[Romance LGBTQ+] AMOR DE PESO - 01X06 - PERDIDOS

Pai e mãe,

Três meses se passaram e eu tento ignorar o Brutus o máximo que eu posso, ele também se afastou da turma, as meninas e o Zedu, não falam com ele, mas eu fiquei tão amigo do Diogo que não sinto falta deles. O Diogo me entende, sabe os meus gostos e nunca faria nada de propósito para me machucar. O bullying continua, mas de forma moderada. O jeito é levantar a cabeça e seguir em frente.

Acordei com uma dor nos ombros naquela manhã. Para completar a minha vida maravilhosa chovia bastante em Manaus City. Desde o dia que me desentendi com o Brutus, a minha tia passou a me levar para a escola. Cheguei e mesmo com o guarda-chuva fiquei todo molhado. Encontrei Zedu tudo encharcado na entrada, cara ele era muito lindo, os cabelos molhados e o tanquinho se destacando na roupa toda molhadinha também.

Diogo: (pegando no ombro de Yuri) – Oi.

Yuri: (assustado) – Oi? Nossa.

Diogo: - Que foi?! Tá com medo do teu namorado?

Yuri: - Não. Só queria saber onde o meu namorado estava ontem. Ele não deu sinal de vida.

Diogo: - Esse maldito trabalho de física. Você conseguiu terminar?

Yuri: - Semana passada.

Diogo: - Eu odeio essa professora. Lembra que no carnaval ela passou aquele projeto ridículo.

Yuri: - Projeto que a gente pegou 10.

Diogo: - Graças a você.

Yuri: - Não reclama amor. Vai dar tudo certo.

Diogo: - Vamos para a sala?

(Trovão – Alunos que estavam na entrada da escola se assustam)

Yuri: - Credo. Vamos.

Diogo: - São Pedro tá com muita raiva, hein. (acompanhando Yuri)

(Alguns alunos assistem o notícia na televisão do patio)

Apresentadora: - E o tempo chuvoso ficará em Manaus durante todo o fim de semana. As autoridades pedem que a população tenham cautela e evitem lugares próximos a igarapés. Qualquer tipo de ocorrência ligue para o número da defesa civil que aparece na sua tela.

Zedu: - Merda de chuva. (tirando as meias)

Alicia: - Oi, amor. (chegando seca na escola)

Zedu: - Como você consegue chegar assim com o mundo caindo lá fora?

Alicia: - Sou menina.

Ramona e Letícia: (passando ensopadas)

Alicia: (olhando e rindo) - Elas são exceção.

Zedu: - Que ótimo. Planejava correr esse fim de semana. Daqui quatro dias é a competição e eu preciso treinar. Vou treinar na chuva mesmo.

Alicia: (tirando da mochila uma farda e meias secas para Zedu) - Pega. Vá ao banheiro. Te encontro na sala.

Ramona estava mais triste que o normal. Ela sentia saudades de Brutus, mas não queria admitir. Ela o via pelos corredores da escola, na sala de aula e pelas ruas do bairro, mas ainda estava magoada pelas coisas que ele me falou.

Brutus: - Oi?

Ramona: - Olá? (sem olhar para ele)

Brutus: - Chuva forte né?

Ramona: - Hum rum. (olhando a chuva cair pela janela)

Brutus: - (respirando fundo) – Por quanto tempo você vai me dar esse gelo? Já faz tempo e eu....

Ramona: - E você o que? Você pensou antes de dizer aquelas coisas horríveis para o Yuri? Ou de como os teus amigos mexem com ele? Você sabia que um dia desse eles mexeram com o Zedu? Eu não te reconheço Brutus. Só fica longe de mim. (saindo)

Brutus: (segurando Ramona) – Você era a minha melhor amiga.

Ramona: - Falou tudo... (se afastando de Brutus) – Eu era. Não te reconheço mais.

Brutus: - (com semblante triste) – Não faz isso comigo, por favor.

Ramona: - Eu não estou fazendo nada. Você é responsável pelos seus atos, não eu.

Brutus: - Por favor. Não me dá as costas.

Ramona: - Você deu opção para o Yuri? Eu acho que não. (saindo)

Já Letícia e Arthur viviam os momentos bons de um relacionamento. A minha amiga estava feliz com o namorado, e até participava de algumas produções dele.

Arthur: - Letícia. Você fica aqui perto desse quadrado. (apontando para o chão, onde ele havia desenhado a marcação para Letícia) – Você anda até aquele outro ponto e para... até lá... você já tem que vir chorando. Quero uma lágrima linda.

Letícia: - Entendi.

Os dois trabalhavam bem, Arthur era cheio de ideias inovadoras, nós saímos juntos algumas vezes, mas não consegui conversar com ele. Bem, ele fazia a minha amiga feliz e isso já era algo positivo.

Letícia: - Adorei a gravação hoje. Ficou muito legal. (guardando a maquiagem na bolsa)

Arthur: - Você arrasa. (beijando o rosto de Letícia)

Letícia: - Você que é um ótimo diretor. Quando o curta-metragem fica pronto?

Arthur: - Vou editar esse fim de semana. Espero entregar até terça-feira.

Letícia: - Espero que tudo corra bem. Afinal, o concurso de filmes é em poucos dias.

Arthur: - Sim. O Fábio também vai concorrer.

Letícia: (abraçando Arthur) – Só tem um problema...

Arthur: (abraçando Letícia) – Qual?

