AMANDA II - PRIMA RITA VIII - PARTE 1

I – PRIMA RITA

Depois de sair da imobiliária, à noitinha, Marco disse ao pai, quando o carro parou diante da casa:

- Não vou entrar. Vou até a casa do Chu.

- A essa hora?

- A gente tem um projeto da faculdade pra fazer e eu vou até a casa dele. Não me espera não.

- Está tudo bem? - Antônio perguntou, desconfiado.

- Está. Não se preocupe.

Marco estava sério. Antônio pensou que talvez ainda fosse reflexo da conversa que tinham tido de manhã e falou:

- Marco, tenha certeza de uma coisa: tudo que eu quero e mesmo o que eu exijo de você é pro seu bem. Eu não sou seu inimigo, eu sou seu pai, por mais incômodo que isso possa parecer.

- Eu sei, pai, não esquenta não. Está tudo bem.

Antônio saiu do carro. Marco deu a volta e voltou para a avenida, mas não foi para a casa de Chu. Foi até o apartamento de Rita que o recebeu surpresa pela visita.

- Oi, gato! Como você sabia que eu já estava em casa?

- Liguei pra agência. Posso entrar?

- Claro! - disse ela, dando-lhe passagem, trocando um beijo com ele no rosto e percebendo seu ar triste. – Que carinha é essa? Não estou gostando.

Marco não respondeu. Entrou e ela fechou a porta atrás dele.

- Senta aí em algum lugar que esteja vazio nessa casa bagunçada. Estou preparando um grude pra comer. Você janta comigo, não é?

- Não sabia que você cozinhava, ele falou, tirando alguns papéis e pastas de cima do grande sofá branco e se acomodando nele.

- Não me ofenda! Eu moro sozinha há dez anos, garotão! Você vai ficar aí mesmo ou vem pra cozinha comigo?

Ele se levantou de novo e a seguiu até a cozinha, olhando tudo em volta.

- Eu acho seu apartamento um barato.

- Já te convidei pra vir morar comigo, lembra?

Ele riu, sentando-se junto do balcão que dividia a cozinha em duas.

- Eu tinha dez anos e era doido pra vir mesmo.

- O convite ainda está de pé.

- Você fala como o Benê.

- Benê?

- Meu tio, irmão da minha mãe.

- Ah, aquele que não gosta do seu pai.

- Não, meu pai é que não gosta dele.

- Seu pai é um chato! - disse ela, recolhendo com uma colher o molho de uma panela e provando no canto da mão. – Hum... acho que falta sal. Faz questão?

- O que é?

- O molho da panqueca.

Ela tirou mais um pouquinho e colocou na mão dele. Marco provou e aprovou.

- Pra mim, está ótimo.

- Legal.

Ela apagou o fogo e tirou a panela do fogão, levando-a para a mesa. Depois tirou do forno uma tigela com as panquecas já prontas e cobriu-as todas com o molho.

- Hum... Parece bom, ele falou.

- Você já jantou?

- Não, estou vindo da imobiliária.

- Já sabe, mês que vem você é meu estagiário, ouviu?

Ele sorriu e apoiou o rosto na mão, observando-a trabalhar.

- Como vai sua mãe? O bebê anda dando trabalho?

- Nem tanto, meu pai e ela estão curtindo de montão. Andam mais apaixonados do que nunca.

- Você não sente ciúmes, não?

- Não... ele disse, sorrindo, mas não muito convicto.

Rita olhou para ele, sentindo-o tenso.

- Não mesmo?

Marco riu.

- Eu tenho dezenove anos, Rita.

- E foi o dono do trono por dezenove anos, amoreco! Eu teria ciúmes e sei que você também sente alguma coisa aí dentro.

- É... Ando me sentindo... pertencente a lado nenhum. Nem dependente, nem livre. Nem adulto, nem criança...

Rita percebeu que a emoção dele estava à flor da pele e os olhos do rapaz encheram-se de água. Ela aproximou-se e tocou seu braço sobre o balcão.

- Ei! Você não está legal, garoto!

Marco começou a chorar e escondeu o rosto na mão.

PRIMA RITA

PARTE I

UM EXCELENTE DIA A TODOS

DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!

Velucy
Enviado por Velucy em 22/10/2018
Código do texto: T6482791
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