O diário de Ana Capítulo XIII

O diário estava molhado com as lágrimas de Carlos, que se indignou com a atitude dos pais de Ana, bem como também com a covardia de Marcos.

Carlos colocou o diário dentro de uma caixa e guardou em cima do roupeiro.

Cismado com a história ele observou ao seu redor e constatou que aquele poderia ser o quarto de Ana, no qual deu a entender que ela falecera ali, mas o final desta história realmente só poderia imaginar.

Passado mais alguns dias Carlos começou na faculdade, e se deparou com Carmem nos corredores, surpresa boa, pensou ele. E quando se completou exato um mês o Sr. Cornélio foi até então a casa de Carlos para receber o aluguel. Apertou a campainha era logo de manhã.

Carlos o atendeu um pouco cambaleando devido a hora.

-Bom dia Carlos, desculpe vir tão cedo, costumo resolver minhas coisas logo pela manhã.

-Não precisa se desculpar Sr. Cornélio, a propósito, entre e tome um café comigo?

O Sr. Cornélio abriu um sorriso como se já fizesse tempo que não sorria, seu rosto estava iluminado, bem diferente da primeira vez que Carlos o vira, pois naquele dia ele estava cabisbaixo e aparentava um rosto um tanto desanimador. Mas hoje ele está muito bem, pensou Carlos.

Os dois começaram a conversar, e o Sr. Cornélio já foi perguntando:

- Então meu jovem como está a estadia aqui, já se ambientou com o lugar?

-Digamos que sim, a cidade é pequena, a faculdade é próxima, então isso facilita.

Carlos muito curioso aproveitou a prosa e perguntou:

-Essa casa já tem muito tempo? Muita gente já passou por aqui?

-Se quer saber bem da verdade, vc é o primeiro inquilino.

Nesse momento, houve um silêncio da parte de ambos, até o Sr. Cornélio continuar:

-Bem, esta casa é minha, eu morei com minha família aqui, morei porém não vivi, será que me entende, aconteceram coisas aqui do qual me arrependo amargamente.

Depois que minha filha e minha esposa faleceram, eu perdi o sentido de minha própria vida. Por isso quis manter a casa exatamente como era antes, para poder lembrar delas, eu sei que isso pode parecer talvez uma loucura, mas no meu caso é arrependimento mesmo, por isso resolvi alugar a casa para que eu não pudesse mais ficar vindo aqui toda semana, e sofrendo toda vez que eu entro aqui.

O Sr Cornélio disse estas palavras com uma voz ofegante, meio que querendo chorar, mas segurando ao máximo.

Carlos tentou consola-lo dizendo:

-Não fique assim, eu também perdi meus pais muito cedo, eu tinha dezesseis anos e meu irmão apenas oito, sofremos muito também.

Carlos e o Sr. Cornélio conversaram tanto que nem viram a hora passar. Engraçado que a conversa fluiu como se ambos já fossem amigos de anos.

Num dado momento o Sr. Cornélio disse a Carlos que precisava ir, mas voltaria mais vezes para conversar se ele não se incomodasse.

-De maneira alguma. Respondeu Carlos o encaminhando para a porta.

Passou várias coisas na cabeça de Carlos, depois que o Sr. Cornélio foi embora, uma delas é que ele chegou a conclusão de que o Sr. Cornélio é o pai de Ana.

Continua...

Patrícia Onofre
Enviado por Patrícia Onofre em 13/01/2019
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