AMANDA VI - CORTANDO O MAL PELA RAIZ III-PARTE 2

II – CORTANDO O MAL PELA RAIZ

Rita não foi para casa. Resolveu passar na casa de Marco e Amanda. Já eram quase dez horas e ela imaginava que eles já estivessem acordados. Marco abriu a porta e a recebeu entre feliz e surpreso.

- Oi, prima. Tudo bem?

- Preciso falar com você e com a Amanda. Atrapalho o feriado de vocês?

- Claro que não. A gente ia sair pra correr, mas...

Rita parou e ficou olhando para ele meio incrédula. Como ele ia sair para correr com Amanda grávida de sete meses?

Ele estava sério, mas começou a rir da cara dela. Amanda ouviu a conversa e ria também.

- Entra logo! Você tinha que ver a sua cara...

Rita entrou na sala e viu Amanda sentada no sofá, diante da televisão. Aproximou-se dela e lhe beijou o rosto, sentando-se a seu lado.

- Oi, minha linda!

- Bom dia, Rita. O que você está fazendo aqui tão cedo? Meu pai veio com você?

- Não... É justamente sobre ele que eu preciso falar com vocês...

Marco sentou-se diante das duas e perguntou:

- Sobre o professor? Como assim?

- O que aconteceu com meu pai, Rita?

- Não, calma, Amanda. Está tudo bem com ele... fisicamente digo, mas... Bom, eu vou encurtar a estória... Hoje cedo seu pai levantou antes de mim, como sempre faz e... foi fazer o café. Quando eu acordei e não o vi na cama, levantei e fui atrás dele na cozinha e ele não estava lá. Estava na biblioteca... com esse envelope nas mãos...

Ela estendeu o envelope a Marco que o pegou o abriu, retirou a carta que havia dentro e leu apenas com os olhos. Seu rosto foi aos poucos se modificando e ficando preocupado e ao término da leitura olhou para Rita e apenas disse:

- Roni...!

Amanda pegou a carta da mão dele e leu também.

- Meu Deus! Eu imaginei que esse pesadelo já tivesse acabado. E onde está meu pai, Rita?

- Quando ele me mostrou isso, eu resolvi abrir o jogo com ele e contei tudo. Contei tudo o que aconteceu em março de oitenta e nove. Disse a minha versão, nossa versão, e assegurei a ele de que nunca mais tinha acontecido nada entre eu e o Marco, o que é realmente a verdade... mas ele ficou muito mexido com o fato de termos contado tudo pra você, Amanda, mas não pra ele. Ele se admirou da sua coragem, Marco, e quis saber por que eu também não fiz o mesmo.

- Não tinha por que você contar pra ele, Rita. Isso não era mais relevante naquela época... disse Marco. – Até a Amanda concordou com isso.

- Ele se sente traído agora, disse Amanda, olhando para a carta. – Onde ele está agora, Rita?

- Logo depois da nossa conversa, ele disse que ia sair pra correr. Precisava pensar e foi de carro correr no parque do Ibirapuera.

- Por que tão longe? - Marco perguntou.

- Ele precisava... ficar longe de mim, ela disse, começando a chorar

Marco foi sentar-se ao lado dela e Amanda a abraçou.

- Calma, Rita. Meu pai não costuma tomar atitudes extremas. Ele vai pensar e levar em conta tudo que você contou que eu acredito que foi a verdade, como o Marco contou pra mim.

- Eu não vi muita compreensão nos olhos dele, Amanda. Eu tenho medo que ele vá querer... se separar de mim.

Ela parou de chorar, se afastou de Amanda e enxugou o rosto, respirando fundo.

- De qualquer forma, eu já fiz o que devia ter feito há dois anos. Eu dispensei o idiota do Roni Lemos.

- Você fez o quê? - Marco perguntou.

- Eu fui até a casa dele, contei tudo e disse que a partir de amanhã, ele não pisa mais na RR. Eu nunca mais quero ver a cara daquele idiota na minha frente, mesmo... que o José me perdoe. Já devia ter feito isso naquela época. O José jogou isso na minha cara e eu mereci. Eu tenho praticamente pago o silêncio daquele... chantagista safado. Fui quase conivente com tudo que ele está fazendo agora comigo.

- Não diz isso, Rita. Isso não é verdade, disse Amanda.

- Eu não quero mais falar sobre isso, meus amores. Só vim dizer pra vocês que, se o José voltar pra casa hoje e não tiver uma resposta que me faça sentir que ele me perdoa, eu vou voltar pro meu apartamento no centro da cidade. Vou sair de casa...

- Não, Rita! - disse Amanda, abraçando-se a ela e começando a chorar.

- Eu sei que talvez ele nem me peça isso, porque eu sei que ele é um homem íntegro e totalmente de paz, mas eu não vou conviver com essa sombra pairando sobre minha cabeça.

- Não faz isso, Rita, disse Marco. – Eu também tive culpa nisso. Eu vou falar com ele.

- Não...

- E como é que eu faço? Ele é meu sogro, avô dos meus filhos... Como eu vou poder olhar pra ele de agora em diante?

- Você só quis proteger a Amanda...

- E você me ajudou...

- Você tinha dezoito anos na época. Eu já era uma mulher madura. Podia ter dito não, te ajudado de outro jeito...

- Que jeito? Você fez exatamente o que eu precisava que você fizesse, Rita! Você não pode carregar essa culpa sozinha, caramba! O Roni não pode vencer. Não depois de tanto tempo. O professor vai pensar melhor, esfriar a cabeça e colocar o amor que você sente por ele acima dessa coisa nojenta que o Roni fez. Isso tudo é baixo demais pra ter sucesso diante de tudo que realmente aconteceu.

- O Marco tem razão, Rita. Meu pai vai entender, como eu entendi que o que vocês fizeram acabou naquele dia. E o Roni nem sabe do que aconteceu de verdade. Ele só supõe que vocês tenham alguma coisa, mas eu e meu pai, que somos as partes mais interessadas, sabemos que isso é mentira. Meu pai só ficou chocado em saber disso do jeito que soube. Eu também não sei se agiria numa boa, se tivesse sabido dessa história por uma carta anônima colocada por baixo da minha porta. É imaturo demais! E meu pai te ama. Confia nele. Vai ficar tudo bem.

Rita balançou a cabeça concordando, mas intimamente já se vendo separada do marido.

- Você quer que a gente vá até a casa do meu pai com você? - Amanda perguntou. – Eu posso conversar com ele.

- Eu também, disse Marco.

- Não, eu quero estar lá sozinha quando ele chegar. Isso é um assunto só meu agora.

- Tudo bem, mas você sabe que eu estou do seu lado pra qualquer coisa que você precise.

- E eu também, disse Amanda. – Ninguém mais que eu quer que você e meu pai fiquem juntos pra sempre. Eu amo você demais, Rita.

As duas se abraçaram e Rita disse:

- Também te amo muito, minha princesa. Isso não vai mudar, mesmo que eu me separe do seu pai.

- Isso não vai acontecer, Rita, disse Marco, colocando a mão sobre a dela. – Não subestime o discernimento do meu sogro. Ele vai ver o que está diante dos olhos dele. O Roni não venceu ainda.

CORTANDO O MAL PELA RAIZ

PARTE II

UM ANO NOVO DE REALIZAÇÕES A TODOS!

FÉ E ESPERANÇA SEMPRE!

OBRIGADA!

FELIZ 2019!

Velucy
Enviado por Velucy em 25/12/2018
Reeditado em 25/12/2018
Código do texto: T6535006
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