Letícia: - O Fábio não é você. O seu curta está muito bom, amor, você tem ótimas chances.

Arthur: - E com essa incentivadora, assim que eu fico mais esperançoso. (beijando Letícia) – Ah. Esse final de semana meus amigos vão dar uma festa.

Letícia: - Ah legal. Finalmente vou conhecer seus amigos baladeiros. Você já conhece a maioria dos meus amigos e eu só conheço o povo do cinema. E eu vi no teu facebook umas fotos bem legais de festas e eventos.

Arthur: - Vou logo te falando. É tudo bem alternativo. Não te levei ainda, porque acho que não faz o teu tipo.

Letícia: - E como você sabe?

Arthur: - Eu sei, amor. Mas quero muito que eles te conheçam. (beijando Letícia)

Finalmente a minha tia decidiu escolher seu pretendente. Claro, que ela ficou com o Carlos. O Orlando demorou pra sair do pé dela, mas a minha tia seguiu seu coração. Eles começaram a namorar pouco depois do carnaval e as coisas esquentavam a cada dia mais.

Olivia: (acordando Carlos) – Ei. Acorda.

Carlos: (virando para o outro lado) – Mais cinco minutos.

Olivia: - Acorda agora. Os meus sobrinhos vão acordar a qualquer minuto.

Carlos: (se levantando com preguiça e vestindo suas roupas)

Olivia: (levantando e vestindo um pijama)

Carlos: - Você é linda usando qualquer roupa. (beijando Olivia) – Até o teu bafo é gostoso.

Olivia: (batendo em Carlos) – Idiota. Vamos. (saindo do quarto com Carlos)

Carlos: (falando baixo) – Quero te ver mais tarde.

Olivia: (falando baixo) – Vamos assistir a um filme hoje? Com as crianças? (descendo as escadas)

Carlos: (chegando na sala de Olivia)- Claro. Séria legal ver um filme com os teus sobrinhos.

Giovanna: (se levantando do sofá) - Vamos assistir a um filme? Qual?

Carlos e Olivia: (assustados)- Giovanna?!

Richard: (saindo da cozinha) - Quero assistir o A Filha do Satanás 4 – Entranhas sangrentas.

Carlos e Olivia: - Richard?!

Yuri: (abrindo a porta, segurando uma sacola de pães e frios) - Xi. Fiz pouco café. (indo até a cozinha e colocando uma panela com água para ferver)

Carlos: - O... o... quê... o que vocês estão fazendo aqui?

Giovanna: - Moramos aqui. Dãã.

Olivia: - Porquê vocês acordaram tão cedo?! (sentando no sofá)

Yuri: (na cozinha fazendo café) – Hoje é dia da gente ir no Parque do Mindu. O Diogo vem pegar a gente daqui a pouco. Vem logo tomar café.

Richard: (puxando a blusa de Carlos) – Eu vou ter que te chamar de tio?

Carlos: (apavorado, olhando para Olivia) – Eh...eh...

Yuri: (entrando na sala) – Vamos tomar café?

Carlos: - Eu... eu... preciso... eu... tenho que ir...

Giovanna: (apontando para o chão) - Não esquece do teu sapato.

Yuri: - Qual é. Fica para o café Carlos. Eu já estou fazendo. Vamos... tia... traz o Carlos. (voltando para o cozinha)

Giovanna: - Espero que o meu leite de búfala esteja gelado. (entrando para cozinha)

Carlos: - Ela toma leite de búfala? (olhando para Olivia)

Olivia: - É mais saudável. (arrumando a blusa de Carlos que estava torta e com alguns botões fora do lugar)

Carlos: - Sabe quanto é caro?

Olivia: - Claro que sei. Preciso comprar dois pacotes por mês. Ainda bem que só ela que gosta.

Richard: (puxando a blusa de Carlos) – Você prefere tio ou titio?

Durante o café da manhã pude notar o constrangimento da minha tia, mas ela já estava namorando o Carlos há bastante tempo, então nada mais justo da gente conhecer ele também. O Diogo não demorou muito para chegar. A gente seguiu para o Parque do Mindu que não ficava muito longe de casa.

Diogo: - Será que vai chover?

Giovanna: - Quanto menos quente, melhor para a minha pele. Nem sei porque preciso ir tirar foto dessas plantas estupidas?

Yuri: - Porque vale nota? E você precisa de bastante pontos em Ciência.

Giovanna: - Mas é uma coisa inútil, Yuri. Quando na vida real vou precisar de conhecimento em plantas e árvores?!

Diogo: - Ela tá certa.

Yuri: (batendo no ombro de Diogo) – Ei. Você precisa ficar do meu lado.

Diogo: - Mas eu estou sempre. O problema é que algumas matérias são desnecessárias. Quando vou precisar saber quanto vale o X?

Yuri: - Vocês falam isso porque são péssimos nessas matérias.

Giovanna: - E, educação física, Yuri?

Yuri: - É... é... qual é gente... futebol nunca vai ser útil na vida real. (colocando o óculos escuros)

Richard: (mexendo na mochila) – Ei. Eu não trouxe.

Giovanna: - O que?

Richard: - Os potes.

Yuri: - Pra que você vai querer potes?

Richard: - Pra pegar meus insetos, oras. Que pergunta mais boba. (ficando chateado e falando sozinho) – Burro, o pote tava em cima da cama. Que droga, que droga.

