AMANDA II - ARMANDO ANTÔNIO VI - PARTE 2

II – ARMANDO ANTÔNIO

- Dignidade não enche barriga de ninguém, diz Armando. - Meu neto vai acabar passando fome...

- Ele não passa fome, Armando!

- Então por que ela trabalha aqui na sua casa como empregada?

- Porque... Porque eles não são ricos, precisam lutar pela vida como todo mundo. E ela aqui não é uma empregada. Está só me ajudando enquanto meu bebê não nasce. Eu preciso de repouso, a conselho médico, e ela veio me dar uma mãozinha. Cuido do menino dela e dou uma pequena ajuda financeira. É só!

- Se o garoto estivesse comigo, não teria que passar por isso. Ele teria de tudo na minha casa.

- Menos um pai e uma mãe.

- Ela pode ir com ele, se, se separar desse outro... que eu nem sei quem é. O meu filho vai ter que criar juízo e assumir o que fez.

- Você não percebe a bobagem que quer fazer, Armando? O André é um garoto de dezoito anos que mal sabe o que vai fazer da vida. Não pode assumir uma paternidade tão cedo!

- Não adianta, Laila! Eu não vou abrir mão dessa criança. Quero vê-lo. Onde está ele?

Laila ergueu-se e disse firme:

- Sinto muito, mas na minha casa você não vai ver ninguém.

- Laila, por favor... Você já me privou de ser feliz com você, não me tire a alegria de ver meu neto agora.

Ela ficou olhando para ele, penalizada e resolveu ceder.

- Tudo bem... Vou falar com a Débora. Espere aqui.

Laila ia para o quarto do filho, quando a campainha tocou. Ela foi atender à porta. Era André, aflito.

- Dona Laila, meu pai está aqui?

- Está sim, entre.

O rapaz entrou e pediu ao pai:

- Pai, vamos embora.

- Não vou. Só vou sair daqui depois de ver meu neto.

André ficou sem saber o que fazer. Laila foi até o quarto de Marco e Débora levantou-se ao vê-la.

- Ele quer ver o menino, filha.

Débora olhou para Marco que não concordava e apenas balançou a cabeça, demonstrando sua indignação.

- Ele quer levar meu filho de mim, não quer?

- Eu te prometo que daqui ele não vai levar ninguém. Deixe só ele ver o menino. O André está aí também.

- O quê? - Marco perguntou, saindo do quarto e indo para a sala.

Chegando lá, ele olhou para André e falou:

- Maravilha! A família reunida!

- Mais respeito, mocinho!

- Eu estou na minha casa.

- Tinha que ser filho daquele idiota!

- Seu filho também não nega o pai que tem!

- Olha aqui, seu...

Armando ia investir contra ele novamente, mas André ficou entre os dois e o impediu:

- Pai, para com isso!

- Sai de perto de mim, você! - falou Armando, empurrando o filho.

André sentiu o sangue subir à cabeça e gritou:

- Ele tem razão! Você não foi pai de verdade nunca!

Armando ficou olhando para ele, lívido de raiva. Laila e Débora, com o bebê no colo, entraram na sala e André olhou para ela, começando a chorar.

- Eu não quero tirar o bebê de você, Débora. Não quero mais. Se ele for morar na casa dele, vai crescer como eu cresci, sozinho. Eu não vou saber ser pai dele, porque eu não tive ninguém que me ensinasse. Me desculpa tudo isso.

Ele olhou para o filho e tocou sua mãozinha levemente.

- Ele é seu. Esquece o que aconteceu aqui

Voltou-se para Marco.

- Desculpe, você também, Marco. Por tudo.

Desesperado, ele voltou a encarar o pai.

- Não queira destruir a vida do meu filho também. Você não tem esse direito. Deixa a Débora em paz!

André saiu da casa. Débora colocou o filho no colo de Laila e foi atrás dele.

- André! - ela gritou.

No quintal, ele parou e esperou, ainda com os olhos molhados.

- Volta pra lá, ele disse. - Vai cuidar do nosso bebê. Meu pai não tinha esse direito. Eu vou tentar não te aborrecer mais. Você não merece. Tchau, Débora. Desculpa...

Ele dá as costas, dá sinal para o primeiro táxi que passa, entra nele e vai embora.

Dentro da casa, Marco ainda olhava muito nervoso para Armando e ficava sempre entre ele e a mãe.

- O senhor devia ir atrás do seu filho. Se neto está bem. Ele, já não tenho tanta certeza. Vá embora, antes que meu pai chegue.

Armando lançou um olhar frio para Marco. Olhou para o neto e depois para Laila e disse:

- É a segunda vez que você destrói a minha vida, Laila...

Em seguida, saiu atrás do filho. Marco olhou para a mãe e perguntou:

- Você está bem?

Ela apenas balançou a cabeça afirmativamente, emocionada. Pouco depois, Débora entrou novamente na sala, pálida, com lágrimas nos olhos. Marco foi até ela e a abraçou.

- Está tudo bem agora. Calma.

Débora colocou a cabeça em seu ombro.

- Ele não pode fazer isso comigo, Marco...

Marco sentiu o peso do corpo dela. Débora perdeu os sentidos. Ele a segurou e a deitou no sofá.

Uma hora depois, Aldo chegou. Havia ligado para a casa de Marco para saber o motivo da demora de Débora e Marco pediu que ele fosse buscá-la. Quando Aldo chegou, percebeu o ar preocupado de Marco e já foi perguntando:

- Onde está a Débora? E meu filho? O que aconteceu, Marco?

Marco contou em poucas palavras o que havia acontecido e Aldo ouviu tudo sem interferir. No final da narrativa, ele exclamou, em voz baixa:

- Droga! Pensei que estivesse livre do André e ainda vem o pai dele de contrapeso encher o saco? E ainda por cima... era o ex-noivo da sua mãe!? Que história maluca!

ARMANDO ANTÔNIO

PARTE II

UM EXCELENTE DIA A TODOS

DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!

Velucy
Enviado por Velucy em 20/10/2018
Código do texto: T6481362
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.