Noites frias de inverno -parte 1-

Um ideia inesperada

Um amigo me disse uma vez que o melhor remédio para a tristeza era viajar,ele não estava tão errado. Depois de um turbulento semestre,meu melhor amigo recomendou-me ir aos montes esquiar em Kaliningrado. Eu estava estudando medicina e acabara de terminar um relacionamento em que fui muito afetado no final.

-Ei,Johan!! -exclamou. -Eu ouvi dizer que as montanhas de Kaliningrado são as melhores para esquiar,principalmente para quem anda moribundo que nem você- em um tom sarcástico.

-É...acho que preciso de um ar fresco,o clima úmido da cidade de Petersburgo está me fazendo mal. Hoje é a última aula da semana,não vai ter nada de noite no dormitório dos china? geralmente eles fazem alguma coisa quente para comer nesse inverno de roer os ossos,um hotpot cairia bem,hein?!-indagando com os dentes batendo.

-Nah,acho que não rolar nada dessa vez,mas ó,toma aqui- dando-me uma garrafa de vodca. -vai te esquentar nesse frio todo que você anda dizendo que está sentindo,talvez estejas doente depois do término ha ha ha. -disse Yuri gargalhando e dando um soquinho no braço de Joham. -mas ó,seguinte,eu já estou indo aqui,você fala tanto desse inverno que eu já to começando a sentir frio nas minhas calças,a gente se vê depois,Joham. Yuri saíra correndo em meio ao corredor branco feito pelos limpa-neves durante a tarde de hoje.

''Como esse patife ainda se diz meu amigo? de qualquer forma,o diabo que o carregue,vou para meu quarto tomar um belo banho quente e deitar,amanhã penso no que faço,mesmo Yuri sendo uma baita tolo,não tem ideias ruins,de uma coisa ele estava certo,preciso viajar''. Indo em direção ao dormitório,Joham cai em si e percebe-se febril,cada passo é uma tortura até chegar ao local,era torturante ao cérebro ter de pensar em subir escadas ainda.

-Diabos,como uma Universidade não tem a decência de construir um elevador?- murmurando quase que em voz alta.

-Porque só tem três andares- disse aproximando-se Chang-hoo. Ele era um coreano esguio,alto,dos cabelos pretos como a noite e tinha um rosto delicado e traços finos,era difícil não o notar. Tinha mudado não muito tempo para meu andar,era inteligentíssimo e falava um bom inglês,o que facilitava nossas conversas.

-Ah,então és tu- em tom até que surpreso,pois não vira o rapaz chegando. -o que tem feito,Chang? vi que o professor Skuchinypov anda ajudando você em um projeto para uma publicação,qual é a revista mesmo?-perguntando em um tom até debochado.

-E interessa para você?- perguntando à Joham com um sorriso no canto do rosto. -Está com inveja, é isso. Professor Skuchinypov gosta de alunos esforçados,coisa que você,talvez,não saiba o que é. -falando de maneira ríspida e curta.- de qualquer forma,eu não estou aqui para tomar seu tempo,se é que você faz alguma coisa,até mais ver,Joham- retirando-se-ia em direção ao final do corredor escuro.

-Mas quem diabos esse coreano pensa que é? nem tive tempo de falar nada,mas que plante batata,ele e Skuchinypov!!! estou com dor de cabeça demais para me arranjar em discussão.

Indo assim para o quarto,trancou a porta e colocou o sobretudo sob o cabide velho de madeira. O quarto não era um dos melhores,havia poeira,certamente não era a especialidade de Joham arrumar seu alojamento. Mas era confortável para ele. Era até ''olhável'',como dizia o mesmo. Joham não era um rapaz de muitas posses,entretanto,nunca tivera um vida ruim,seus pais sempre fizeram tudo para ter uma boa educação,mesmo que por um tempo difícil as coisas tivessem apertadas,mas nunca passou necessidade. Porém,quem o via,dizia que era um rapaz rico e de família bem sucedida. Tinha os olhos cinzas,quase de um cego,usava óculos redondos,o que deixava-o com aparência de um jovem filósofo,era forte e robusto,não era alto,mas também não era baixo,possuía a barba com uma coloração cobre e sempre raspava ele mesmo a sua cabeça. Dizia ele que,deixava-o com ''cara de homem'',mas no fundo,o mesmo sabia que era porque tinha preguiça de pentear os cabelos,e por incrível que pareça,a ausência dos cabelos não o deixava feio,pelo contrário.

-E pensar que amanhã me livro disso tudo,ao menos,por um mês,era o que eu precisava,férias,isso,férias. -suspirava de maneira apaixonada,como se tivesse indo a um encontro. -o diabo que carregue esses trabalhos agora...acho que amanhã vou ligar para minha mãe,dizer que tudo está bem e que provavelmente vou viajar para Kaliningrado...é,vou fazer isso mesmo...mas só amanhã,porque agora não tenho condições nem de abrir a boca para falar o ABC.- Deitando-se assim,nessa noite fria de inverno. O quarto em temperatura que não era preciso ligar um ar-condicionado e nem qualquer outra coisa para regular a temperatura. Estava perfeito. Dormia estirado na cama,como se não dormisse há séculos,como se trabalhasse sessenta horas por semana.

~continuação~

Pedro La Vieira
Enviado por Pedro La Vieira em 19/06/2019
Reeditado em 30/10/2019
Código do texto: T6676379
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