AMANDA VII - MARI V - PARTE 2

II – MARI

Marco pegou a mão de Amanda. Teo percebeu algo estranho no jeito de Marco falar.

- Gente, agora que as crianças saíram, eu posso perguntar. O que está rolando? Vocês dois estão parecendo meio tristes. Está acontecendo alguma coisa?

Marco sorriu, tentando disfarçar.

- Não... É como eu falei pra você: a semana foi meio estressante mesmo por causa do que aconteceu com a conta do Itaú. A gente fica sempre meio triste quando alguma coisa rola fora do que a gente espera, mas já está tudo bem. Vai ficar tudo bem.

- É sério, Amanda? Ele nunca mentiu muito bem.

- É isso mesmo, ela concordou, olhando para o marido. – Mas você não veio até aqui pra falar de aborrecimento, veio?

- Não, ainda mais com vocês que fazem um trabalho lindo com as crianças da região. Eu fui com a Cleo até a AR&MAR, no início do mês, e assisti a um desfile das meninas...

- E não foi falar com a gente? - Amanda perguntou.

- Não, eu sei como vocês ficam ocupados nesses eventos. Não quisemos atrapalhar.

- Você é um panaca mesmo, falou Marco. - Não ia atrapalhar nada.

- Isso não importa. Eu fico admirado como surgiu das cabeças de vocês, transformar um desfile de moda infantil numa ação social tão bonita. Quantas crianças vocês têm lá mesmo?

- Cento e cinquenta, meninos e meninas, Amanda respondeu.

- Pois é. É impressionante.

- É dessa força que eu falei, disse Marco. - Tudo isso saiu da cabeça dela. Eu consigo as contas das grifes, das fábricas de roupas, das empresas, o que for, e ela promove os desfiles com as crianças que a equipe procura pela região. Aí, como todo mundo tinha que comer, claro, a gente teve a ideia de construir o refeitório pra que as crianças ficassem lá mesmo, em vez de irem pra casa. E a coisa cresceu. A gente já avisa às empresas que vão fazer comerciais com a gente, que apadrinhem pelo menos dez crianças com bolsa de estudo. É metade do dinheiro que pagariam pra gente pelo comercial. A AR&MAR fica só com metade.

- E é cada rostinho mais bonito que o outro, disse Teo. - Tem carinha de tudo quanto é tipo.

- Algumas crianças conseguem até ir para outras agências e continuar a carreira de modelo, Amanda completou.

- É um trabalho muito bonito. Eu tenho muito orgulho de ser amigo de vocês, de verdade.

Dalva entrou mais uma vez na sala.

- Vamos jantar? As crianças já estão fazendo isso.

Depois do jantar, eles continuaram conversando com Teo, enquanto as crianças brincavam em volta deles e o telefone tocou. Marco atendeu. Era Laila.

- Alô, filho!

- Mãe? Oi, mãe!

- Tudo bem, meu amor?

- Tudo bem, meu anjo. Com saudade.

Mariana, ao ouvir que era a mãe ao telefone, correu para perto dele.

- A gente volta no domingo de manhã, viu? Vocês e as crianças vão almoçar comigo.

- Eu sei e eu convidei o Teo e o Aldo também, pode ser?

- Claro! Estou morrendo de saudade, amor. Posso falar com a minha princesa?

- Já está aqui do lado. Beijo, mãe. Dá um beijo no velho. Cuidado na volta. Diz pra ele não correr muito na Dutra com aquele Uno Mile marrom dele.

Laila riu.

- Você vai acabar apanhando dele qualquer dia, filho. Ele teima que não é marrom é ocre. Mas ele não corre, comigo dirigindo do lado dele. Eu te amo, filho. Beija a Amanda e meus netos por mim. Domingo a gente está de volta.

- Tchau, linda!

Ele entregou o telefone a Mariana que se sentou no chão e começou a conversar com a mãe em voz baixa.

- Gente, eu vou embora, falou Teo, levantando-se.

- Está cedo, cara.

- Não, já tomei seu tempo de descanso demais. Eu gosto muito de vir aqui.

- Não vem mais porque não quer, disse Amanda. - A casa é sempre sua, você sabe.

- Eu sei. Domingo a gente se encontra de novo.

Teo abraçou e beijou Amanda e a cada uma das crianças. Marco foi acompanhá-lo até o carro.

- Obrigado por ter vindo, ele disse.

- Não vai me contar mesmo o que está acontecendo?

Marco ficou olhando para ele por um instante e respondeu:

- Não está acontecendo na...

- Marco, você não me engana. Nunca me enganou e não vai fazer isso agora. Tem alguma coisa rolando, eu sei que tem. Mesmo cansados, vocês têm uma disposição e uma alegria que eu sempre invejei. A Amanda está triste, eu sinto, e você também. Não mente pra mim, amigo. Você sabe que ainda pode contar comigo pra tudo, não sabe?

Marco não conseguiu dizer nada.

- Não é só você que me enxerga pelo avesso. E pelo seu jeito a coisa deve ser mesmo muito séria. O que é? Alguma coisa com as crianças, com seu pai...

- Não, Teo, não é nada. Fica sossegado. Está tudo bem.

- ‘Tá certo. Vou respeitar sua vontade. Mas não me exclui dos seus problemas, por favor. Eu sou padrinho do seu filho.

Marco o abraçou forte.

- Tchau, cara.

- Tchau, Imperador.

- Dá um beijo na Cleo e no Arthur.

- Dou.

MARI

PARTE II

DEUS TENHA O CONTROLE DAS NOSSAS VIDAS

e depois dEle... NÓS MESMOS.

Vamos fazer o que é certo e bom pra nós e para o próximo.

Velucy
Enviado por Velucy em 07/01/2019
Código do texto: T6545191
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