LEO - ILUSÃO OU MENTIRA - CAPÍTULO 6

CAPÍTULO VI – ILUSÃO OU MENTIRA?

Em seu quarto, Cristina estava deitada em sua cama e seus olhos estavam cheios de água. Ela não conseguia se conformar com o desaparecimento de Leo. Chegava mesmo a duvidar que tivesse mesmo visto o rapaz. Mas como explicar tudo que tinha conversado com ele? Não estava dormindo, portanto não foi sonho e na sua cabeça estava tudo tão nítido, tão claro!

Ela sentiu a maçaneta da porta se mover e fingiu que estava dormindo. Era Gilda que tinha ido até seu quarto para chamá-la para jantar. Ao ver a filha dormindo, ficou com pena de acordá-la e apanhou um cobertor, cobrindo-a com cuidado. Em seguida lhe deu um beijo no rosto e saiu do quarto em silêncio.

Foi para a cozinha, onde Bruno estava jantando. Sentou-se à mesa preocupada.

- E ela? – Bruno perguntou, devorando com gosto uma coxa de galinha.

- Dormiu... sem jantar.

- Dormiu? A essa hora? Não são nem oito horas, mãe. A Cris não está bem.

- Eu também acho. Ela está estranha desde que esteve no casarão do Samuel...

- Aliás, eu ainda não entendi por que esse velho resolveu deixar pra você aquela casa velha... Ele não teve filhos?

- Teve... três.

- Então!

- Ninguém sabe onde eles andam, filho. Cada um tomou um rumo. Um deles... morreu jovem...

Ela encostou o rosto na mão e ficou olhando pensativa para o filho.

- E, desculpa perguntar, mas o que você era do velho? Protegida? A gente não tem nenhum parentesco com ele... ou tem?

- Não... nenhum... Ele só gostava muito de mim... só isso. Seu avô e ele eram grandes amigos.

- Você conheceu algum dos filhos dele? Devem ter mais ou menos a mesma idade que você.

Gilda sentiu-se constrangida em falar daquilo com o filho e levantou-se, indo para a pia.

- Muito pouco. Eles eram muito estranhos. Todos eles. Eu... não tinha muita intimidade...

- E o que você vai fazer com a casa, mãe? Vai alugar mesmo, morar lá ou o quê?

- Não sei, já disse, Bruno. Vender, alugar depois de uma reforma... Não sei...

- A gente podia transformar num barzinho retrô. O... Railroad bar! Que tal?

Gilda sorriu, virando-se e encostando-se na pia com o pano de prato na mão.

- É uma ideia. Não a perca de vista.

Na manhã seguinte, Bruno deixou Cristina na porta da escola, como todos os dias e na despedida, depois que ela o beijou, ele perguntou, vendo que a irmã ainda estava muito quieta:

- Maninha, você está legal?

- Tô ótima! – ela falou com um sorriso que não convenceu.

- O cara do casarão te balançou, não é?

Ela não respondeu, apenas baixou os olhos e respirou fundo.

- Era tão especial assim? Mais bonito que o Ted?

- Você está tirando uma com a minha cara, Bruno. Não faz isso...

- Tá, desculpa, Crica, disse ele, abraçando-a. – Só que eu não gosto de te ver jururu assim. Você querendo, a gente pode ir até lá, hoje à tarde, pra verificar. Que tal?

Ela pensou um pouco e respondeu:

- Não, não vale a pena. Eu já vi que deve ter sido uma ilusão minha. O ambiente da casa, o mistério... a penumbra que tinha lá dentro, devem ter me confundido a cabeça. Eu sou muito boba e romântica. Eu vivo imaginando coisas, ilustrando muito tudo que vejo ou sinto... Deve ter sido mais um sonho meu.

Ele sorriu, acariciando seu rosto.

- Você deveria escrever um livro.

Ela sorriu também.

- Tchau, Bu. Te vejo à tarde.

- Tchau, gata. Vê se levanta esse astral.

Cristina entrou no colégio e ele foi embora para a faculdade.

Mas a garota não entrou na aula. Quando viu que o irmão já estava fora do alcance, saiu novamente da escola e pegou um táxi. Estava disposta a desvendar de vez aquilo que a atormentava. Alguém tinha que saber sobre aquele rapaz em algum lugar por perto daquela casa e ela tinha que descobrir quem ele era.

