QUEBRANDO BARREIRAS - CAMALEÃO - PARTE 6

II - CAMALEÃO

But you’ve created your own ghosts,

(Mas você criou seus próprios fantasmas,)

…And the need you have is most...

(... E a necessidade que você tem é maior...)

Than more to hide it

(...do que possa esconder...)

“Chameleon” – do álbum duplo Blue Moves, lançado em 1976

Bernie tinha acompanhado as reportagens dadas por Elton, como todo o povo americano, e sentia-se preocupado com o amigo, de certa forma, apesar de sentir que sua reação havia sido válida.

Ele e Toni haviam passado a morar numa linda casa em San Fernando Valley, na Califórnia, e, sentados diante da lareira, numa tarde chuvosa, ele comentou.

- Estava pensando em ir até Londres...

- Eu sabia que você ia tomar essa decisão a qualquer momento, ela disse, sorrindo.

- Por quê? Estou tão previsível assim?

- Não, só anda... pensativo, preocupado... Não comentou nada comigo sobre as declarações do Elton, mas eu sei que mexeram com você.

- Anda me observando, é?

Ela riu, gostoso.

- Eu não faço outra coisa, meu bem.

- Não é justo, disse ele, pegando sua mão e beijando-a. - Não tenho direito a privacidade dentro da minha própria casa?

- É inconsciente, juro!

- Sei... disse ele, beijando-a.

Ambos ficaram olhando para a lareira em silêncio por uns minutos e ele acariciava seu braço. Toni por fim perguntou:

- Quando você vai?

- Não sei... Nem sei se vou ou não. Eu estava só pensando... Imagino como deve estar a cabeça dele. O Elton que eu ouvi no rádio e li nas entrevistas não é o mesmo que eu conheci.

- Você foi vê-lo em setembro, depois de tanto tempo... Tem medo do que agora? Ele só deve estar muito vulnerável. Ele se expôs demais à imprensa. Pode estar precisando mais ainda de você agora.

- Meu medo é esse... Eu posso não ser a pessoa certa para ajudá-lo agora...

Bernie levantou-se e foi para sala de jogos, onde havia uma mesa de bilhar, diante de uma parede repleta de livros que ele colecionava e garrafas de vinho. Toni foi atrás dele.

- Ele é seu amigo e você gosta muito dele. Quem melhor que um amigo pra dar força a outro num momento desses?

Bernie pegou um taco e começou a preparar a mesa para jogar.

- Acontece que eu vim pra cá pra “desintoxicar” de Elton John. Ele vicia, sabia? E eu não sei se já estou forte o bastante pra tomar outra dose.

- Que jeito estranho de dizer que ama alguém... Você é um bobão, sabia? - ela falou, sentando-se na mesa.

- Sou, concordou Bernie, indo para perto dela, beijando-a. - Mas não conta pra ninguém, tá? Já tem gente demais gozando da minha cara por causa disso.

- Quem?

- Don Henley fez “The new kid in town” em 77 pra mim, sabia?

- Não!

- Sim! Se você prestar atenção na letra vai entender. Aquele safado...

- Eu amo essa música do Eagles! Canta um pedacinho que fale de você.

Ele respirou fundo e começou:

- “Johnny-come-lately… sou eu… the new kid in town… everybody loves you… so don’t let them down… They will never forget you 'till somebody new comes along…” e por aí vai.

O telefone tocou. Bernie ficou olhando para ele e reclamou:

- Ah, Cristo! Por que existem telefones neste mundo?! Esse é o grande defeito de Los Angeles em relação a Lincolnshire.

- Qual? - perguntou Toni.

- Os telefones funcionam perfeitamente!

Ela riu, indo atender.

- Alô! Rancho Roy Rogers, San Fernando Valley... Toni... Toni Russo, mulher dele, ela repetiu o nome com um sorriso maroto. - É claro! Eu vou passar pra ele...

Ela estendeu o fone a Bernie que quis saber:

- Quem é?

- John Reid, de Londres.

- John? - estranhou ele. - Mas...

Colocou o fone no ouvido e atendeu:

- Fala, Reid! O que manda?

Durante a conversa com John, o rosto de Bernie foi ficando sério e pálido. Toni foi ficando preocupada.

- Estou indo praí agora. Até mais.

Tenso, ele colocou o aparelho no gancho e passou as mãos pelos cabelos.

- Que foi?

- O Elton foi... internado há algumas horas, num hospital em Londres.

- Internado? Mas por quê?

- John não quis me explicar por telefone... mas ele... parece que já está fora de perigo... eu... não sei... Vamos até lá?

- Claro que vamos! Não fique nervoso assim. Vai ver foi um mal estar passageiro...

- Eu não estou nervoso. Só estou intrigado porque... se o John não quis me dizer por telefone o que aconteceu realmente... por que ligou pra mim? Deve ter sido alguma coisa grave, sim.

CAMALEÃO – PARTE 6

CONTINUA...

OBRIGADA E BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 21/07/2019
Código do texto: T6700817
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