Chegamos cedo no Mindu e levamos também material para fazer um piquenique. Infelizmente, nem acredito que disse isso, mas infelizmente o tempo estava fechando. O Zedu estava lá também, correndo, nossa nem preciso falar que espetacular ele ficava correndo.

Diogo: (falando perto do ouvido de Yuri) - Acho melhor tirar uma foto.

Yuri: - Vai começar? Ele é meu amigo.

Diogo: - Assim eu espero.

Yuri: - Giovanna. Vamos logo começar? Tem umas plantas ali, tira foto delas e da placa com as informações, pois, você vai precisar.

Diogo: (olhando para Richard) – E você?

Richard: - O que tem eu?

Diogo: - Não vai aprontar nada?

Richard: - Preciso dos meus potes, alguns insetos que eu quero são venenosos. (olhando para a mochila de Yuri) – Só se eu... (gritando) – Isso! Eu sou um gênio. (saindo correndo)

Diogo: - Ei. (parando e dando com os ombros) - Impedindo ou não, ele vai fazer alguma traquinagem. (observando Yuri ajudar Giovanna)

Ramona e Letícia decidiram ir a um salão de beleza novo. Um dos atendentes era um gato e elas logo ficaram de olho nele, mas apesar de tudo Ramona ainda ficava muito triste com o comportamento de Brutus.

Letícia: - Amiga não fica assim.

Ramona: - E tem como ficar de outro jeito?

Letícia: - Eu sei que você tá magoada, mas o Brutus fez a escolha dele.

Ramona: - Esse que é o problema. Ele diz que gosta tanto de mim, mas não faz nada para me agradar. Só queria que ele pedisse desculpa do Yuri.

Letícia: - Eu entendo, mas não podemos obrigar ninguém a mudar. A verdadeira mudança começa dentro de nós.

Julian: - Olá? Tudo bem meninas. (pegando nos cabelos de Letícia) – Olha. Que coisa mais linda. Se todos os cabelos fossem iguais ao seu, o mundo seria um lugar muito melhor. (pegando no de Ramona) – Olha esse. Parece uma seda. Tem certezas que vocês já não fizeram os cabelos?

Letícia: - Você é muito gentil. Mas eu preciso fazer uma hidratação.

Ramona: - E eu queria cortar dois dedos. (olhando bem dentro dos olhos de Julian) – DOIS DEDOS!!!

Julian: (engolindo seco) – Sim... eu... eu... entendi. Você é bem decidida. Gostei. Deixa eu pegar o meu material. (saindo)

Letícia: - Que lindo. Pena que deve ser gay.

Ramona: - Os mais bonitos ou descomplicados são. Triste realidade para nós mulheres.

Letícia: - Os homens são ogros. Queria eu ser lésbica.

Ramona: - Podemos experimentar. (rindo) – Eu e você lésbicas? Já pensou?

Letícia: (rindo) -Ei. Eu valho muito a pena tá. Sou o sonho de qualquer garota. (rindo)

No Mindu, conseguimos fazer muitas fotos para o projeto da Giovanna, então decidimos estender a toalha de piquenique e curtir aquela manhã agradável. Levei bolo, salgadinhos, sanduíches, frutas e sucos, claro que antes a minha irmã precisou tirar 2304 selfies.

Giovanna: (acenando para Zedu) -Ei. Ei, Zedu. Vem aqui.

Yuri: - Giovanna, acho que não é....

Zedu: (chegando ) - Oi?!

Giovanna: - Senta. Vem comer um lanchinho com a gente. Tá tudo tão gay. Foi feito pelo Yuri.

Diogo: - (riso abafado)

Yuri: - Quer suco? (pegando um copo e oferecendo para Zedu)

Zedu: (sentando) – Obrigado. (pegando o copo)

Giovanna: - Então? Você vem sempre aqui?

Zedu: - Corro aqui sempre. Tem trilha, então é melhor para o desempenho.

Yuri: - Richar... (olhando para o lado) – Cadê esse menino?

Giovanna: - Deve tá atrás de algum animal peçonhento por essa mata.

Yuri: (levantando) – Deixa eu ir atrás dele. Podem ficar aqui. Já volto. (saindo)

Yuri e Diogo: (se olhando, balançando a cabeça sem assunto)

Giovanna: - Nossa. (rindo com irônia) – Aconteceu um enterro aqui? Então, Diogo? Como é namorar o Yuri.

Zedu: (se engasgando com o suco)

Diogo: - Er... é... é... legal.

Giovanna: - Mas ele sabe ser chato, né?

Diogo: - O Yuri não é chato.

Procurei meu irmão por 15 minutos. Aquele demônio em forma de gente não estava em canto nenhum, até procurei por pessoas correndo ou coisas pegando fogo, mas não encontrei nada. Meu coração começou a ficar apertado. Eu voltei e falei para os meninos que o Richard havia desaparecido. O Zedu foi até a administração e um dos guias foi pela trilha principal atrás dele. Liguei para a minha tia que não demorou a chegar.

Yuri: - Ele... ele...

Giovanna: - Ele estava do nosso lado e... puft. (fazendo efeito de explosão com a mão)

Olivia: - Esse lugar é muito grande. Ele pode ter ido para qualquer lado.

Carlos: - Calma. Vamos nos separar em grupos e procurar por ele.

Olivia: - Giovanna. Preciso que você vá em casa. Deixei meu celular lá e a carteira. Sai com tanta pressa que acabei esquecendo. (olhando para Diogo) – Você pode ir com ela?

