O diário de Ana Capítulo XVIII

Carlos retornou a cidadezinha para concluir a faculdade, estava inquieto e não conseguia se concentrar nas aulas. Como isso aconteceu comigo? Porque comigo?

Era a pergunta que persistia em sua cabeça.

Carlos no quarto da pensão começou a refletir a questão de que Estêvão, seu pai adotivo, sofreu tanto nas mãos do pai dele, e que no final de sua vida o avô paterno de Carlos se arrependeu e quis pedir perdão para o filho, porém Estêvão morreu naquele trágico acidente, e o pai dele vira a falecer um mês depois de tanto remorso.

Carlos estava ali, com tudo em suas mãos. De repente uma força invadiu as entranhas de Carlos, ele sentiu muita paz e resolveu tomar uma atitude, pegou o celular e fez uma ligação, do outro lado da linha era o Sr. Cornélio que não se conteve de tanta emoção ao receber a ligação do neto.

Carlos marcou um encontro com seu avô na sorveteria que sua mãe Ana havia se encontrado pela primeira vez com Marcos, o local procurava manter os mesmos detalhes da época em que foi inaugurado e literalmente parecia que o Sr. Cornélio estava voltando no tempo, se lembrou de Ana, de seu sorriso tão ávido quando pequena, e de sua amada esposa, linda e simples. Quis saber no profundo do seu íntimo, o que acontecera com sua família, mas olhando ao se redor não obteve resposta, e sim amargor do que passou e principalmente das atitudes que tomou.

Mas naquele momento, todo o resto era passado, importaria a ele o presente, pois o encontro com Carlos mudaria muita coisa, pensou ele.

Foi quando Carlos chegou, e o Sr. Cornélio ao avista-lo frente a entrada abriu num sorriso, e também porque a tempo não sentia alegria em seu interior, parecia que um peso foi extraído de suas costas.

Levantou-se rapidamente esperando um abraço do neto.

Carlos aproximou-se do avô, não com olhar de raiva, e sim compreensível e amável.

O abraço dos dois derramado em lágrimas encheu todo ambiente. As pessoas ao redor não compreenderam aquele episódio, se soubessem entenderiam que o Sr.Cornélio foi liberto de toda prisão da culpa, o gesto de seu neto foi nobre e aplaudido.

Por isso desde que seu neto o abraçou o Sr. Cornélio não parava de pedir perdão.

E foi sim perdoado pelo neto com seu abraço gratuito.

Foi quando surgiu alguém atrás de Carlos, era seu pai Marcos, ele também o abraçou, mas dessa vez não chorou, sentiu uma sensação estranha pois aquele homem para ele até então desconhecido na verdade era seu pai biológico.

Na certa teriam depois tempo para conversarem e se aproximarem, pois foi Carlos que deu o aval para isso.

Patrícia Onofre
Enviado por Patrícia Onofre em 30/01/2019
Código do texto: T6562977
Classificação de conteúdo: seguro