MANDY - AR & MAR XII - PARTE 1

I – AR & MAR

Manhã de domingo.

Marco se trocou logo cedo e resolveu ir ao hospital para ver Amanda.

- Acordou tão cedo! Já vai sair? - Laila perguntou, quando o viu entrar na cozinha, recebendo o beijo dele.

Marco se sentou à mesa e apanhou uma fatia de pão com manteiga.

- Vou até o hospital. Não me esperem pra almoçar. Só venho à tarde.

- E eles deixam? - Antônio perguntou, sentado à mesa diante dele.

- Deixam. Eu já virei coqueluche do hospital, não contei não?

Marco parou e pensou no que tinha dito.

- Eu sei... Foi uma comparação infeliz. Mas enfim, todo mundo lá já conhece o marido mais solteiro do mundo, ele falou, sorrindo.

- Filho...

- É sério, mãe! As enfermeiras não cansam de chegar pra mim, quando eu estou com a Amanda e dizer: “Vocês formam um casal tão bonitinho!” E as mais velhas ainda acrescentam: “Duas crianças, meu Deus!”

- Pelo menos o humor dele está voltando, Antônio disse, tomando um gole de café.

Marco riu.

- Eu estava com saudade desse sorriso, amor, disse Laila.

- Meu horóscopo diz que hoje está ótimo pra reatar antigas relações. Quem sabe eu não consigo reconquistar minha esposa?

Ele levantou-se, mastigando um pedaço de queijo, e beijou a mãe novamente.

- Tchau.

- Não quer o carro? - Antônio perguntou.

- Não, vou de bike, é mais rápido.

- Desfazendo do meu carro!?

Ele nem respondeu, saiu. Laila estava sorrindo, mas o sorriso se desfez em seu rosto. Sentou-se diante do marido.

- Estou estranhando vê-lo assim. Esteve tão irritado, nervoso, nesses últimos dias... ela disse, com um suspiro.

- E não é pra menos. Eu nem sei como eu estaria. Isso já dura quase um mês. Ele vai acabar passando o aniversário com ela no hospital.

- Melhor passar com ela no hospital, do que passar sem ela. O Marco vai enlouquecer, sem essa menina... Ah, meu Deus! Não quero nem pensar.

Antônio não fez comentário.

Marco nem precisava pedir permissão às enfermeiras para subir ao quarto de Amanda. Ele sorria, acenava e tudo bem.

A porta do quarto, sempre aberta, deixava o quarto menos sombrio. A enfermeira de sempre havia acabado de trocar as roupas de cama e ajeitava algumas flores que haviam chegado, num vaso.

- Bom dia, Deise! - ele cumprimentou.

- Bom dia, Marco! Como vai?

- Bem, ele disse, aproximando-se de Amanda e beijando sua testa; depois olhou para as flores. – Que lindas! Quem mandou essas?

- Tem um cartão aqui.

Ela retirou o cartão e entregou a ele, que leu.

- É do Supervisor do Paralelo, poxa! Viu só, Mandy? Estamos ficando importantes!

A enfermeira sorriu e perguntou:

- Por que você a chama de Mandy?

- É uma longa história. Mas resumindo: é o nome dela em Inglês.

- Ah!

- O pai dela já esteve aqui hoje? - ele perguntou.

- Ele dormiu aqui. Foi pra casa tomar um banho e comer alguma coisa mais consistente que a nossa comidinha branquela e volta mais tarde.

- Hum... ele fez, inclinando-se na cama e observando de perto o rosto de Amanda. – Ela está tão pálida, não?

- Isso é normal. Ela já é clarinha.

- Mas não assim... ele disse, acariciando o rosto de Amanda. – Que bom que já tiraram aquele curativo horroroso da testa dela.

- Foi tirado ontem à noite. Só que ela ficou com essa pequena cicatriz...

- Eu também tenho, no mesmo lado, ele disse sorrindo, levantando o cabelo e mostrando a testa.

- Nossa! Que coincidência. Que foi isso?

- É outra longa história. Te conto com calma qualquer dia.

- Vocês dois são cheios de longas histórias, mesmo sendo tão jovens. Bem, eu vou deixar vocês a sós. Qualquer coisa que precise ou aconteça, é só apertar a campainha. Você já sabe.

- Sei, já conheço os mecanismos. Tomara que eu precise usar... quando ela acordar.

Ela sorriu e saiu, empurrando o carrinho com a roupa suja. Marco apanhou uma cadeira e sentou-se junto da cama, segurando a mão de Amanda. Encostou o rosto na mão dela e ficou olhando para seu rosto.

- Faltam cinco dias pro meu aniversário, queijinho. Você sabe, não é? Quinta feira... Se você não estiver aqui comigo e insistir em ficar fazendo companhia aí pros anjinhos, fora de hora, eu vou ficar muito decepcionado, gata! Eles ainda não têm a posse total e irrestrita de você. Metade de você ainda está aqui, comigo.

Ele continuou olhando para o rosto dela, sereno e silencioso.

AR & MAR

PARTE I

OBRIGADA E BOA TARDE!

SONHAR AINDA É DE GRAÇA!

Velucy
Enviado por Velucy em 06/10/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6469220
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