me virem, eu posso ser preso.

- Fui eu que vim até aqui. Eu não vou contar pra ninguém.

- Quer falar o quê? Você está armado?

Marco riu e balançou a cabeça.

- Não... O doido aqui é você. Eu nunca tive nem estilingue...

- Se veio até aqui tripudiar em cima de mim, vai dando o fora...

- Eu quero te fazer um pedido.

Otávio franziu a testa.

- Pedido?

- É, quero... que você me libere da promessa que eu fiz pra você lá naquele terreno baldio...

- Você ficou doido...

- Talvez... A Amanda está deitada numa cama, em coma, e não se sabe se ela vai sobreviver, acordar... Você deve saber.

Otávio atravessou a rua e chegou mais perto dele.

- Sei sim, ele disse, com os olhos brilhando pela emoção.

- E eu já quebrei a promessa... Eu me casei com ela no sábado...

- O quê?!

- Foi isso que você ouviu. Ela está casada comigo... e, se ela morrer, não vai ser mais nem minha nem sua. Então, não tem sentido a promessa.

Os olhos de Otávio se encheram de água. Ele fechou os olhos, passou a mão pela cabeça e deu as costas, desnorteado, sem acreditar no que ouvia. Marco chorava também, em silêncio.

- Foi pra isso que você veio até aqui, cara?! Teria sido melhor vir me dar um tiro na cabeça!

- Eu só vim te dizer que... nessa guerrinha besta que você começou, nenhum de nós ganhou... mas eu te perdôo... se você me perdoar...

- De que planeta você veio, cara? Eu quase matei você, praticamente matei a garota que eu amo e você diz que me perdoa?

- Por isso mesmo, porque você ama a Amanda e eu entendo isso agora. Eu não quero ter que passar por isso na outra vida. Dói demais. Então a gente pode acertar isso de uma vez agora. Zerar tudo... Me libera dessa promessa...

Otávio ficou olhando para ele por uns segundos e enxugou o rosto.

- Eu te chamei de maricas um monte de vezes, mas devo admitir: você é o cara mais corajoso que eu já conheci. Ter a coragem de vir até a minha casa dizer que se casou com uma garota que eu amo e que está em coma numa cama de hospital. Eu não posso e nem tenho o direito de te perdoar, mas eu não quero nunca mais cruzar com você no meu caminho.

Otávio deu as costas para se afastar, mas voltou-se e perguntou:

- Que você vai fazer, se a Amanda acordar? Você tem dezessete anos!

Marco pensou por um momento e respondeu, com lágrimas escorrendo por seu rosto:

- Eu vou voltar a viver... porque eu não estou conseguindo fazer isso agora...

- Somos dois, nessa, parceiro. Ao menos concordamos em alguma coisa... mas, pelo menos... você vai ter a Amanda...

Otávio deu as costas e atravessou a rua correndo.

Marco olhou para o céu, cinza de inverno e disse:

- Eu tentei...

ME CONCEDE A MÃO DE SUA FILHA?

PARTE VI

OBRIGADA E BOM DIA!

VOTAR É OBRIGATÓRIO, MAS SONHAR AINDA É DE GRAÇA!

Velucy
Enviado por Velucy em 06/10/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6468888
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