Diogo: - Claro.

Olivia: - Estão em cima da mesa.

Giovanna: - Tá. Qualquer coisa liga pra gente, Yuri.

Diogo: (indo até Yuri) – Vai ficar tudo bem, tá. (o beijando no rosto)

Yuri: - Tá bom. Vai sim. (abraçando Diogo)

Começamos a buscar o Richard. Eu, Zedu e o Guia por um lado, minha tia e Carlos por outra trilha. Apesar do clima agradável, dentro da floresta a temperatura estava alta. Meu coração parecia que ia sair pela boca, não sabia se era por causa do sumiço do Richard ou pelo meu corpo queimando dentro daquele lugar.

Zedu: - Ei. Não se preocupa. O Richard é um garoto esperto.

Yuri: - Isso que me preocupa. Ele só tem 9 anos, mas é tão esperto e inquieto.

Guia: - Espero que ele não tenha ido para o Igarapé.

Yuri: - O... o... o... que tem... nesse...nesse... igarapé?

Guia: - Lixo, entulho, ratos e jacarés.

Yuri e Zedu: (se olham assustados)

Zedu: - Calma. O Richard não chegaria perto deles.

A minha tia também estava desesperada. Ela sabia que a minha mãe sofreu muito na gestação do Richard, e o meu irmão quase morreu ao nascer.

Olivia: (chorando) – Ele era tão pequeno. Ele cabia na minha mão. Eu e o pai dele ficamos preocupados.

Carlos: - Olivia.

Olivia: (chorando) – Eu sou uma péssima mãe.

Carlos: - Olivia?!

Olivia: - Eu sei Carlos. A culpa é todo minha. Não era para deixar os meninos sozinhos. Eu errei. (colocando a mão no rosto)

Carlos: - Olivia! (virando Olivia para o lado)

Olivia: - Richard! Richaaaard!!!!!! (correndo em direção ao meu irmão)

Richard havia perseguido um pequeno macaco, o animal estava com uma das patinhas quebradas e não conseguia subir nas árvores. O meu irmão voltava com o macaquinho em seus braços.

Olivia: (abraçando o sobrinho) – Nunca mais faz isso comigo.

Richard: (se afastando) – Tia. Calma. Eu estava com o Chico.

Olivia: - Chico? (olhando para o macaco nas mãos de Richard) – Que bicho é esse?

Richard: - É o Chico, o Macaco. Podemos ficar com ele? Ele tá muito ferido.

Olivia: - Tadinho. (ficando brava com o sobrinho) – Que história é essa de me sumir dentro da floresta?! Você ficou louco? Você quase matou a gente de susto.

Richard: (assustado) – Eu não sumi. Sei muito onde estou e como sair daqui. Não sou criança tia.

Olivia e Carlos: (se olham e riem)

Carlos: - Tá certo. Vamos sair daqui antes que comece a chover.

(trovão)

Olivia: - Odeio a chuva de Manaus. Tudo fica parado.

Richard: - Eu... eu... não tô de castigo não, né?

Olivia: - Claro que tá.

(trovão e caindo a chuva)

Carlo: (pegando o macaco das mãos de Richard) – Vamos. (correndo)

Do outro lado da trilha, eu, Zedu e o Guia éramos surpreendidos com a chuva e o vento que faziam as árvores dançarem. De repente, um grande tronco cai no chão. Zedu me empurra e caímos em um grande barranco. Naquele momento não senti nada, apenas fiquei preocupado em morrer, tentava parar de rolar barranco abaixo, mas era impossível. Consegui ver o Zedu de relance caindo também e batendo a cabeça várias vezes, na hora protegi a minha com as mãos. Era mato, pedra, barro e até lixo. Quando paramos fiquei sem ar. Olhei para as minhãs mãos e pés, tudo tava no lugar.

Yuri: (correndo até Zedu) – Zedu. Zedu. (colocando Zedu nos braços) – Acorda. Zedu.

Guia: (tentando visualizar Zedu e Yuri. Gritando) – Vocês estão bem? Garotos?!!

Yuri: (desesperado) – Socorro. Meu amigo tá inconsciente!!! Nos ajudem!!! Zedu. Acorda, por favor. Zedu.

Guia: (gritando) – Vocês precisam sair dai!!! Tem jacaré!!! Saiam daí. Vou buscar ajuda. (sai caminhando com dificuldade)

Yuri: - Vá buscar ajuda! (Olhando uma placa no chão) – Cuidado com os jacarés. (olhando em volta e vendo várias animais)

Zedu: (acordando) – Yuri. O que aconteceu? Que chuva é essa? (tentando levantar)

Yuri: - Não se mexa.

Zedu: - Porquê? (olhando e se assustando com os animais) – Yuri.

Yuri: - O que vamos fazer?!

Zedu: (olhando para o braço) - A gente tá sangrando. O sangue tá chamando a atenção deles.

Yuri: - O que vamos fazer?!

(Jacarés se aproximando de Yuri e Zedu)

Zedu: (levantando e pegando na mão de Yuri) – Corre!!! (correndo para o outro lado do barranco)

Yuri: - O que vamos fazer?!

Zedu: - Não podemos voltar pelo mesmo caminho. Vamos subir por aqui. Vai. (ajudando Yuri a escalar um barranco)

Yuri: (dando a mão para Zedu) – Vem. (erguendo Zedu)

Zedu: (subindo, jacaré mordendo o pé de Zedu e arrancando o tênis) – AAAHHHH!!!!

