AMANDA II - NINHO (1989) I - PARTE 8

VIII – NINHO (1989)

Marco voltou para casa, pensando no que Teo havia falado sobre Cleo. Não estava disposto a viver a mesma história vivida com Lídia no Paralelo e ia fazer de tudo para impedir isso.

Ao entrar na garagem, Max aproximou-se e veio recebê-lo. Marco saiu do carro e passou a mão por seu pelo macio. Entrou com ele pela cozinha, onde Laila estava preparando bolinhos de chuva para um lanche noturno.

- Hum, que cheiro bom!... Boa noite, mãe! - ele disse, abraçando a mãe pelas costas e beijando seu rosto.

- Boa noite, meu amor! Tudo bem? Como foi o dia? Não te vi o dia inteiro.

- Foi ótimo, ele disse ainda abraçado nela e apoiando o queixo no ombro dela, com as mãos sobre sua barriga. – Você não devia estar deitada ou sentada em algum lugar, paradinha, descansando essa barriguinha, assistindo televisão com o velho, não?

- Senti fome. Seu pai saiu e eu imaginei que você fosse querer comer alguma coisa diferente, antes de dormir.

- Comi pizza até dizer chega. O papai foi aonde?

- Aniversário de casamento do Kirner. Ele nem queria ir, mas eu insisti. Eles são amigos há tanto tempo.

- Kirner? Que Kirner?

- Jarbas Kirner, você não deve se lembrar dele. Ele veio pela última vez aqui em casa quando você tinha uns... dez anos. Esteve na Alemanha por alguns anos a negócios, voltou há pouco tempo e ligou pro seu pai outro dia, convidando pra festa de aniversário de casamento dele.

- Kirner... Esse nome não me é estranho, disse ele, sentando-se à mesa.

Pensou um pouco e lembrou-se.

- Kirner, claro! Eu tenho um colega de faculdade com esse nome: Claus Kirner.

Laila olhou para ele surpresa.

- Você está brincando...

- Não, é sério. Será que é só coincidência?

- Não, o Jarbas tem um filho com esse nome. Ele tinha doze anos quando veio com o pai até aqui. Você não se lembra?

Marco encostou-se na cadeira e pensou.

- Ah, não, mãe! Não me diga que aquele pentelhinho que quebrou o controle do meu primeiro autorama é meu colega de faculdade agora?

- Deve ser, ela falou, sorrindo.

- Eu me lembro. Era um garoto sardento, branco feito pastel de queijo, vestido num terno da mesma cor que ele, todo cheio de pose.

- Isso mesmo: Claus Kirner. O pai dele e o seu pai eram e são ainda muito amigos. Ele era sócio da Marco Empreendimentos Imobiliários também. Depois ele partiu para o próprio negócio e se desligou. Agora ele tem sua própria empresa aqui no Campo Limpo.

- Eu não acredito...

- Vocês são amigos?

- Somos... e não somos. Ele faz parte do meu grupo de trabalho na Anhembi/Morumbi. Ainda não dá pra dizer que eu tenho amigos lá, a não ser o Chu. Esse praticamente me adotou. Ele me trata como amigo desde o primeiro dia. Agora o Claus... não quebrou nada meu ainda, mas... continua cheio de pose e tem gostos bem diferentes de mim.

- Como assim?

- Ah, ele... bebe e fuma um pouquinho demais pro meu gosto, mas eu vou ter que me acostumar com isso, não é? Não estou mais no colégio.

Laila riu.

- Por que você deixou o pai ir sozinho? Ele tinha mais era que ficar com você aqui.

- Eles eram muito amigos, filho, falou ela, colocando os bolinhos sobre a mesa. - E seu pai precisa se distrair um pouco.

- Que história é essa de se distrair? Meu pai nunca foi de se distrair sem você.

Laila sentou-se à mesa e começou a mastigar um bolinho, pensativa e parecendo triste.

- Mãe... O que está havendo? Vocês brigaram?

- Não... Ainda não...

- Ei! Ainda não? Quer dizer que ainda vão brigar, é isso? Vai, me conta. O que é que houve?

- Não é nada sério... É que ele quer colocar... uma empregada pra trabalhar aqui e eu... não quero.

- Mas nisso eu estou com ele e não abro. Você está sendo muito teimosa, dona Laila. Não ia fazer mal nenhum. Aliás, já devíamos ter uma há muito tempo, mesmo antes de você engravidar, mãe.

- Eu sempre dei conta de tudo sozinha. Gosto de cuidar de vocês dois eu mesma.

- Mas, mãe, agora é uma outra situação. Você tem uma pessoinha aí dentro pra se preocupar. Se você não pensa em si mesma, pense no bebê!

- Ele está bem.

- E quem garante que vai continuar, se você ficar teimando em não se cuidar? Você ouviu o que o médico disse. Você ainda é uma gata, mas não tem mais vinte anos. Imagina se você tem alguma coisa sozinha aqui em casa, hein? Eu sei que ele liga de hora em hora pra saber como você está. Fica tenso, preocupado com você o dia inteiro aqui, sozinha.

- A Débora vem me ajudar de vez em quando...

- Mãe, a Débora não mora aqui e também tem o que fazer na casa dela e tem o Júlio pra cuidar. Legal que ela venha, mas você precisa de alguém que fique com você integralmente, pelo menos até o bebê nascer.

- Gente estranha cuidando da minha casa, Marco...

Marco sorriu e segurou as mãos dela.

- Com ciúmes da casa, dona Laila? Eu não acredito. Que bobagem!

Ela ficou olhando para as mãos dele segurando as suas e seus olhos se encheram de água.

- Você anda tão chorona. Acho isso divertido pra caramba. Era assim quando você estava me esperando?

Ela balançou a cabeça confirmando e sorrindo, entre as lágrimas. Marco beijou sua mão e encostou o rosto nela.

NINHO (1989)

PARTE VIII

DEUS ESTÁ EM TODAS AS COISAS

OBRIGADA E QUE ELE LHES DÊ UM BOM DIA!

SONHAR FAZ PARTE DO CRESCER E AINDA É DE GRAÇA!

Velucy
Enviado por Velucy em 11/10/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6473347
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