AMANDA III - ALBERTO VI - PARTE 1

I – ALBERTO

No final da última aula, Amanda despediu-se de Débora e Ângela e foi para a sala do pai esperar por Marco que viria pegá-la para irem juntos à RR, como tinham combinado. Quando ela entrou na sala do diretor, José sorriu e fechou o livro onde anotava alguma coisa.

- Oi, meu anjo! Tudo bem?

Ela beijou o rosto do pai e apoiou-se na mesa, parecendo triste.

- Tudo...

- Não é o que seu rosto diz. Que foi que houve? - ele perguntou, segurando sua mão.

- Um aluno da minha sala veio falar com você, hoje?

- Um aluno da sua sala... Ah, sim, o Alberto. Veio, por quê?

- Ele pediu pro Cassiano pra ir embora. Ele te disse o motivo?

José encostou-se na cadeira e coçou a cabeça.

- É... Disse sim. Ele quer deixar o colégio.

- Deixar o colégio? Por quê?

José respirou fundo e pensou por um momento no que ia dizer.

- Ele me disse que foi ameaçado... por outro aluno da sua sala.

- Ameaçado? Por quem?

- Marcelo Henrique Junqueira. Na sua sala tem dois Marcelos, não é?

- É, mas... ameaçado como?

- O começo da história você deve conhecer. Uma pasta branca que você recebeu do Marcelo, com a lição da semana passada que você perdeu por estar em lua-de-mel.

Amanda ficou olhando para o pai, que estava tranquilo demais para o que ela achava que ele ia contar.

- E...?

- Nessa pasta tinha uma mensagem, um... bilhete de amor que o Marco leu antes de você e hoje cedo veio tomar satisfações com o Marcelo Junqueira.

- Pai, não foi o Marcelo que escreveu...

- Eu sei. O Alberto me contou tudo. Foi ele quem escreveu.

- O quê? Como assim?

- Amanda, o que eu vou te contar deve ficar só entre nós. O Marco não pode ficar a par dessa história, senão eu acho que as coisas podem ficar meio nubladas no meu colégio. E eu quero manter a paz aqui dentro.

- Do que você está falando, pai?

- O Alberto escreveu o bilhete, porque justamente adivinhava que o Marco fosse ler...

- Não estou conseguindo entender...

- Ele pegou a pasta e escreveu o bilhete... justamente na lição de Matemática... pro Marco ler... por ser a disciplina que ele mais gostava aqui no colégio.

Amanda colocou a mão sobre a boca, abismada.

- Meu Deus! Eu percebi o jeito diferente que ele sempre olhou pro Marco, mas... não pensei que ele sentisse alguma coisa mais forte por ele e que chegasse a ter essa coragem... Ele quase colocou o Marcelo em maus lençóis, pai. Se o Marco não fosse de paz e equilibrado como é, hoje de manhã, você teria que trazer os dois pra cá!

José riu.

- Já pensou, eu suspendendo meu próprio genro, que nem é mais aluno do meu colégio, por indisciplina?

- Pai, sem brincadeira agora: isso é muito sério. O que você vai fazer?

- Nada. Eu pedi pro Alberto ir pra casa, se acalmar, porque o Marcelo o ameaçou de contar pra mim que ele era... apaixonado pelo Marco. Eu não posso fazer nada contra ele. Isso seria homofobia da minha parte e eu já o recebi aqui porque sou contra isso. Você sabe que ele veio de uma escola que o expulsou por causa disso.

- Eu sei, mas... e o Marcelo?

- Não sei, eu acho que vou tirar o Alberto da sua sala e conversar com o Marcelo, amanhã.

- O Marco não pode saber dessa história...

- Foi o que eu te disse. Ele está vindo te buscar?

- Está. Daqui a pouco, está chegando por aí.

Ela tinha acabado de falar e Marco abriu a porta e entrou na sala do diretor.

- Boa tarde!

- Boa tarde! - respondeu José, levantando-se e indo abraçar o genro. – Faz uma semana que eu não te vejo.

Ele apertou sua mão, sorrindo.

- Tudo bem com o senhor, professor?

- Tudo.

Marco beijou Amanda e passou o braço em volta do ombro dela.

- Vamos indo, amor? A Rita deve estar querendo matar nós dois.

- Por quê? - José perguntou.

- Porque ela já tem uma campanha nova pra Amanda desde ontem e essa aqui não apareceu na agência. Sumiu do mapa e nem eu consegui encontrá-la, ontem.

- Ela estava comigo. Estava aqui acabando com a minha saudade. A Rita não tem filhos ainda. Um dia, ela vai entender.

- O senhor é corajoso como meu pai? - Marco perguntou, sorrindo. – Olha que não é fácil ter filho depois dos quarenta, mas ele está dando conta do recado direitinho. A Mariana é o xodó dele, agora.

- Eu sei que não é fácil, mas eu também acho que isso não está muito nos planos da Rita. Eu não vejo aquela mulher de negócios grávida ou correndo atrás de filho, não.

- Ah, eu queria ter um irmãozinho, gemeu Amanda.

- Não sei não, filha. Acho que o próximo bebê que você vai ver nessa família é o seu mesmo, porque se depender da Rita...

Os três riram.

- Mas você não quer ser pai de novo, pai?

- Acho que não tenho mais talento pra essas coisas, querida. Como o Marco disse, o Antônio foi muito corajoso e a dona Laila é dona de casa, não trabalha fora, tem disponibilidade de cuidar de uma criança. A Rita... A Rita é... A Rita é a Rita. Eu não sei nem como consegui me casar com ela. Ninguém a coloca parada por mais de meia hora. Só dormindo!

- Eu sei do que o senhor está falando, disse Marco rindo.

- Você conhece a peça, não é?

- Muito...

- Mas eu a amo demais... A Rita é a criatura mais... agridoce que eu já conheci. Ela faz a minha vida mais feliz e... animada. Vocês duas fazem. Eu não preciso de mais nada. Só de ver você feliz e meus netos no futuro.

Amanda o abraçou e beijou seu rosto.

- Eu te amo.

- Você não tem ideia de quanto eu te amo também, meu amor. Mas é melhor vocês irem logo. Eu já estou vendo a Rita andando de um lado pra outro naquele escritório da RR esperando pro vocês.

- Tchau, pai, ela disse, beijando o pai outra vez.

- Tchau, amor. Tchau, Marco.

- Até mais, professor.

ALBERTO

PARTE I

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

OBRIGADA E BOM FERIADÃO!

Velucy
Enviado por Velucy em 15/11/2018
Código do texto: T6503102
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