AMANDA II - NOVOS AMIGOS II - PARTE 6

VI – NOVOS AMIGOS

Marco ficou em silêncio.

- Ele me comparou a você! Me colocou como seu oposto! Como o negativo da sua fotografia.

- Para com isso! - Marco falou em voz baixa.

- Não são palavras minhas. São palavras do meu pai... e se você ficou incomodado em ouvir isso, imagine o que eu senti. Como é que eu poderia ser o filho perfeito, se eu nunca tive um pai perfeito?

- Claus, eu não acredito que vou ter que dizer isso pra um cara da sua idade... mas não sei se você sabe, não existe ninguém perfeito. Você está agindo feito criança.

A campainha tocou e Marco foi atender. Era Chu, com Rubens e Eugênio.

- Oi, Marco, ele está aí ainda?

Marco abriu caminho para os três.

- Poxa, cara, a gente procurou por você a noite inteira! - diz Eugênio.

- Eu não sou criança, português. Estou bem. Só meio tonto.

- Você vai voltar pra Liga, não vai?

Ele olhou para Marco e respondeu:

- Vou.

- Então vamos logo. Você já deve ter enchido o saco do Marco, disse Rubens, puxando o rapaz pelo braço.

Quando estavam passando por Marco, Claus parou e perguntou:

- Você não vai deixar o grupo, vai?

- Eu já disse que não.

- Desculpa o mau jeito. Você é diferente do que eu pensei.

Marco não disse nada. Rubens, Eugênio e ele saíram. Chu ficou.

- Deu muito trabalho?

- Cara, eu nunca me vi numa situação igual. Por que você não me avisou que ele ficava assim? Eu podia ter me prevenido.

- Como a gente ia adivinhar que o pai dele era amigo do seu pai? É a coincidência mais infeliz que eu já vi. Ele saiu do nosso encontro ontem e foi pra festa do pai e lá eles quebraram o pau, quando o pai dele falou do amigo que tinha um filho e...

- Ele já me contou essa história absurda... Chu, eu não tinha ideia... Alguém tem que ajudar esse cara.

- Já tentamos de tudo. Tudo. Ele não admite precisar de ajuda... médica, pelo menos. Não admite estar doente.

- Ele odeia o pai, essa é a doença.

- E como é que se cura isso? Quem nunca sofreu disso, não pode dizer, não é?

Marco não respondeu.

- Não encuca, não, Marco. Essa não é a primeira crise do Claus e... acho que não vai ser a última.

- E a gente vai se conformar com isso e ficar esperando a próxima? Um dia ele aparece morto e...?

- Tem uma solução melhor do que estar sempre perto dele pra que isso não aconteça?

- Sei lá... Ele é maior de idade. Não pode ser tratado feito uma criança, cheia de babás. Isso é... humilhante.

- Eu concordo... mas ele não...

- Como alguém pode gostar de se destruir desse jeito?

Chu deu de ombros como quem diz: “Fazer o quê?”. Bateu no ombro de Marco e despediu-se:

- Tchau, cara. Até amanhã.

- Chu!

- Que é?

- O Rubens e o Eugênio também estão nessa?

- Não. Pode ficar sossegado. Nossa turminha só tem um aloprado. O resto é tudo careta, como você.

Marco sorriu.

- Tchau. Até amanhã.

Chu saiu, Marco ainda ficou olhando para os quatro se afastarem, depois entrou rapidamente, lembrando-se de Amanda. Correu até o quarto e a encontrou ouvindo música no aparelho de som dele. Aproximou-se e sentou ao lado dela. Beijou seu rosto.

- Oi... ela disse.

- Oi, desculpa...

- Ele já foi?

- Já.

- O que ele tinha?

- Um monte de problema...

- Hum...

- Vou te levar pra casa.

- Eu vou sozinha. Eu vim sozinha, volto sozinha. Fica aqui. Não precisa me levar lá fora...

- Tem certeza?

- Tenho. Fica esperando seus pais. Até amanhã.

- Até...

Ela saiu. Marco apoiou-se na escrivaninha e fechou os olhos, apertando-os com força com as duas mãos.

Quando Antônio e Laila chegaram, quase dez da noite, ele estava esperando por eles, mas não disse nada sobre a estada de Claus na casa. Achou melhor não aborrecer o pai com isso. Não sabia até que ponto aquilo atingiria sua vida, por enquanto, e resolveu esperar para ver até que ponto o rapaz podia precisar dele.

NOVOS AMIGOS

PARTE VI

DEUS ESTÁ EM TODAS AS COISAS

OBRIGADA E QUE ELE LHES DÊ UM BOM DOMINGO!

SONHAR FAZ PARTE DO CRESCER E AINDA É DE GRAÇA!

Velucy
Enviado por Velucy em 14/10/2018
Código do texto: T6475660
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