QUEBRANDO BARREIRAS - GELO NO FOGO - PARTE 24

XVIII - GELO NO FOGO (ICE ON FIRE)

“You can’t shoot down the moon, some things never change…

...You can build a bridge between us, but the empty space remains.”

“Shoot down the moon” – do Álbum “Ice on Fire” de 1985

Elton ficou olhando para Renate, sabendo que havia tempestade a vista.

- Eu teria deixado o Bob aqui pra levar você ao clube também.

- Muito convincente. Por que não deixaria o John? Ele estava com você? – ela perguntou, erguendo-se da cama e afastando-se.

Elton cruzou as mãos e apoiou o queixo nelas. Viu-a entrar e sair do banheiro, arrumar os cabelos e ir deitar-se, virando-se para o lado oposto. Minutos depois, ele estava fazendo o mesmo e aproximou-se dela, dizendo:

- Vou pro meu quarto também...

- Boa noite! - ela respondeu, sem mudar de posição.

Aborrecido com aquela atitude dela, Elton não iria engolir um banho de água gelada daqueles no rosto, sem conversar, nem que fosse para brigar. Não tinha feito nada de mais, pelo menos que lhe doesse a consciência.

- Quer me dizer exatamente o que foi que eu fiz de tão errado, senhora John? – ele perguntou, em voz baixa, mas decidida.

Ainda virada para o outro lado, Renate continuava quieta, mas acordada. Não respondeu. Sua respiração demonstrava que estava bem nervosa.

Ele respirou fundo e tocou seu braço.

- Renate! Não me deixa falando sozinho...

- Não me toca! – ela disse, voltando-se bruscamente. – Eu não quero mais conversar. Estou cansada! Quero só dormir. Boa noite! Vá pro seu quarto.

Ele ficou ainda mais mordido. Estava sendo tratado como sua mãe o tratava.

- Quer parar de me tratar feito lixo e falar comigo direito, Renate!? Com o que realmente você está aborrecida?

- Eu não estou aborrecida. Estou só cansada, já disse.

- Eu também estou cansado e nem por isso estou tratando você como se fosse um balde de gelo! Pra uma primeira noite depois de dez dias longe de você, isso aqui está parecendo um filme de Woody Allen! O que te aborrece é que eu gasto meu sábado com o Watford? Se é isso, me desculpe, meu bem, mas ele chegou antes de você e dele eu não abro mão!

- Pois fique com ele! – ela falou, erguendo-se. – Com todos eles! Por que você não dormiu lá?

Elton sentiu o sangue ferver, mas conteve-se com muito custo.

- Até que não seria uma má ideia, ele disse. – Já fiz isso várias vezes mesmo... Pelo menos a minha noite seria bem mais divertida.

Renate sentiu vontade de esbofeteá-lo, mas percebeu que Elton só dizia aquilo para magoá-la por estar se sentindo magoado também. Sentou-se na cama e ajeitou o travesseiro atrás dela. Começou a chorar. Aquilo deixava Elton aflito.

- Por favor, Renate, pare com isso... não chore, ele pediu. – Você está chorando por nada!

- Isso que você disse é tão cruel!

- Cruel? Cruel é você ficar fazendo cenas de ciúme por causa de um time de futebol. O que eu disse pode até ser contra a ética, mas é a minha verdade e você sabe disso. Não é novidade. Cansei de treinar com eles e me concentrar com o time antes de uma partida importante, desde antes de ser presidente de fato.

- Eu sei, eu sei, eu sei de tudo isso... Mas eu ouvi tanta coisa a esse respeito enquanto estive fora que...

Ela começou a soluçar baixinho e escondeu o rosto nos joelhos, abraçando as pernas.

Elton compreendeu tudo e sentou a seu lado, passando o braço em volta dos ombros dela, puxando-a para si. Renate não reagiu. Deixou-se abraçar e encostou a cabeça no peito dele.

- Me dê um filho, Renate, ele disse, baixinho. – Por favor, me dê um filho... antes que tudo isso acabe com a gente e enlouqueça nos dois.

- Eu não posso nem pensar em você voltando àquela vida, Elton. Cada vez que eu fico longe de você é como... É como se alguma coisa errada estivesse acontecendo.

- Você não confia em mim... ele disse, magoado.

- Confio... quando estou com você aqui em Londres ou em qualquer lugar do mundo, mas...

- E o que você imagina que eu faça quando você está longe? Acha que eu promovo festinhas da pesada aqui em Crimphill para antigos... “amigos”? Acha que eu trago a todos pra dormir aqui comigo?

- Pare de falar disso, por favor! - ela gemeu.

Ele calou-se. Abraçou-a mais forte e sentiu as lágrimas começarem a descer por seu rosto, silenciosas.

- Eu fiz uma opção quando me casei com você. Foi consciente e adulta. Não fui forçado nem coagido muito menos iludido. Não me faça ficar inseguro a seu respeito... ou a meu respeito... novamente... Eu quero um filho! Um só que seja e eu vou te provar que nada daquilo vai voltar mais.

Ele a beijou. Nenhum dos dois falou mais nada.

XVIII – “GELO NO FOGO” – PARTE 24

É OUTONO AINDA, MAS ELE VAI SER AMENO...

SAÚDE, RESPEITO E PAZ AO MUNDO!

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 26/05/2020
Reeditado em 26/05/2020
Código do texto: T6958434
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