Yuri: - Não. (segurando Zedu com força)

Zedu: - (gritando)

Yuri: - Vamos subir. Eles estão tentando ir por aquele caminho.

Zedu: (tentando se manter forte, mas não conseguindo) – Ele mordeu meu pé.

Yuri: - Eu sei. (pegando no rosto de Zedu) – Eu sei. Mas precisamos subir e alcançar o outro lado antes deles.

Subimos com dificuldade e alcançamos o topo do barranco, mas a terra começou a ceder e fomos lançados em mais um barrando. Dessa vez não doeu tanto, mas não foi fácil. Caímos em um rio e a correnteza nos levou, consegui ver vários jacarés no trajeto. Com dificuldade consegui nadar até Zedu. Bati várias vezes em pedras que estavam no meu do caminho, uma delas me acertou na costela, eu apaguei por poucos segundos, e quase me afoguei, mas Zedu me puxou. A velocidade da água era muito grande.

Zedu: - Nós vamos morrer!!!

Yuri: - Para com isso. (Tirando uma das camisetas e amarrando na mão de Zedu)

Zedu: - O que você tá fazendo. (sendo puxado para de baixo d'água)

Yuri: - Ze... (mergulhando e puxando Zedu novamente)

Zedu: (emerge desesperado e se debatendo)

Yuri: (segura o rosto de Zedu) -Se acalma. Eu tô aqui. Não se preocupa.

A chuva só piorava. O Guia chegou com dificuldade na administração, a minha tia se assustou ao ver a perna do homem quebrada. Ele sentou e avisou o que havia acontecido. O chefe do Parque ligou imediatamente para o Corpo de Bombeiros, a minha tia saiu correndo em direção a trilha e foi impedida por Carlos.

Carlos: (abraçando Olivia) – Você não pode ir.

Olivia: (se debatendo) – Eu preciso ir. Me solta é meu sobrinho. Me solta (chorando)

Carlos: - Você não pode fazer nada. Deixa a ajuda chegar.

Olivia: (se ajoelhando no chão) – Yuri!!!

(Trovão)

Giovanna e Diogo chegaram, viram a tia Olivia chorando jogada no chão e correram para ver o que havia acontecido.

Giovanna: (chegando ofegante) – O que aconteceu com o Richard?

Carlos: - Não foi o Richard.

Giovanna: (se desesperando) – Quem?

Olivia: - O Yuri. Ele caiu no rio cheio de jacaré.

Giovanna: - Tia. (chorando e abraçando Olivia) – Tia... cadê meu irmão.

Richard: - É culpa minha?!

Carlos: - Não. Não. (levando Richard de volta para o escritório) – Ei. Você precisa ficar aqui com o Chico. Lá fora tá chovendo muito e você pode ficar resfriado. Espera aqui. Ei, você pode arrumar uma toalha? Ele tá todo molhado.

Secretaria: (levantando) – Claro. Essa chuva só piora. (olhando pra janela) – Espero que não tenha acontecido nada com os jovens.

Olivia: (sendo amparada por Diogo e Giovanna)

Giovanna: - Senta aqui, tia.

Olivia: - Eu não quero sentar. A gente precisa ajudar ele.

Carlos: (pegando no rosto de Olivia) – Amor. Você precisa ser forte. Precisamos avisar aos pais do amigo dele também.

Giovanna: - O Zedu também. (chorando) – Isso não tá acontecendo.

Eu e Zedu tentávamos alcançar a margem, mas a correnteza era forte demais. Depois de muito tentar conseguimos. Ficamos deitados na lama por alguns segundos. O Zedu pulou com medo dos jacarés, ele ficou realmente traumatizado. Quem não ficaria? Eu o acalmei e ajudei ele a andar.

Zedu: - Vamos sair daqui, por favor, por favor. Eu te imploro.

Yuri: - Calma. (segurando Zedu) – Vamos para uma parte alta.

Zedu: - Deve ter jacaré por aqui. Vamos. (deixando um rastro de sangue)

Yuri: - Vamos.

Andamos para dentro da floresta. O lugar era mais fechado, mas acho que não estávamos tão longe do Parque, na verdade a gente ainda estava no Parque, mas em uma parte mais densa.

Yuri: (sentando Zedu) – Ei. Deixa eu ver essa perna. (se assustando) – Oh Deus.

Zedu: - Ele fez um estrago. Vai embora. Antes que apareçam outros.

Yuri: - Ei. Para de falar merda. A gente vai ficar bem. O guia vai falar para as autoridades e alguém vai resgatar a gente. (levando Zedu para uma parte mais alta)

Zedu: - Yuri, espera. (andando com dificuldade) Eu não vou conseguir andar Yuri. Não vou. (sentando)

Yuri: - Já viu o meu tamanho? Eu te carrego fácil. (tirando uma das blusas) – A gente precisa só dar um jeito de estancar esse sangue. (rasgando a blusa em várias partes)

Zedu: - Espera. Tem algo para eu morder. Não quero parecer frouxo.

Yuri: - Zedu. Estou com tanto medo quanto você. Você não está sendo frouxo. (se segurando para não chorar) – Vamos passar por isso juntos. (tirando um lenço do bolso) – Morde isso.

Zedu: (colocando o lenço na boca)

Yuri: (amarrando o pano na perna de Zedu)

Zedu: (grito abafado) – AAAAAAAAHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Os bombeiros chegaram para realizar as buscas, o Carlos e o Diogo foram com eles. Ao chegarem no barranco eles avistaram o tênis de Zedu encharcado de sangue.

