AMANDA II - DÚVIDA VII-PARTE 3

III – DÚVIDA

Antônio olhou para o filho, surpreso.

- Como assim?

- Eu já dormi com ela três vezes... na mesma cama...

Antônio ficou mudo, tamanha era a sua perplexidade, e quando a voz saiu, ele só conseguiu dizer:

- Marco Antônio!

- Calma, não aconteceu nada, mas eu me senti um idiota depois de cada uma das três vezes... e eu já era casado com ela. Aconteceu sem a gente querer. Estávamos cansados de estudar e dormimos na minha cama. Ela na cabeceira e eu nos pés. Mas eu acordei antes dela e é horrível a sensação de estar se privando de uma coisa que se quer muito e que é um direito seu. Ela era minha mulher, mas por você e pelo pai dela, eu não fiz nada. Eu tive medo de me indispor com vocês dois. Mas o meu maior medo foi de tirar o restinho de adolescência que ela ainda tem o direito de curtir... Ela sim é criança, eu não. Foi por ela que eu não quis ir adiante e acredite, a vontade era grande, você não tem ideia. Mas eu quero montar meu apartamento e me casar com ela de novo do jeito que você quer e... assumir de vez o meu papel de marido na vida dela, como eu já sou... assegurado por Deus em vinte e um de maio de mil, novecentos e oitenta e oito.

Antônio ficou em silêncio.

- Eu sei que você sabe o que eu estou sentindo...

Antônio balançou a cabeça confirmando e disse:

- Mas isso não vai me fazer mudar de ideia, Marco. Você pode muito bem esperar mais um ano e meio.

- Fácil pra você falar. Isso é... noventa e um!

- Você vai ter vinte e um anos e vai ser dono do seu nariz legalmente, realmente!

- Eu sou dono do meu nariz!

- Não até os vinte e um!

- Você tem ideia do que está me pedindo, pai?

- Você é inteligente. Vai saber se virar. Todo homem sabe...

Antônio saiu do carro e afastou-se, entrando no prédio da imobiliária. Marco apoiou a cabeça nas mãos sobre o volante, nervoso. A parada com o pai não ia ser fácil.

Chegou à faculdade na segunda aula de novo e durante as três horas seguintes a turma o distraiu dos problemas. Cleo, por mais incrível que pudesse parecer, não lhe deu nenhum trabalho e se comportou como a colega de sempre.

Quando foi pegar Amanda no colégio, ele voltou a ficar tenso e ela percebeu que ele estava diferente, preocupado. Eles beijaram-se e ele encostou-se no carro.

- Ei! Não estou gostando dessa carinha. O que foi?

- Aconteceu de tudo, ontem, lá em casa. O pai do André foi até lá...

- O pai do André?

- Você não adivinha que ele é.

- Como assim? Quem?

- É o ex-noivo da minha mãe.

Amanda, primeiro mostrou surpresa, depois começou a rir.

- Não acredito!

- Entra no carro que, no caminho, eu vou te contar o resto da novela.

Marco contou a ela tudo que aconteceu em sua casa na noite anterior, terminando com a novidade do bebê de Débora.

- Grávida? - Amanda perguntou, preocupada. – Ela acabou de fazer dezoito anos, Marco, e tem o Julinho ainda com meses...

- Pois é... e ele tem dezenove. Não sei como vai ser a vida desses dois. Ele não conseguiu nem ficar feliz direito. Mas... quem está na chuva é pra se molhar, não é?

Amanda ficou em silêncio.

- Tem outra novidade...

- O quê?

- O Otávio foi me procurar, ontem, ele falou, sem olhar para ela.

Amanda apenas olhou para ele e nem conseguiu perguntar nada.

- Ele foi me prevenir... da Lídia... ele continuou.

A moça entendeu menos ainda.

- Você está brincando comigo?

- Uma coisa que não dá pra fazer é brincar com esses nomes, Mandy. É sério, muito sério. A Lídia descobriu, não sei como, que eu fui à igreja e marquei nosso casamento pra outubro.

- Marco!

- E foi pedir ajuda pra ele pra atrapalhar tudo.

Amanda estava segurando o braço dele e fechou os olhos, apertando-o com força.

- Você está legal, Amanda? Quer que eu pare o carro? - ele perguntou, preocupado.

- Não... É que... se a Lídia sabe, as coisas podem ficar muito ruins, Marco...

- Ela não disse como ficou sabendo.

- Quando você soube disso?

- No dia em que vi você dando aula pro Alberto. Eu saí do prédio e fui pro carro. Ela me viu e foi falar comigo.

- E por que você não me contou naquele dia?

- Eu não acreditei que ela realmente estivesse falando a verdade... e que ia... Amanda, ver a Lídia se mancomunar com o Otávio pra fazer mal pra nós dois é uma coisa que eu nunca imaginei. Separados já deram bastante trabalho. Imagine os dois juntos! Nem nos meus piores pesadelos...

- O que a gente vai fazer?

- Não sei... O Otávio foi até legal comigo. Ele não quer se meter nos planos dela. Já está em condicional e, se se envolver com isso pode ser preso pra valer e ele não quer isso, por isso veio me avisar.

- Você acreditou nele?

- Até meu pai acreditou!

- Seu pai falou com ele!?

- Estavam batendo o maior papo, quando eu cheguei na imobiliária. Acho que ele não é mais uma ameaça...

- Eu não acredito...

- Nem eu consigo acreditar, amor, mas... O assunto é mais complicado que isso.

- O que é agora?

Marco parou o carro e virou-se para ela.

- O maior problema vai ser mesmo o meu pai. Ele insiste que a gente só case em um ano e meio...

- Isso a gente já sabia.

- A impressão que eu tive é que... ele é capaz de me colocar pra fora de casa se eu fizer isso antes...

Amanda ficou em silêncio e o abraçou forte. Marco a apertou nos braços.

DÚVIDA

PARTE III

UM EXCELENTE DIA A TODOS

DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!

Velucy
Enviado por Velucy em 21/10/2018
Reeditado em 21/10/2018
Código do texto: T6481938
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