AMANDA V - SUBORNO IX-PARTE 3

III – SUBORNO

Marco se voltou e olhou para Rita boquiaberto. Não era possível que a prima fosse ceder àquilo.

- Cinco mil dólares...

Rita quase caiu das pernas. Marco se aproximou novamente.

- Dólares?

Ela colocou a mão em seu peito, tentando contê-lo.

- Tudo bem, eu vou fazer o cheque...

- Rita...!

- Fica fora disso, Marco.

Ela deu a volta mesa e pegou o talão de cheques que estava na primeira gaveta de sua mesa, preencheu o cheque, destacou a folha e a entregou a ele. Roni olhou para o cheque e sorriu, vitorioso.

- Obrigado, patroinha. Vou te dar mais um mês de folga, Marco. Enquanto vocês dois estiverem agindo do meu modo, vai estar tudo bem. Tchauzinho.

Ele saiu da sala. Rita sentou-se no sofá e cobriu o rosto com as mãos.

- O que foi isso, Rita? Ele... está te subornando? Por quê?

Rita encostou-se no sofá e desabafou:

- Eu estou fazendo isso pela Amanda, pelo seu filho... e pelo meu marido.

Os olhos dela encheram-se de água. Marco sentou-se ao lado dela e a abraçou.

- Eu não quero perder o meu marido, Marco. Eu o amo demais...

- Ele ameaçou você... de contar pro professor?

Ela balançou a cabeça confirmando.

- Se o José sabe disso, que a gente teve alguma coisa... ele não vai me perdoar... nem a você... e a nossa família acaba.

Rita chorou mais ainda. Marco não soube o que dizer.

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À noite, Marco não conseguiu dormir. Olhou para Amanda, adormecida a seu lado e, retirando seu braço de cima dele, saiu da cama. Ela se mexeu, mas virou para o outro lado e continuou a dormir. Marco vestiu um agasalho, pois a noite estava fria, e foi para a sala.

Havia começado uma chuva fria e ele abriu a cortina para olhar a rua iluminada, praticamente sem trânsito àquela hora. Encostou a testa no vidro e ficou olhando a água que corria ligeira pela sarjeta lá embaixo, pois a chuva estava meio forte. Seus olhos se encheram de água quando ele se lembrou da conversa tida com Rita naquela tarde. As lágrimas começaram a correr por seu rosto, silenciosas e doloridas. Minutos depois, ele enxugou o rosto e foi para o sofá; deitou-se nele e ficou olhando para o teto.

Vieram à sua cabeça imagens do início do seu namoro com Amanda; a primeira vez que a tinha visto no bar do tio Benê; o primeiro encontro na praça perto da casa dela na Chácara Flora; os cuidados com Otávio; as brigas com Lídia; a três vezes em que tinham dormido juntos na cama dele, sem querer, depois de uma longa tarde de estudos; a noite na praia... De repente, a cena do carro dela batendo no poste, Amanda em coma, o casamento no hospital... Marco colocou o braço sobre o rosto e tentou apagar aquelas lembranças tristes... Lembrou-se dela de cor-de-rosa no baile de formatura dele e o vexame de Teo que quase põe um fim no namoro deles; ela de azul na formatura dela; ela de branco entrando na igreja, no dia do segundo casamento a pouco mais de um ano e meio... Ele sorriu. Fechou os olhos e congelou aquela imagem na cabeça.

Sentiu o beijo dela depois que foram declarados casados e o beijo parecia tão real que ele abriu os olhos e viu o rosto de Amanda bem perto do seu. Ela estava mesmo ali e sorriu.

- Fugindo de mim? – ela perguntou, baixinho. – Será que eu estou tão gorda e feia que esteja te espantando da cama?

Ele sorriu e a abraçou.

- Não... Claro que não...

- Por que você veio pra cá? Não consegue dormir? Quer que eu te faça um chá, um copo de leite quente...?

- Não, não quero nada. Está tudo bem.

- Não está não. Você não anda dormindo direito, Marco, eu sei. Eu te vejo levantar à noite, vir até a cozinha beber água... Antes você nem se mexia na cama. O que está acontecendo?

- Não é nada, meu amor. Só... Só estou ansioso, tenso... por causa do bebê.

- Mas ele está bem.

- Mas aquelas dores que você sentiu não foram normais...

- Não foram, mas o doutor Arnaldo está de olho em mim. Se eu me cuidar direitinho, não vai acontecer nada.

- É... ele disse, afastando uma mecha de cabelo da testa dela. – Acho que é mais um... medão que dá lá dentro da gente de saber que... poxa... eu pensei que fosse tirar de letra essa coisa de ser pai, mas ando tremendo na base, mesmo com ele ainda aí dentro de você.

Ela riu beijando o rosto dele.

- Bobo! Você vai ser o melhor pai do mundo! Como já é o melhor marido que eu tenho.

Marco riu também e a abraçou.

- Eu te amo demais, sabia?

Ele começou a chorar e Amanda surpreendeu-se.

- Marco! Ô, gatinho, não fica assim. Você está me assustando...

- Não, eu não quero te assustar, ele disse, levantando-se e enxugando o rosto. – É só... sei lá. Acho que não é só você que está com a emoção à flor da pele. Afinal de contas, eu também estou grávido, não é?

Os dois riram. Ela o beijou e sentou-se junto dele na beira do sofá. Marco colocou a mão sobre sua barriga e depois de respirar fundo e enxugar os olhos, falou:

- Eu vou com você ao médico na próxima consulta.

- É no meio da semana, você vai trabalhar.

- Não importa. A Rita vai entender. Ela me dispensa. Afinal é pelo bem do neto dela. Eu vou com você.

- Tudo bem, aí o Arnaldo examina você também. Você anda engordando, sabia?

- Mentira!

- Mentira? Eu ando sentindo umas gordurinhas por aqui pela sua cintura.

Ela começou a lhe fazer cócegas e ele segurou suas mãos, rindo muito.

- Para, Amanda! Não provoca! Agora eu não posso revidar.

SUBORNO

PARTE III

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS

SEJAMOS, TODOS, LUZES NA ÁRVORE DE NATAL DO CRISTO!

UM NATAL DE FARTURA CONSCIENTE A TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 21/12/2018
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