Bombeiro: - Vocês conhecem aquele tênis?

Diogo: - O... o... meu... o meu.... O meu colega tava usando. É um tênis de corrida. (olhando para o Carlos)

Carlos: - Calma. (pegando no ombro de Diogo)

Bombeiro 2: - Senhor. Ouve um deslizamento naquele barranco de trás. E tem marcas de pegadas. Acho que eles conseguiram subir, mas devem ter sido arrastados pelo barro e caído no rio. Já acionamos ajuda aquática.

Carlos: - Tem algo que podemos fazer?

Bombeiro: - Ter fé. Mas só os fatos deles escaparem, já é algo positivo. Saldado?

Bombeiro 2: - Sim, chefe.

Bombeiro: - Tentem pegar aquele tênis. E verifiquem a área. E liguem para o Ibama parece que tem um macaquinho com uma das patas quebradas.

Os pais de Zedu chegaram após a minha tia ligar. Ulisses e Teodora estavam chorados e ficaram desesperados quando viram o tênis do filho.

Teodora: - Comprei esse tênis para ele ontem. (chorando)

Olivia: (chorando)

Ulisses: - Calma, amor. Por favor.

Teodora: - Como eu posso ter calma? Como? O nosso filho perdido e preso dentro dessa floresta? (andando de um lado para outro)

Guia: - Foi tudo muito rápido. A árvore desabou e eles caíram no barranco. Tentei chegar o mais rápido possível, mas não consegui.

Paramédico: - Precisamos levá-lo.

Paramédico 2: - A ambulância está pronta.

Ramona e Letícia voltaram do salão de decidiram lanchar na padaria. A donna Helena, proprietária de uma panificadora conhecida no bairro. As minhas amigas não perderam tempo e seguiram para o Parque. Elas nem se importaram com os cabelos que haviam acabado de fazer.

Ramona: - Estou tentando ligar para o Zedu e nada.

Letícia: - O Yuri também não atende. Será que aconteceu alguma coisa?

Ramona: - Espero que não. Ei, avisamos o Brutus?

Letícia: - Manda uma mensagem. Ele deve saber sim.

Os bombeiros iniciaram as buscas, mas por causa da chuva, estava tudo sendo feito com cautela. Eu e Zedu nos abrigamos dentro da floresta, mas as coisas não estavam fácil, pela primeira vez eu senti frio em Manaus. O Zedu estava tremendo também. Ficamos sentados de baixo de uma árvore.

Zedu: - Quero me desculpar.

Yuri: - Porquê?

Zedu: - Por ser um babaca com você e por não ter sido mais duro com o Brutus. Ele foi um babaca.

Yuri: - Pelo menos você não se afastou.

Zedu: - Eu não poderia. Você é o meu melhor amigo.

Yuri: - Zedu?

Zedu: - Oi, Yuri?

Yuri: (colocando a cabeça no ombro de Zedu) – Estou com medo.

Zedu: - Eu também.

Yuri: (fechando os olhos)

Brutus recebeu a informação e ficou muito preocupado, mas decidiu não ir até o Parque. Ele ligou a TV e o noticiário já falava sobre o nosso desaparecimento. João e Lucas dois idiotas ficaram felizes com a notícia.

João: - Todos os gays deveriam desaparecer.

Lucas: - O mundo seria um lugar muito melhor sem os gays. (rindo)

Brutus: - Vocês são idiotas. (saindo de perto)

João: - Xi, Brutus. Tá com peninha do Yuri?

Brutus: - Estou. Acima de tudo ele é um ser humano.

João: - Ah. Vai ficar do lado do maricas?!

Brutus: - Não. Eu.

Lucas: - Uma pena se ele morrer. Nem vamos fazer o trote.

Brutus: (entrando no banheiro e se olhando no espelho)

Manaus – Cinco meses Antes

Brutus: - Ei, grandão. Acha que essa roupa tá legal para seduzir a Ramona?

Yuri: - Não.

Zedu: - Assim tú vai assustar a menina.

Yuri e Zedu: (rindo)

Yuri: - Não, Brutus. Deve ter algo no teu guarda-roupa que não te deixe com cara de caminhoneiro. (abrindo o guarda-roupa de Brutus) – Deixa eu ver.

Brutus: (tirando a camisa) – É muito complicado esse negócio. As pessoas deveriam gostar da gente do jeito que somos.

Yuri: - Esse é o problema das pessoas. Elas sempre acham que precisamos ter um atrativo.

Zedu: - Ainda bem que não preciso de atrativos, já nasci com eles. (rindo)

Brutus: (jogando um pente em Zedu e rindo)

Yuri: - Experimenta esse. (entregando roupas para Brutus)

Brutos: - Obrigado. (tirando a blusa e a calça) - Estaria perdido em ajuda de vocês.

Manaus – Atualmente

Já haviam passado quase cinco horas. Eu já estava cansado de esperar ali, a chuva diminuiu, mas queria ir para casa. O Zedu também parecia estar sofrendo por causa da perna, então decidi traçar um plano.

Yuri: - Subimos o rio pela margem.

Zedu: - E os jacarés?

Yuri: - É um risco. Se a gente for por dentro da floresta podemos nos perder... quer dizer... nos perder mais ainda.

Zedu: - Eu sou um peso morto. Se você me deixar aqui... você... você... pode achar ajuda.