Pagou o táxi, já em frente a casa, entrou e fez o mesmo ritual: abriu as cortinas e achou melhor subir direto para olhar o quarto de Leo, antes de perguntar alguma coisa a alguém. Podia ser que ele tivesse resolvido voltar e explicar tudo ele mesmo.

Abriu a porta do quarto com certa apreensão e sua surpresa foi grande. Tudo estava limpo e novo outra vez. Um sorriso de alívio apareceu em seu rosto ao vê-lo sentado ao piano tocando uma canção antiga. Ele parou, quando a viu entrar e virou-se para ela, calmamente.

- Oi, menina, você demorou...

Cristina aproximou-se dele e ficou olhando para ele como se não quisesse perder um detalhe de seu rosto. Um leve sorriso pairava nos lábios dele.

- Por que você sumiu? Pensei que não fosse voltar mais, ele disse.

- Mas eu voltei! Eu estive aqui ontem e anteontem e não encontrei ninguém... nem... o quarto... assim...

- Assim como? Ele sempre esteve assim. E eu sempre estive aqui.

Cristina não soube o que dizer no momento, só algum tempo depois conseguiu perguntar:

- Quem é você?

- Sua mãe não lhe disse, não é?

- Não. Por que tanto mistério? Ela disse ter conhecido você e que você não poderia estar aqui. Por quê? Por que eu vim ontem aqui e esse quarto...

Ela ficou olhando em volta e seus olhos se encheram de água.

- Quem é você? Se isso é uma brincadeira, fique sabendo que não estou achando nenhuma graça.

- Eu não estou brincando com você. Tudo que eu falei é verdade.

- O problema não é o que você falou. O problema é o que você não falou. Qual é o seu envolvimento com minha mãe?!

Leo ficou sério e se levantou; deu a volta no piano indo para mais longe dela.

- Se eu te contar... vai complicar sua cabeça.

- Você a ama, é isso? Vocês têm ou tiveram um caso? Se for, eu não me importo. Eu não gosto do Ivan mesmo.

- Ivan?

- É. O atual namorado dela.

- É, eu sei... Grande cara, ele falou sério e pensativo.

- Grande cara? Você o conhece?

- Cristina, estar aqui nessa casa pra mim não é tão agradável como você possa pensar. Eu só não quero que sua mãe alugue ou deixe qualquer outra pessoa morar aqui.

- Então por que você não fala isso pessoalmente pra ela!?

- Porque ela não... Ela não tem mais a sua idade... Não me entenderia.

- Eu é que não estou entendendo nada! Você parece ter um pouco mais que a minha idade e fala dela como se a tivesse conhecido há anos!

Leo ficou em silêncio, mas parecia querer lhe dizer alguma coisa.

- Eu vou embora daqui! – ela falou, zangada, indo para a porta.

- Cristina! – ele chamou.

Ela voltou-se e esperou. Ele foi até perto da escrivaninha. Abriu uma gaveta tirou dela um pacote. Aproximou-se dela e lhe entregou o mesmo.

- Tome.

- O que é isso?

- Cartas... São cartas. Leve e leia, mas não deixe de voltar aqui, por favor. Eu preciso de você.

Ela pegou o pacote e ficou olhando para o rosto dele. Parecia tão sincero.

- Seria tão mais fácil se você me dissesse o que está havendo, Leo.

- Não... é mais difícil do que você imagina.

Ela olhou para o pacote e ia saindo do quarto, mas ele tornou a chamá-la:

- Cris!

A moça fechou os olhos ao ouvir seu nome de novo e esperou. Leo estendeu a mão e pediu:

- Me dá sua mão.

Ela olhou para a mão dele e colocou a sua dentro dela. Pareceu estar tocando em cetim puro.

- Volta... ele pediu, olhando em seus olhos.

Cristina tirou a mão de dentro da dele e saiu do quarto. Correu escada abaixo, saiu da casa e nem sabe como conseguiu pegar outro táxi e voltar para a escola.

LEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEO

LEO – CAPÍTULO 6

“ILUSÃO OU MENTIRA?”

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

DEUS CONTINUE NOS PROTEGENDO

COM SEU ESCUDO DE MISERICÓRDIA!

BOA TARDE E OBRIGADA!

Velucy
Enviado por Velucy em 15/06/2020
Reeditado em 19/06/2020
Código do texto: T6978118
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.