AMANDA II - PRIMEIRA CENA DE CIÚME III - PARTE 1

I – PRIMEIRA CENA DE CIÚME

Na manhã seguinte, na faculdade, ninguém tocou no assunto, nem mesmo Claus, que estava normal como todos os dias, apenas com algumas olheiras que no máximo denunciavam uma noite de farra no dia anterior.

Ao entrar na sala já repleta de alunos, sempre o último a chegar, sorriu de leve para Marco, que anotava alguma coisa no caderno, e foi sentar-se no seu lugar no fundo da sala. Chu trocou um olhar com Marco e sorriram os dois.

- Está vendo? O bicho não é tão feio como pintam.

- É... É bem pior... Marco respondeu, voltando a olhar para o quadro e encerrando o assunto.

Na saída, Claus veio falar com ele, depois que o grupo todo se dispersou.

- Marco!

Ele parou e esperou, já perto do carro no estacionamento. Claus aproximou-se.

- Eu queria te pedir desculpas... por ontem. Espero que seu pai não tenha...

- Eu não disse pro meu pai.

- Não?

- Não aconteceu nada, ontem. Você está bem, não está? Eu ia acabar passando por bobo. O seu problema é só falta de amor próprio e respeito por você mesmo e pelas pessoas.

- Ei!

- Eu não tenho muito que dizer, Claus. Você é um cara inteligente, descolado, ou não teria passado no vestibular e não estaria aqui, estudando comigo na mesma universidade. Procura se olhar mais no espelho e rever o que você está fazendo com você mesmo por causa dos outros. Se seu pai não te dá o valor que você acha ter, você pode olhar em volta e perceber que tem muita gente que dá. Você não precisa dele. Cresce... porque ninguém vai fazer isso por você. Principalmente a sua amiguinha branca que você acha que te ajuda.

Claus não disse nada.

- Tchau, Claus. A gente se vê, amanhã.

Marco ficou olhando para ele, esperando que ele fosse embora. Claus viu que a conversa tinha realmente acabado por ali e balançou a cabeça, concordando.

- Tchau... A gente se vê...

O rapaz afastou-se. Marco respirou fundo e voltou-se para abrir a porta do carro, quando um homem de meia idade aproximou-se dele e, de maneira meio intempestiva, perguntou:

- Você é o Marco Antônio?

Marco olhou para ele surpreso e, depois de ver quem tinha perguntado, respondeu, meio indeciso:

- Sou eu... Quem é o senhor?

- Preciso falar com você.

- Sobre...?

- Uma garota chamada Débora. Eu sei que você sabe onde ela está morando e quero que me diga.

Marco não entendeu nada.

- Quem é o senhor?

- Eu sou o pai do André, o pai do filho dela.

Marco quase caiu das pernas.

- Pai do André?

- Isso mesmo. Eu quero saber onde meu neto está e sei que você sabe.

- Sinto muito, mas... a troco de que eu diria?

- Escuta aqui, rapazinho, eu não estou brincando!

- Nem eu...

O homem o segurou pela gola da jaqueta e ia agredi-lo, quando André apareceu correndo e o impediu, afastando-o de Marco.

- Pai, para com isso!

- Então me diga você onde ela está! - ele disse, soltando Marco e voltando-se para o filho.

- A Débora não quer mais nada comigo, pai! Esquece isso!

- Esquecer? Você tem um filho, seu moleque! Meu neto! Como eu posso esquecer?

- A Débora está casada, agora. O garoto já tem o nome do marido dela. Não adianta mais! Deixa o Marco e a Débora em paz!

- Não, eu não vou deixar ninguém em paz. Nem você, nem ele! Eu quero meu neto comigo!

Ele olhou mais uma vez para Marco e ameaçou:

- Isso ainda não acabou, rapaz. Você ainda vai me ver.

E ele afastou-se. Marco respirou fundo, tentando refazer-se da surpresa e olhou para André, sem fala.

- Desculpa, cara. Eu tentei evitar...

- Como ele ficou sabendo?

- Pelo delegado. Ele voltou da Bahia uma semana atrás e, num papo com ele, o cara soltou tudo e ele me colocou contra a parede. Quis saber por que eu estava procurando a Débora a ponto de ir pra cadeia por ela. Eu tive que contar. Ele ficou doido quando soube... da criança.

- Eu faço uma ideia...

- Eu não quero que ele aborreça a Débora, Marco. Não diz pra ele onde ela está, pro bem dela.

- Como ele me descobriu aqui?

- Ele foi até o Paralelo, investigou, perguntou até pro diretor. Não sei como não encontrou a Débora, lá. Dei graças a Deus. Acho que alguém que era da sala dela, no ano passado, disse que você estava metido nisso e deu a dica de que estava estudando aqui na Anhembi/Morumbi. Eu sinto muito.

- Alguma coisa me diz que não adianta você sentir muito, André. Ele já me viu e não vai me deixar em paz. Vou ter você no meu pé a vida inteira, enquanto for amigo da Débora e padrinho do seu filho. Mas eu acho bom você achar uma fórmula mágica que impeça seu pai de tirar o Júlio da Débora e do Aldo. Eles estão muito bem e felizes como estão.

André ficou em silêncio. Marco entrou no carro e foi embora.

PRIMEIRA CENA DE CIÚME

PARTE I

DEUS ESTÁ EM TODAS AS COISAS

OBRIGADA E QUE ELE LHES DÊ UM BOM DIA!

SONHAR FAZ PARTE DO CRESCER E AINDA É DE GRAÇA!

Velucy
Enviado por Velucy em 16/10/2018
Reeditado em 20/10/2018
Código do texto: T6477473
Classificação de conteúdo: seguro
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