Yuri: - Para!!! (gritando e assustando Zedu) – Eu... não... não... deixar você não é uma opção.

Zedu: (chorando) – Olha para mim, Yuri. Não posso te ajudar. Eu... eu...

Yuri: (dando um tapa na cara de Zedu)

Zedu: (pegando no rosto)

Yuri: (calado)

Zedu: - Obrigado.

Yuri: - Vamos manter a calma. Daqui a pouco vai anoitecer. Precisamos buscar abrigo.

Zedu: - Tudo bem.

Yuri: (Yuri desceu até a margem do rio, pegou um graveto e escreveu no barro em letras grandes) – ESTIVEMOS AQUI. FOMOS NESSA DIREÇÃO (apontando com uma seta) – Por favor, achem isso. (pregando o graveto no chão e colocando um pedaço de pano)

Com muita dificuldade, Ramona e Letícia conseguiram entrar no Parque. Elas encontraram Diogo na entrada da administração do Parque. Ele contou tudo o que havia acontecido e sobre as buscas. As meninas viram o Richard e Giovanna sentados em um banco.

Giovanna: (correndo e abraçando Letícia) – Meu irmão vai morrer. (chorando)

Letícia: - Calma. Vai dar tudo certo querida.

Ramona: (abraçando Richard) – Vocês estão ensopados.

Olivia: - Meninas. (abraçando as duas)

Letícia: - Viemos assim que contaram para gente. E as buscas?

Olivia: - A chuva deu uma trégua. Eles vão tentar descer o rio. Eu e os pais do Zedu fomos com eles.

Ramona: - E as crianças?

Olivia: - Eu queria falar com vocês. (chorando, parando de chorar e respirando) – Será que vocês poderiam levar eles pra casa?

Diogo: - Podemos levar sim.

Carlos: - Oi, meninas. (acenando com a cabeça) – Eles vão sair já.

Olivia: (se abaixando e falando com os sobrinhos) – Ei. Vai dar tudo certo. Vamos voltar com o Yuri. (pegando a carteira, tremendo) – Aqui... aqui... tem um dinheiro...

Letícia: - Não precisa. A gente tem aqui. (com os olhos cheio de lágrimas)

Ramona: - Sim. Não se preocupe Olivia. Vamos cuidar bem deles. Vamos? (pegando no ombro de Richard)

A minha tia, o Carlos e os pais de Zedu partiram com as equipes de resgate. Eles desceram pelo rio, mas precisavam parar para verificar cada área daquela região.

Teodora: - Se eles caíram daquele barranco... (chorando) – Será que não se afogaram?

Olivia: - Não fale isso. Eles não morreram. Eu não permito. (abraçando Carlos)

Carlos: - A gente precisa ter paciência. Encontrar eles não vai ser fácil. (olhando um helicóptero que sobrevoava a área)

Eu e Zedu caminhávamos em passos lentos. O meu amigo estava muito debilitado, pedia para parar de 100 em 100 metros. Eu agradecia, porque, eu ficava muito cansado também. Carregar o meu peso e o dele. Fora que as dores no meu corpo começaram a aparecer, as minhas costas estavam muito doloridas.

Zedu: - Sabe. Você é a única pessoa que eu queria passar por uma situação desse.

Yuri: - Eu também.

Zedu: - E o Diogo?

Yuri: - Ele... ele não é você. Você foi a primeira pessoa que falou comigo. Você é minha pessoa. (passando o braço em volta do pescoço de Zedu)

Zedu: - Será que vão achar a gente rápido?

Yuri: - Espero que sim. Eles precisam.

Zedu: - Vou descansar um pouco. (encostando sua cabeça em Yuri)

Yuri: (chorando)

Zedu: - O que foi?

Yuri: - E se o Richard morreu?

Zedu: - Ei. Ele tá bem. (encostando o rosto no rosto de Yuri) – Vai dar tudo certo. A gente vai conseguir.

Em casa, Letícia, Ramona e Diogo tentavam distrair meus irmãos de todas as maneiras, mas até eles estavam tristes e não conseguiam evitar.

Ramona: - Eles estão bem. Os dois são inteligentes, né?

Diogo: - Sim. Eles vão voltar sãos e salvos. Só quero abraçar meu gordinho e dizer que tudo vai ficar bem.

Letícia: (entrando) – Oi?

Ramona: - Eles estão tomando banho?

Letícia: - Sim.

Diogo: (levantando) – Então, eu vou lá em casa, os meus pais me ligaram. Se quiserem eu trago algo para a janta.

Ramona: - A gente cozinha aqui mesmo. Você vem dormir aqui, né?

Diogo: - Sim. Não vou deixar vocês sozinhas.

Letícia: - Vamos logo na cozinha, Ramona. A gente verifica o que pode cozinhar.

A noite começou a deixar a floresta mais escura, mas conseguimos encontrar uma velha estrutura e nos abrigamos nela. Parecia ser uma ponte velha, esvaziei os meus bolsos e achei alguns bolinhos. Dei um para o Zedu e comi outro, guardei o resto para comer em outro momento.

Zedu: - Obrigado.

Yuri: (rindo)

Zedu: - Qual a graça?

Yuri: - Quando você não se desculpa, você agradece. Desculpa, besteira da minha cabeça.

Zedu: (tirando um MP3 do bolso) – Será que ainda funciona?

Yuri: - Nossos celulares morreram, então acho que isso também.

