Q.B. - QUERO BEIJAR A NOIVA! - PARTE 16

XVI - QUERO BEIJAR A NOIVA!

And when the preacher said: “Is there anyone here

Gotta reason why they shouldn’t wed?”

“Kiss the bride” – (Álbum Too Low For Zero – 1983)

Em pouco mais de meia hora, Elton, Renate e John Reid estavam entrando no prédio da JRE. Nunca escapava de um ou outro fotógrafo esperto estar sempre por perto para algum flash surpresa.

Quando entraram no escritório de John, Chris Thomas e Bernie já estavam lá. Este último sentado confortavelmente à mesa do empresário com os pés sobre ela, todo vestido em napa preta, casaco e calça sobre a camisa cor de rosa choque. Tinha um brinco de brilhantes na orelha esquerda e os cabelos compridos soltos, o que não era seu costume ultimamente.

- Boa tarde! – falou Elton, olhando para ele com certa admiração. – De que filme de James Dean você saiu, Bern?

- James Dean não usava napa, parceiro, usava couro sobre a camiseta coladinha no corpo... branca.

- Tudo bem, um James Dean mais moderno, mas sempre um James Dean. A atitude você herdou dele.

- Tire os pés da minha mesa, Taupin! – falou John, incisivo, colocando a valise sobre ela.

- Estava bom até agora... Bernie disse, sentando-se direito e olhou para Renata. – Oi, cunhada!

- Oi, Bernie, Renate respondeu, sorrindo.

Elton ajeitou uma cadeira para ela que se sentou. Depois ele mesmo sentou-se ao lado dela, diante de Chris. John ficou em pé esperando que Bernie saísse de sua cadeira. O letrista só se deu conta de onde estava porque Elton lhe fez um sinal. Ele olhou para John e levantou-se.

- Desculpa... É toda sua.

Ele ajeitou e fingiu limpar a cadeira, afastando-se; John sentou-se.

- Que deu em você, Taupin? Pra mim você não cheirava mais... Bebeu? Síndrome dos anos cinquenta em pleno 84? – John perguntou.

Elton, Chris riram. Bernie apoiou as mãos na mesa e respondeu incisivo:

- Eu não preciso mais disso pra ser eu mesmo.

- Por que essa atitude então? – perguntou Elton a sério. – A quem você quer provocar?

- Ninguém! Estou vestido a caráter. Deu saudade dos meus tempos de adolescência em Market Rasen, falou ele, sentando-se na cadeira ao lado de Chris, diante de Renate. – A gente não vai entrar no ramo dos comerciais de jeans? Quem sabe eu chame a atenção de algum industrial do ramo de couro e derivados?...

Elton franziu as sobrancelhas e olhou para John.

- Como é o negócio?

- Bem, vamos começar do início... disse o empresário.

- Decisão inteligente, ironizou Bernie.

- Você está bem, Bernie? – Elton perguntou, estranhando as atitudes do parceiro, no seu entender um pouco rebeldes demais até para ele.

- Eu? Maravilhoso! Nunca estive melhor.

- Você quer explicar pra ele? – John perguntou.

- Deixa?

- Por favor... John respondeu, encostando-se ao espaldar da cadeira, apoiando o rosto na mão e dando-lhe a vez.

- Bom, o presidente da Sasson Jeans contratou a JRE pra fazer um anúncio pra empresa dele. Ou seja, uma de nossas músicas vai se tornar jingle promocional dos produtos da Sasson, com você, Elton John, cantando o jingle e tudo. Não é fantástico?

Elton continuou sério, cruzou os dedos das mãos, segurando o joelho e respirou fundo.

- No que isso é bom pra nós?

- Ele vai patrocinar a turnê. Em troca, nós promovemos o “peixe” dele.

- E que música vai promover?

- Adivinha!

Elton não precisou pensar muito; olhou para John e Chris e disse:

- “Sad songs”?

- Sasson says so much! – cantou Bernie.

- Uma das letras mais bonitas que você já fez pra mim... falou Elton, pensativo.

- Quem manda você ser comercial, parceiro, brincou Bernie, rindo em seguida.

- Nesse caso quem foi comercial foi você. É a letra que combina com o nome do produto. Eu não tenho nada a ver com isso.

- Ele diz que vocês têm outras canções que caberiam bem em outros tipos de jingle, falou John.

- Quais, por exemplo?

- “Tiny Dancer”.

- “Tiny Dancer”? – Bernie perguntou, franzindo as sobrancelhas.

- Blue Jean Baby... foi a vez de Elton cantar, rindo também.

- Ah, não, essa não!

- Ficaria bonitinho, se a canção não fosse tão antiga, falou Chris.

- Justamente por isso, ele não está pensando em usá-la.

- Ele quem? Como é o nome do cara? – Elton perguntou.

- Stephen Wayne, John respondeu. – E você não é o único contratado por ele. Há outros artistas ligados a nós que vão entrar no jogo. Ele pensou também em “Kiss the Bride” porque o clipe sugere também o jeans.

- Eu vou entrar também na produção de clipes, falou Bernie, rindo debochado. – Tudo que eu escrevo agora sugere propaganda de alguma coisa! Se a gente quiser dá até pra usar “Who wears these shoes” como jingle de sapatos; “Li’l refrigerator” como anúncio de refrigerador e “Did he shoot her?” como chamativo pra armas de fogo, já imaginaram?! Vou me sentir realizado!

- Você parece não ter gostado da ideia, Elton perguntou. – Estou enganado?

- Sei lá, gostei... Mas se esses caras se acostumam, você vai acabar virando garoto-propaganda da MTV. Eu penso que pra uma primeira vez, tudo bem, a gente entra no negócio e vê no que dá, mas não acho bom deixar margem pra que eles pensem que podem sempre estar acenando com o dedo e chamando a gente pra esse tipo de coisa. A menos que você queira ficar tão famoso quanto a Madona, se é que você me entende...

- O Michael Jackson fez propaganda pra Coca-Cola, não fez? E ele vive se escondendo do mundo feito um eremita, coisa que eu não faço. Por que não posso ser acessível uma vez na vida? Eu já fui o principal responsável pela vendagem dos óculos Cartier no meado da década passada. Recebi até prêmios por isso! Que mal há em vender jeans? Eu não uso, mas... não tenho nada contra quem o faz; acho até bonito. E, não querendo reclamar da vida... uma turnê como essa não é nada rentável. É mais dispendiosa que lucrativa. Eu faço mais praticamente pelo prazer de estar no palco, pelo gosto de ver gente diferente e tocar pra essa gente. E como essa eu pretendo que seja a última...

Elton segurou a mão de Renate e olhou para ela. Bernie encostou-se na cadeira e sorriu, irônico.

- Você não acredita, Bern?

- Se você prometeu isso pra Renate, talvez eu acredite. Se você prometeu isso ao mundo e a você mesmo... só vou acreditar quando ler a sua carta de aposentadoria.

Renate apoiou o rosto na mão e olhou para o marido, sorrindo. Elton olhou para ela pelo canto do olho e esboçou um sorrisinho maroto.

XVI - QUERO BEIJAR A NOIVA – PARTE 16

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

VAMOS SAIR DESSA MAIS FORTES!

SAÚDE E PAZ AO MUNDO!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 06/04/2020
Código do texto: T6908036
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