AMANDA II - NINHO (1989) I - PARTE 7

VII – NINHO (1989)

- Vocês vão se casar? - Cleo perguntou.

Marco apenas balançou a cabeça, confirmando.

- Isso tem alguma coisa a ver com essas alianças nos dedos de vocês? - perguntou Alba.

Marco olhou para a própria mão e respondeu:

- É... mais ou menos.

- Mas você tem dezoito anos, cara! - Eugênio exclamou. – Amanda tem o quê? Quinze?

- Dezessete, ela disse, rindo.

- Posso fazer uma pergunta indiscreta, Marco? - Alba continuou.

- Claro...

- Por que na mão esquerda e de ouro? Aliança de compromisso a gente usa na mão direita e costuma ser de prata. Vocês são noivos ou o quê?

Marco segurou a mão de Amanda e respirou fundo.

- É uma longa história, Alba.

- Mas que idade vocês têm pra já terem uma história tão longa assim? - Rubens perguntou.

- Êh, gente, que xeretice! - falou Heleninha. – Vocês sabem se o Marco quer contar alguma coisa pra gente? Vamos respeitar a privacidade do casal.

- Não é segredo, Baixinha. Mas eu não quero falar sobre isso hoje, nem aqui.

- Pronto, então chega de papo, disse Eugênio.

- Tem razão, falou Marco, levantando. – A gente já tem que ir mesmo.

- Mas já? - Eugênio perguntou.

- Amanhã a gente se vê, no jogo, disse ele.

- Não pode ficar mais um pouco? - falou Chu. – Ainda é cedo e hoje é sábado, cara.

- A gente começou a mexer no apartamento, hoje. Estou só o pó. Quero dormir cedo, senão amanhã não consigo dar um passo, imagine jogar futebol...

- Você fica, Teo? - Eugênio perguntou.

- Não, eu vou nessa também. Vou aproveitar a carona. A gente se vê, amanhã.

- Tchau, gente.

- Tchau, disseram todos.

Quando os três se afastaram, Claus apoiou a cabeça na mão e suspirou.

- Que coisa mais gostosa, meu Deus do céu! Que gata!

- Olha o respeito, Claus! - bronqueou Heleninha. – O Marco é super legal com a gente, não merece isso.

- Ele não está mais aqui, Helena. Já foi. Eu, hein! Pra que tanto estresse? A garota é linda mesmo. Até o Rubens disse em voz alta, na frente dele, por que eu não posso sonhar pelas costas dele?

- O Rubens não quis desrespeitar ninguém. Você... já não sei...

- Acho bom você baixar essa bola, mesmo, Claus, disse Chu. – Numa dessas, você se trai na frente dele e aí o bicho pega. O Marco é novo no grupo, mas não parece ser bobo, não.

- Querem saber? Eu vou pra casa do seu Jarbas. Lá tem festa hoje e eu quero terminar a noite bebendo todas. Não me esperem acordadas, meninas! - disse para Eugênio e Rubens. – Fui!

Ele deu um beijo em Cleo e afastou-se do grupo, saindo da pizzaria.

Marco levou Amanda em casa e depois deixou Teo na frente da sua. Chegando lá, depois que o carro parou, Marco perguntou:

- E aí? Ainda com o pé atrás com a minha nova turma?

- É uma turminha legal. Eles todos já se conheciam antes?

- Todos. Vieram todos do Maria Montessori. O Rubens, o Eugênio e o Claus estudam juntos desde a quinta série, na mesma sala. O Chu poderia estar também, mas enjoou da escola por uns tempos e quando voltou, fez tudo de uma vez, num estadual e fez o colégio lá. A Alba e a Cleo estão desde o pré, juntas, na mesma escola também.

- Você é o único que veio de fora, Teo falou.

- Sou, mas nem fui eu que entrei no grupo. O Chu foi o primeiro que veio falar comigo no primeiro dia de aula e fora do prédio da Anhembi/Morumbi. Eu estava meio sem vontade de falar com ninguém por causa de tudo que tinha acontecido no fim do ano e ele percebeu e puxou papo. Ele é muito legal. Louco demais, mas gente muito boa.

- A Cleo é uma gracinha, comentou Teo.

- Eu percebi que você conversou bastante com ela. Gostou?

- Sei lá! Muito cedo pra dizer... só sei que ela é uma gracinha.

- Precisando de um cupido, pode contar comigo. Já está me deixando preocupado, amigo. Não namora ninguém há meses.

Teo ficou em silêncio.

- Ainda pensa na Lídia?

- Você sabe que sim...

- Teo, pelo amor de Deus, desencana dessa garota, cara. Ela não é pra você. Nunca foi. Isso é masoquismo.

- Vira o disco, tá, Marco? A Lídia é problema meu. Deixa isso comigo.

- Não, não deixo não. Eu ainda me sinto um pouco culpado por isso e quero te ajudar.

- Logo, logo você vai entrar numa igreja de verdade com a Amanda e a Lídia vai ter que te esquecer. E quando isso acontecer... eu quero estar por perto.

- Burrice! Onde está teu orgulho, cara? Parte pra outra. Investe na Cleo! Ela não namora ninguém e acho que gostou de você também.

Teo olhou para ele e sorriu, balançando a cabeça.

- Você ainda cresce...

- ‘Tá falando do quê, cara?

- Você é tão apaixonado pela Amanda que não percebe mais nada e nem ninguém a sua volta.

- Quer falar português?

- A Cleo não tirava os olhos de você, Marco. Ela disfarça bem, mas está parada na sua.

- Ah, não, gente, espera aí! - Marco disse, passando as mãos pelos cabelos. – Você está sonhando. Não é nada disso!

- Você devia ter contado a história toda hoje. Acho melhor você dizer logo pra ela que é casado, senão vai ter outra Lídia no seu pé.

- Não tenho que dizer nada. Não vou ficar usando isso como desculpa pra me afastar de ninguém. Essa tese sua é imaginação. Quer saber? Não quero mais falar sobre isso.

- Chato ser gostoso, não é, amigão? - Teo perguntou, sorrindo triste.

- Vai dormir que o teu mal é sono, Teo. Boa noite, tchau. Sai do meu carro.

Teo saiu do carro, fechou a porta e apoiou-se na janela, dizendo:

- Valeu pelo passeio. Boa noite, Imperador.

- Tchau, vai pela sombra.

Teo riu e se afastou do carro, acenando, depois que Marco se afastou, buzinado duas vezes.

NINHO (1989)

PARTE VII

DEUS ESTÁ EM TODAS AS COISAS

OBRIGADA E QUE ELE LHES DÊ UM BOM DIA!

SONHAR FAZ PARTE DO CRESCER E AINDA É DE GRAÇA!

Velucy
Enviado por Velucy em 11/10/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6473272
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.