O diário de Ana II

Carlos sentou na beirada da cama desejando devorar o diário em minutos, a propósito, achou estranho sentir essa reação, porém não esboçou nenhum sentimento adverso em relação aquele pequeno livro. Então abriu-o e logo na primeira página observara uma letra miúda bem desenhada, parecia ser um escrito denso e profundo, obteve essa confirmação logo na primeira frase que relatava as seguintes palavras.

"Meu nome é Ana de Barros, tenho 36 anos, decidi escrever o que sinto e que por muito tempo tenho guardado, uma dor insondável que revela o medo e a dor da culpa por não conseguir assumir minha vida que permaneceu nula por vários anos, sinto minha face se dissipando como se eu não existisse ou melhor não quisesse existir."

Logo que correu os olhos nessa introdução Carlos sentiu-se comovido e sua curiosidade alcançou o grau mais alto, pois havia várias interrogações em sua mente, como, quem era Ana e por que discorria tais palavras com tanto sentimento e arrependimento?

Carlos parou para pensar, tenho que ir a faculdade verificar os horários das minhas aulas. Então num salto ele se ergueu passou a mão em alguns papéis e saiu.

Falar de Carlos o que se nota? Um rapaz de aparência abatida e contraditória, um olhar confuso e revelador ao mesmo tempo, tomado de ambiguidades frequentes, cujo tais reações era apenas o reflexo de uma infância sofrida e regada de solidão, porém isso não importava mais para ele, pois limitava-se com o aqui e agora, e devido a tais questões se endureceu como ferro se esforçando para deixar para trás lembranças profundas.

Continua...

Patrícia Onofre
Enviado por Patrícia Onofre em 14/12/2018
Reeditado em 17/12/2018
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