Zedu: (ligando e o mp3 funcionando) – O que você disse?!

Yuri: - Cala a boca.

Zedu: - Quer ouvir música?

Yuri: - Deixa eu ver na minha agente. Claro, tenho um tempo livre. (se aproximando de Zedu) – Nossa. Você tá quente. Amanhã cedo a gente precisa se livrar dessa floresta.

Zedu: - Pode apenas aproveitar a música comigo?

Yuri: - Tá papai.

Zedu: - Vamos de modo aleatório? (olhando para Yuri)

Yuri: - Sempre.

Zedu: (dando play)

Te vejo errando e isso não é pecado

Exceto quando faz outra pessoa sangrar

Te vejo sonhando e isso dá medo

Perdido num mundo que não dá pra entrar

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Lembrei da primeira vez que vi Zedu e de tudo o que passamos até aquele momento. Ele me olhava e não falava nada. Lembrei da bolada e da hora que abri meus olhos e o vi na minha frente. Das vezes que ele foi em casa. Imaginei aquele sorriso perfeito, aqueles olhos castanhos maravilhosos. Ele estava ali na minha frente. E um misto de emoções tomou conta de mim.

Yuri: - Eu. Eu sempre gostei de você.

Zedu: - Eu também.

Yuri: - Não Zedu. Eu sempre gostei de você. De outra forma.

Zedu: (deixando uma lágrima escorrer) - Eu também, Yuri. (aproximando o rosto com o de Yuri)

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Você está saindo da minha vida

E parece que vai demorar

Se não souber voltar

Ao menos mande notícia

Cê acha que eu sou louca

Mas tudo vai se encaixar

Tô aproveitando cada segundo

Antes que isso aqui vire uma tragédia

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Meus irmãos não conseguiram dormir naquela noite. Richard se sentia culpado por tudo que havia acontecido. O meu irmão caçula foi ao quarto de Giovanna que chorava lembrando das vezes que foi grossa com Yuri.

Richard: - Giovanna.

Giovanna: - Oi?

Richard: (abraçando a irmã)

Giovanna: - A culpa não é sua Richard. (chorando e abraçando o irmão)

Brutos assistia ao noticiário que relatava o sumiço de Zedu e Yuri. João e Lucas começaram a fazer brincadeiras sobre o nosso desaparecimento. Brutus saiu da sala e voltou ao banheiro. Ele começou a chorar.

Brutus: - Desculpa, amigos. Eu sou fraco. Eu não consigo.

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E não adianta nem me procurar

Em outros timbres, outros risos

Eu estava aqui o tempo todo

Só você não viu

E não adianta nem me procurar

Em outros timbres, outros risos

Eu estava aqui o tempo todo

Só você não viu

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O responsável pela operação avisa que eles vão parar de procurar. Olivia e Teodora se desesperam. Abraçadas as duas choram muito.

Teodora: - Precisamos ter fé.

Olivia: - Eu tenho. Eu tenho. (abraçando Carlos)

Carlos: - Vai dar certo. A gente vai encontrar esses meninos. (beijando a testa de Olivia que desmaia)

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Você tá sempre indo e vindo, tudo bem

Dessa vez eu já vesti minha armadura

E mesmo que nada funcione

Eu estarei de pé, de queixo erguido

Depois você me vê vermelha e acha graça

Mas eu não ficaria bem na sua estante

Tô aproveitando cada segundo

Antes que isso aqui vire uma tragédia

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Naquele momento eu já não me importava com nada. Se eu fosse morrer eu faria aquilo. Aproximei a minha boca na de Zedu, esperei ele recuar, mas não. Nós nos beijamos e aquilo não era um sonho ou uma fantasia. Eu havia beijado o Zedu. Começamos a intensificar os beijos. Ele começou a passar a mão no meu corpo, eu comecei a beijar seu pescoço, além de passar a mão naquele Deus grego.

Zedu: - Yuri... (Beijando Yuri)

Yuri: - Não. Não fala nada. Apenas me beija. (beijando Zedu)

Zedu: (tirando a camiseta)

Yuri: (passando a mão no peitoral de Zedu e o olhando quase não acreditando)

Zedu: - Você não sabe o quanto eu esperei por isso.

Yuri: (beijando Zedu)

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E não adianta nem me procurar

Em outros timbres, outros risos

Eu estava aqui o tempo todo

Só você não viu

E não adianta nem me procurar

Em outros timbres, outros risos

Eu estava aqui o tempo todo

Só você não viu

Só por hoje não quero mais te ver

Diogo encontrou Alicia perto da casa de Yuri. Ele parou e perguntou o que ela estava fazendo aquele horário na rua. Ela falou que estava indo até a casa de Zedu, mas não havia ninguém lá.

Alicia: - Estou tão preocupada.

Diogo: - Entra. Vou te dar uma carona até em casa.

Alicia: (entrando no carro)

Diogo: - Você mora onde mesmo?

Alicia: - Dom Pedro, mas me deixa na Djalma, eu pego qualquer ônibus.

Diogo: - Não. Relaxa.

Alicia: - Será que eles estão bem?

Diogo: - Estão sim. Eles são amigos, eles vão conseguir. E quando voltarem, nós teremos os nossos namorados ao nosso lado.

Alicia: - Assim eu espero. (chorando)

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Só por hoje não vou tomar minha dose de você

Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam

E essa abstinência uma hora vai passar

Dhiego Ramos
Enviado por Dhiego Ramos em 01/08/2019
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