AMANDA III - MARCELO V - PARTE 1

I – MARCELO

Na manhã seguinte, Marco arriscou novamente perder o primeiro módulo de aula na faculdade e foi levar Amanda ao colégio. Quando o carro parou na frente do prédio e ele desligou o motor, ela perguntou:

- Tem certeza de que quer fazer isso? Não prefere que eu mesma entregue o papel pra ele e acabe com essa história de uma vez?

- Eu não tenho como não fazer isso, Amanda. Vai ser rapidinho. Vem.

Ele saiu do carro já com a folha na mão e deu a volta no carro para abrir a porta para ela. Com Amanda já na calçada, ele apressou-se na frente dela e entrou no prédio. Cumprimentou com um “bom dia” rápido todo mundo que conhecia e foi até o pátio do colégio, procurando por Marcelo. Foi encontrá-lo conversando com mais três colegas na cantina. Respirou fundo e aproximou-se, aparentando tranquilidade.

- Oi! Bom dia!

Marcelo e os outros dois olharam para ele. Diego e Rodrigo que já o conheciam sorriram, mas Marcelo não conseguiu fazer o mesmo.

- Bom dia, Marco. E aí?

Para terminar a história logo, ele olhou para Marcelo e perguntou:

- Posso falar com você um instantinho, Marcelo?

- Comigo? - o rapaz perguntou.

- É, é coisa rápida, mas meio particular.

Os dois outros rapazes perceberam a situação e trataram de arrumar um pretexto para se afastarem.

- A gente te espera na sala, Marcelo. Até já. Até mais, Marco.

- Valeu, obrigado.

Depois que eles saíram, Marco continuou:

- Eu sei que você vai entrar na aula agora e eu já estou atrasado também...

Marcelo viu Amanda se aproximando, devagar, abraçada aos cadernos e olhando para os dois com feições não muito animadas, mas só respondeu:

- Pode falar.

- Eu só vim agradecer a força que você deu pra Amanda, xerocando a lição da semana pra ela e te entregar isso... Acho que você esqueceu na pasta que deu pra ela...

Marco estendeu a folha dobrada em quatro que Marcelo pegou.

- O que é isso?

- Também não sei muito bem. Estava no meio da lição xerocada. Deve ter sido um engano.

Marcelo abriu o papel e leu. Seu rosto empalideceu. Olhou para Amanda, parada ali perto, esperando por Marco, e depois novamente para ele e disse:

- Marco, eu... não sei o que dizer...

- Não diz, não precisa, mas que não aconteça de novo ou as coisas vão ficar meio difíceis.

- Você acha que fui eu que escrevi isso?

- E não foi?

- Não, claro que não!

- É meio estranho porque a Amanda disse que o caderno xerocado foi o seu. Ela disse que você mesmo entregou pra ela ontem de manhã, numa pasta branca.

Amanda se aproximou deles e segurou o braço de Marco, olhando para Marcelo.

- É... É, o caderno é meu sim, mas... eu não escrevi isso.

- Você me enganou direitinho, com aqueles conselhos de bom samaritano no início do ano, quando eu briguei com ela, lembra?

- Não fui eu! Eu juro! Eu não preciso escrever um bilhete idiota como esse pra Amanda saber uma coisa que o colégio inteiro já sabe! Até você sabe! Isso até ofende a minha inteligência! Você acha que eu seria tão panaca a esse ponto? Por que eu escreveria isso na lição que eu dei pra ela, se existia o risco de você com certeza encontrar e ler? Eu já me arrisquei fazendo as cópias. Pensei que a conversa que você queria ter comigo fosse a respeito disso. Mas o que eu fiz foi só um favor de colega de classe. Eu não escrevi isso!

- A letra é sua?

Marcelo olhou novamente para o bilhete e balançou a cabeça, negando:

- Imitação muito boa, mas eu não escrevi isso.

- Então teu anjo da guarda quis te dar uma forcinha. Bom, mas eu não quero saber quem foi que escreveu. Só não quero que se repita.

Ele levantou a mão esquerda de Amanda e a dele mostrando as alianças.

- Elas eram de verdade desde maio do ano passado e agora são mais ainda. Não quero brigar com você e não vou. Você me conhece e sabe que eu sou um cara bastante tranquilo, mas sabe também que eu não fujo de briga. A Amanda é pra mim mais do que essa aliança me dá o direito. Não vou aceitar gracinhas como essa envolvendo o nome dela. Além de ter o nome do diretor do colégio, ela também tem o meu, estamos entendidos?

Marcelo ficou sem ação e sem palavras. Marco voltou-se para Amanda e a beijou:

- Tchau, amor. Boa aula.

- Tchau... Você também... ela disse.

Marco foi embora. Ela ficou olhando para Marcelo.

- Vamos pra sala, aconselhou ela. - A gente vai se atrasar.

- Não fui eu que escrevi aquilo, Amanda, acredita em mim.

- Eu acredito, mas... conselho meu: pega esse papel, rasga e queima... e a gente não fala mais nisso, ok? Eu também não quero brigar com você.

Ela deu as costas e dirigiu-se para a sala junto com os outros alunos.

Na sala de aula, Marcelo foi se sentar em sua carteira, pensando em como aquele bilhete tinha ido parar nas mãos de Amanda, sem que ele percebesse. Tinha certeza de que não tinha escrito aquilo, mas precisava descobrir quem tinha, pois afinal, a pessoa quis colocá-lo em situação bem difícil diante de Amanda e Marco.

Não conseguiu se concentrar na aula, pensando naquilo, e procurou refazer a trajetória daquela pasta e aos poucos se lembrou de que a tinha deixado por algum tempo com Alberto, outro colega de sala.

Ele tinha pedido a xérox para copiar um exercício de Biologia, na quarta-feira anterior, antes do feriado do Dia das Crianças, quando tinha faltado à aula. Estava aí a chave do mistério.

Marcelo olhou para o colega de sala, sentado logo adiante, e decidiu que ia ter uma conversa com ele sobre o assunto, quando tivesse uma chance e esclarecer aquele mal entendido.

MARCELO

PARTE I

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

OBRIGADA!

Velucy
Enviado por Velucy em 14/11/2018
Código do texto: T6502687
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