AMANDA II - ARMANDO ANTÔNIO VI - PARTE 1

I – ARMANDO ANTÔNIO

À noite, Antônio tinha um jantar importante com sócios da imobiliária e não foi para casa com Marco. Ele, Laila e Débora jantavam juntos quando a campainha tocou. Marco levantou-se e foi atender. Era o pai de André.

- Eu preciso falar com você, disse ele, entrando antes que alguém convidasse.

- Ei, espera aí! Quem o senhor pensa que é pra ir entrado assim na minha casa?

- Cadê? Cadê a moça e meu neto? Eu soube que ela está trabalhando aqui.

Laila e Débora apareceram na sala e, ao ver o homem, Laila estacou e colocou a mão na barriga, assustada:

- Armando!

Ele também olhou para ela, surpreso.

- Laila!

- O que você... está fazendo aqui... na minha casa?

- Eu... Eu não sabia que você... morava aqui.

Marco ficou olhando para os dois sem entender nada.

- Vocês se conhecem?

Armando olhou para ele e disse, mais com tristeza do que com raiva agora.

- Então você é... Você é o filho dele... Filho de Antônio Carlos Ramalho...

- Armando... falou Laila, aproximando-se do filho e segurando seu braço. - O que você veio fazer aqui?

- Vim procurar pela garota que teve um filho com meu filho. Ela...

Armando voltou-se para Débora que baixou os olhos, envergonhada.

- Você é o pai do André? - Laila perguntou.

- Sou... Mas eu não esperava te ver aqui... Estava tão perto de mim o tempo todo e eu... Quanto tempo... Quanto tempo, meu Deus!

- Mãe, quer me explicar o que está acontecendo? - Marco quis saber.

- Filho, este é o... Armando, ele foi... meu noivo...

- Armando, o... discotecário?

Laila balançou a cabeça, confirmando, aflita. Marco começou a rir e foi sentar-se no sofá.

- Não pode ser. É impossível!

- Não tem graça, Marco.

- Claro que não tem. Estou rindo de nervoso. Isso é absurdo. O seu ex-noivo é pai do André, meu ex-colega de sala, que quase ferrou minha vida e que agora é pai do meu afilhado.

- Senta, Armando, convidou Laila. – Fique calmo.

- Não... Eu só queria ver meu neto e...

Ele voltou a olhar para ela, sem crer nos seus olhos.

- Você está tão bonita...

- Casada e grávida, interferiu Marco, levantando-se novamente, enciumado.

- Marco! - ralhou Laila. – Calma, filho.

- Grávida? Quantos filhos você tem com ele?

- Dois, respondeu Marco. – Ou um e meio, se preferir.

- Eu amei sua mãe como nunca mais consegui amar outra mulher na vida, rapaz.

- Mas pode ir tirando esses olhos melosos de cima dela, por favor.

- Marco! - Laila interferiu de novo.

- Esse cara quase me agrediu na faculdade, mãe.

- Armando!

- Eu não sabia que ele era seu filho, Laila! Nem tinha ideia! Como é que eu podia imaginar...

Ele sentou-se no sofá.

- Deu tudo errado pra mim, depois que você saiu da minha vida. Eu me casei com quem não gostava, tive dois filhos com ela, depois enviuvei e agora... o mais novo me apronta isso. Engravidou a namorada que se casou com outro e... Se eu tivesse ficado com você, não teria sido assim... Eu seria feliz agora...

Laila sentiu-se penalizada por Armando e pediu ao filho:

- Deixe a gente sozinho, Marco.

- Mãe...

- Por favor, filho.

Marco beijou a mãe e olhou feio para Armando, que não tirava os olhos dela.

- Qualquer coisa, grita, mãe.

Marco foi para seu quarto com Débora, onde Júlio César dormia.

Já sozinhos, Laila se sentou ao lado de Armando e, passada a emoção, ele perguntou:

- Você é feliz?

- Sou, muito. Não posso ser mais do que sou.

- Que ironia, não? Nossos filhos estudando juntos no mesmo colégio e eu nem sabia...

- Eu nem tinha ideia disso.

- Ele tem me dado muito problema... mas a maioria da culpa é minha mesmo. Eu viajo muito e nem sempre dá pra eu conversar com ele... Quando eu soube que a garota tinha tido um filho dele, fiquei louco. Ele mal fez dezoito anos...

- Mas já está tudo bem agora. Ela se casou com um bom rapaz que a ama muito. Você não precisa mais se preocupar.

- Como não, Laila? É meu neto. Meu sangue!

- Mas não tem o seu nome, Armando!

Ele se levantou e foi ficar junto da janela.

Enquanto isso, em seu quarto, Marco andava de um lado para o outro, preocupado. Débora, sentada na cama dele, não falava nada.

- Isso é incrível! O pai do André, ex-noivo da minha mãe.

- Mais um problema que eu arrumei pra você, Marco, desculpe.

Olhou para o filho e apoiou o rosto nas mãos.

- Não, Débora, você não tem nada a ver com isso.

- Ele vai levar meu filho, ela disse, começando a chorar.

- Não vai, não! - Marco falou. – Não vai mesmo! Quando meu pai souber quem é o avô do Julinho, aí é que ele não leva mesmo. Eu não quero nem pensar na cara do seo Antônio, quando ele souber disso. Não chora, não, Débora. Seu filho já é um Pagliuso e legalmente.

Na sala, Laila continuava tentando fazer Armando mudar de ideia.

- Ela está casada e feliz. Não tente mudar isso.

- Eu não posso deixar isso assim, Laila. Um neto meu, abandonado como uma criança de rua.

- Ele não está abandonado. Tem um nome, uma família.

- Tem porque seu filho ajudou a aproximar a moça desse rapaz que deu o nome ao menino.

- Foi isso mesmo. O Aldo já gostava dela. Ele é um bom rapaz.

- Pobre, assalariado, morando de aluguel...

- Mas digno.

- Dignidade não enche barriga de ninguém. Meu neto vai acabar passando fome...

ARMANDO ANTÔNIO

PARTE I

UM EXCELENTE DIA A TODOS

DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!

Velucy
Enviado por Velucy em 20/10/2018
Código do texto: T6481110
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