AMANDA VII - MARI V - PARTE 1

I – MARI

Marco foi até o quarto de estudos que havia na casa que era como uma pequena biblioteca que ele e Amanda tinham reservado como local de brincadeiras, recreação e estudos para os filhos, independente do resto da casa.

Ali tinha de tudo, desde todo tipo de brinquedo; vários tipos de livros e três computadores, que eles colocaram já pensando em Mariana.

Ele chegou à porta do aposento e viu a irmã sentada em almofadas que tinham sido colocadas estrategicamente no chão para que as crianças se sentissem o mais livres possível para brincar e ler quando estivessem ali.

Mariana estava com seu caderno de desenho aberto em seu colo e olhou para ele, séria. Marco encostou-se no batente da porta e disse, sorrindo:

- Oi, feia.

- Oi, feio, ela disse simplesmente, ainda séria.

- Você não vai pra sala, não? O tio Teo está aí. Ele quer te ver.

- Eu vou. Estava esperando você vir aqui.

Marco aproximou-se dela e sentou também sobre as almofadas, ao lado dela, encostando-se à parede como ela estava.

- O que é que você tem?

- Eu desenhei você.

- De novo? Já falei que você devia fazer uma exposição de tudo que você desenha de mim. Ia ganhar uma grana. Posso ver?

Ela tirou a mão de cima do desenho que já estava aberto e mostrou para ele. Marco viu o desenho feito por ela, com os mesmos traços peculiares que ela sempre fazia dele, mas desta vez ele estava no meio de uma paisagem que lembrava o Clube Hípico e Mariana o tinha desenhado com asas.

- Que bonito, ele elogiou. – Que lugar é esse?

- O clube.

- Nosso clube?

- É...

Ele sorriu.

- Legal... O lugar que eu mais gosto na terra.

- Eu sei... Por isso eu desenhei você aí.

- Eu sempre gostei de andar de bicicleta lá. O que é isso nas minhas costas?

- Asas...

A garganta dele ardeu, pois sabia da profundidade daquele desenho na mente de Mariana.

- Eu ainda não tenho, por isso eu preciso da bicicleta.

Mariana ergueu-se e o abraçou demorado, Marco sentiu o peito apertar e fez um grande esforço para não chorar. Quando se afastaram, ele não conseguiu olhá-la nos olhos e pediu:

- Vamos pra sala? Daqui a pouco a gente vai jantar. O Teo quer ver você.

- Eu te amo...

- Também te amo, maninha, muito...

Marco levantou-se e lhe estendeu a mão.

- Vamos?

Mariana se levantou e o seguiu. Ao chegarem à sala, Teo a cumprimentou:

- Oi, Mari! Seu irmão me falou que você está zangada comigo?

A menina sorriu e foi abraçá-lo. Teo a abraçou também.

- Você está legal, gata?

- Estou.

- Estava fazendo o que lá dentro?

- Desenhando...

- Posso ver o desenho?

- Não terminei ainda... O Arthur não veio com você?

- Não, o Arthur está resfriado em casa e eu vim direto do banco pra cá. Estava com saudade de você e do chato do seu irmão.

- Eu também estava com saudade de você.

Dalva entrou na sala novamente e anunciou.

- O jantar já vai sair. Acho bom todo mundo ir lavar as mãos. As crianças, primeiro. Vamos lá?

Ela levou os três para dentro da casa. Marco sentou ao lado de Amanda e Teo falou:

- Eu acho ela tão madura pra uma menina de dez anos.

- E é. E tinha tudo pra ser mimada e enjoada. Meu pai é capaz de mover o mundo pra agradá-la. Só que a Mariana tem uma coisa diferente. Ela não se vende, nem pelos mimos dele.

- Me lembra muito alguém da família, Teo disse, olhando para Amanda.

- Quem? - Marco perguntou.

- Você!

- Eu não fui mimado. Eu fui e sou muito amado. É bem diferente. A Mariana também é, mas meu pai relaxou totalmente com ela. Minha mãe é quem puxa as rédeas. Acontece com ela o contrário do que acontecia comigo. Ela procura fazer da Mariana uma menina forte. Doce, mas forte. E ela é... forte demais até. Quando... eu contei pro meu pai, pros nossos pais em oitenta e oito que tinha remarcado a data do casamento e ele ficou zangado e tudo, ele disse que queria que a Mariana tivesse a metade da doçura e da beleza da Amanda, mas ele não falou da força. E ela tem mesmo as três coisas.

Marco pegou a mão de Amanda. Teo percebeu algo estranho no jeito de Marco falar.

MARI

PARTE I

DEUS TENHA O CONTROLE DAS NOSSAS VIDAS

e depois dEle... NÓS MESMOS.

Vamos fazer o que é certo e bom pra nós e para o próximo.

Velucy
Enviado por Velucy em 07/01/2019
Código do texto: T6544801
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